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17 de setembro de 2025

Florada do café na primavera traz indícios do preço futuro – 17/09/2025 – Café na Prensa

Florada do café na primavera traz indícios do preço futuro – 17/09/2025 – Café na Prensa

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A primavera começa na próxima segunda-feira (22), às 15h19, mas talvez você nem perceba. Como dizia Rubem Braga –cronista que era defensor ferrenho da estação das flores–, notar a chegada desta época do ano, que em outros países é algo fácil e barato, no Brasil é um exercício fino. “O homem distraído não vê a primavera, pois não há neves que se derretam nem campos que se cubram de flores instantâneas”, escreveu.

Pois se você toma café, já tem um motivo para acreditar na primavera. É nesta estação que tem início uma sequência de fatos naturais e humanos que resultará no líquido que está aí na sua xícara. E no preço pelo qual você pagará pelo produto.

Afinal, começa agora a florada do cafeeiro. Ao longo dos próximos meses, os cafezais do Brasil se encherão de flores brancas e esguias. Um aroma único tomará o ar. Logo as flores darão lugar aos frutos, inicialmente minúsculos e verdes.

Os meses primaveris são cruciais para o desenvolvimento da planta. A florada e o pegamento da florada darão os primeiros sinais de como deverá vir a safra seguinte. Com essas informações, o mercado já começa a antecipar os preços futuros.

Se a florada apontar para uma boa safra, os preços podem começar a ceder, na expectativa de uma farta colheita no inverno seguinte. O contrário também ocorre, e a análise da florada também pode trazer indícios de uma safra ruim, o que ajudaria a pressionar ainda mais os preços.

Com o passar dos meses –e do verão–, os frutos crescem e amadurecem, adquirindo uma coloração avermelhada ou amarelada, a depender da variedade. São colhidos principalmente no inverno. Posteriormente, são levados para terreiros, onde ficarão por um tempo até que estejam bem secos.

Em seguida, os grãos, crus e secos, são vendidos para a indústria por preços que variam conforme o tamanho da colheita, entre outros fatores. Colheita esta cujos primeiros indícios foram antecipados lá na florada, na primavera.

Aquela mesma primavera que, no Brasil, nós muitas vezes sequer percebemos. “Nossa primavera é sutil e para entrar na cidade não pede licença ao prefeito. É claro que falta à nossa gente um pouco de imaginação para sentir, para viver a primavera”, diz Braga.

Ou melhor, nós, brasileiros da cidade. Pois o homem do campo, o cafeicultor, conhece bem essa estação e a importância dela para sua sobrevivência.

“Só o lavrador sabe as coisas”, escreve Braga. “Jamais nós, cujo calendário é o vencimento dos títulos, os invencíveis títulos, que se vencem ao sol e à chuva com a mesma triste pressa, a mesma cruel monotonia”.

O café que fez você despertar nesta manhã deve tudo à primavera do ano passado, assim como a bebida que tomará daqui a um ano será consecutiva da primavera que começa nesta segunda.

Portanto, mesmo que você não veja neves derretendo pela sua janela nem campos se cobrindo de flores instantâneas, terá na sua xícara uma manifestação diária da primavera.

Por falar no grande cronista capixaba, ele adorava o uso de “sair para tomar um café” como justificativa para qualquer ausência. “Ele saiu para tomar um café e disse que volta já”, frase curinga. “Deixemos em todos os lugares este recado simples e vago”, pede Braga. Pois então o leitor me dê licença, que agora vou tomar um cafezinho e volto na semana que vem.


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Fonte.:Folha de São Paulo

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