
Crédito, AFP
- Author, Alys Davies
- Role, BBC News
Entre os que partiram estavam o brasileiro Thiago Ávila e Rima Hassan, deputada franco-palestina do Parlamento Europeu.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, Ávila embarcou em um voo comercial com destino a Madri, onde fará conexão para o Brasil.
“O governo brasileiro confirma, com satisfação, a libertação do ativista Thiago Ávila”, escreveu em nota o Itamaraty.
“Desde a interceptação (…) o Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, atuou de modo a garantir a segurança e a integridade física do brasileiro. Manteve, igualmente, contato frequente com seus familiares no Brasil, de modo a informá-los acerca do estado de saúde do brasileiro e das perspectivas de sua libertação e retorno.”
Mais cedo, o grupo israelense de direitos humanos Adalah havia informado que o grupo estava sendo transferido para o Aeroporto Ben Gurion “após mais de 72 horas sob custódia israelense”.
A Adalah, que prestou assessoria jurídica aos ativistas, informou que dois deles — Pascal Maurieras e o jornalista Yanis Mhamdi, ambos cidadãos franceses — ainda estavam sob custódia israelense enquanto aguardavam a deportação, prevista para a tarde de sexta-feira (13).

Crédito, MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DE ISRAEL
Completam a lista de deportados na quinta-feira Mark van Rennes, da Holanda; Suayb Ordu, da Turquia; Yasemin Acar, da Alemanha; e Reva Viard, da França, informou a Adalah.
Em um comunicado emitido antes da deportação dos seis ativistas, a Adalah afirmou que, enquanto estavam sob custódia, eles “foram submetidos a maus-tratos, medidas punitivas e tratamento agressivo, e dois voluntários foram mantidos em confinamento solitário por um período.”
Segundo os advogados que auxiliam Thiago Ávila, ele foi uma das pessoas colocadas em confinamento solitário. O brasileiro também anunciou ter feito uma greve de fome durante sua detenção.
Em uma publicação na rede social X, o Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciou a deportação de forma irônica: “Mais seis passageiros do ‘iate das selfies‘, incluindo Rima Hassan, estão saindo de Israel.”
“Adeus, e não se esqueçam de tirar uma selfie antes de partir”, acrescentou o ministério.
A publicação no X traz fotos dos ativistas entrando e dentro de um avião.

Um grupo de 12 pessoas navegava no iate Madleen quando este foi interceptado pelas autoridades israelenses na madrugada de segunda-feira (09), a cerca de 185 km do oeste de Gaza.
A expedição, organizada pela Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC), tinha como objetivo entregar uma quantia “simbólica” de ajuda a Gaza — desafiando o bloqueio israelense e destacando a crise humanitária na região.
Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores de Israel desprezou a ação, classificando o barco como um “iate para selfies” que transportava o equivalente e “menos de um caminhão de ajuda humanitária”.
Após a detenção dos ativistas, quatro pessoas, incluindo Greta Thunberg e dois cidadãos franceses, concordaram em ser deportados imediatamente.
De acordo com a CNN Brasil, Ávila teria sido um dos ativistas que se recusou a assinar documentos de deportação.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel havia afirmado que aqueles que se recusassem a assinar os documentos de deportação enfrentariam processos judiciais para serem retirados do país, de acordo com a lei israelense.
Ao chegar à França, Thunberg acusou as autoridades israelenses de sequestrá-la e a outros ativistas no barco enquanto estavam em águas internacionais.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que tentativas não autorizadas de violar o bloqueio a Gaza eram “perigosas, ilegais e minavam os esforços humanitários em andamento”.
Acrescentou que a ajuda transportada no barco da FFC, que incluía fórmula infantil e medicamentos, seria transferida para Gaza “por meio de canais humanitários reais”.
Novo movimento pró-palestinos é detido
Em outra frente, ativistas que planejavam se juntar a uma marcha pró-palestinos do Egito até a fronteira sul de Gaza foram detidos no aeroporto do Cairo na quinta-feira, informou o grupo organizador.
A Marcha Global para Gaza afirmou que cerca de 170 pessoas estavam enfrentando “atrasos e deportações” no aeroporto.
O Ministério do Interior do Egito não comentou as prisões. Seu Ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado na quarta-feira (11) afirmando que a aprovação prévia de órgãos estatais era necessária para viajar para a área da fronteira de Gaza.
Cerca de 1.500 manifestantes também viajaram em um comboio de vários veículos da Tunísia até a Líbia, com o objetivo de entrar no Egito para chegar à fronteira com Gaza.
Israel e Egito mantêm um bloqueio em Gaza desde 2007, quando o grupo Hamas assumiu o controle do território ao expulsar seus rivais, um ano após vencer as eleições legislativas.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, pediu ao Egito que impeça o que ele chamou de “chegada de manifestantes jihadistas à fronteira entre Egito e Israel”.

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O país defendeu que as medidas visavam pressionar o grupo a libertar os reféns ainda mantidos em Gaza, mas as Nações Unidas (ONU) alertaram que a população de 2,1 milhões de Gaza enfrenta níveis catastróficos de fome devido à escassez de alimentos.
Há três semanas, Israel lançou uma grande ofensiva para assumir o controle de todas as áreas de Gaza.
Também aliviou parcialmente o bloqueio, permitindo a entrada de uma quantidade “básica” de alimentos.
Israel agora prioriza a distribuição por meio da Fundação Humanitária de Gaza, que apoia juntamente com os EUA.
A ONU e outras organizações se recusam a cooperar com o novo sistema, alegando que ele viola os princípios humanitários de neutralidade, imparcialidade e independência.
Já se passaram 20 meses desde que Israel lançou uma campanha militar em Gaza em resposta ao ataque transfronteiriço liderado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 251 foram feitas reféns.
Pelo menos 55.207 pessoas foram mortas em Gaza desde então, de acordo com o Ministério da Saúde do território, administrado pelo Hamas.
*Com informações adicionais da BBC News Brasil em São Paulo
Fonte.:BBC NEWS BRASIL