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Assim se descreveram os organizadores do concorrido Festival de Glastonbury, no Reino Unido, depois que a dupla de rap-punk Bob Vylan encabeçou cânticos pedindo a “morte” do exército de Israel.
O governo britânico também condenou o incidente, ocorrido no sábado (28/6), e anunciou uma investigação policial sobre a apresentação.
Em declaração oficial, a organização do festival destacou que “não tolera nenhum tipo de discurso de ódio, nem incitação à violência, por parte dos seus artistas”.
O Festival de Glastonbury é celebrado todos os anos em Pilton, no condado de Somerset (sudoeste da Inglaterra). Ele reúne cerca de 150 mil pessoas.
A edição deste ano contou com personalidades da música como Lorde, Charli XCX e Olivia Rodrigo.
A BBC, que transmitiu a apresentação, qualificou os comentários como “profundamente ofensivos” e destacou ter lançado uma advertência na tela, alertando sobre “linguagem muito forte e discriminatória”.
Após a repercussão, a emissora afirmou em comunicado na segunda-feira (30/6) ter avaliado que a conduta deveria ter sido diferente: “A equipe estava lidando com uma situação ao vivo, mas, olhando em retrospectiva, deveríamos ter interrompido a transmissão durante a apresentação. Lamentamos que isso não tenha acontecido”.
Paralelamente, um porta-voz do governo britânico anunciou que a secretária da Cultura do país, Lisa Nandy, solicitou ao diretor-geral da BBC, Tim Davie, uma “explicação urgente sobre a diligência devida” levada a cabo pela emissora antes de transmitir o espetáculo.

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A Embaixada de Israel no Reino Unido expressou no X (antigo Twitter) consternação pelo que considerou retórica incendiária e de ódio.
O governo israelense mantém uma ofensiva contra a Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro de 2023, quando as forças do grupo militar palestino Hamas lançaram um ataque em solo israelense, matando 1,2 mil pessoas e tomando 251 outras como reféns.
Desde então, em consequência das operações israelenses, mais de 56 mil pessoas foram mortas na Faixa de Gaza.
Israel também estabeleceu um bloqueio sobre o território que, segundo organizações como as Nações Unidas, mantém a população de Gaza em condições de penúria.
Os cânticos
Bob Vylan é uma dupla britânica que reúne os gêneros musicais grime, punk rock e hip hop em suas apresentações. Seus membros se identificam como Bobby e Bobbie Vylan, para manter seus nomes verdadeiros em sigilo.
O rapper Bobby foi quem encabeçou os cânticos de “Palestina livre” e “Morte, morte às Forças de Defesa de Israel”.
A apresentação de Bob Vylan no palco West Holts do festival ocorreu antes do trio de hip hop Kneecap, que ocupou as manchetes da imprensa nos últimos meses. Um de seus integrantes, Liam Óg Ó hAnnaidh, foi acusado de terrorismo.
Ele se identifica com o nome artístico de Mo Chara e é acusado de exibir a bandeira do Hezbollah em um show no ano passado.
O governo britânico considera o Hezbollah uma organização terrorista. O artista negou a acusação.
O Kneecap também liderou cânticos de “Palestina livre” durante o Festival de Glastonbury.
Após as apresentações de Bob Vylan e Kneecap, a polícia da região de Avon e Somerset, na Inglaterra, anunciou que irá rever as gravações dos comentários dos artistas no palco, para determinar se foi cometido algum delito que exija investigação criminal.

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O Kneecap também respondeu com impropérios ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer, que qualificou a apresentação da banda no festival como “inadequada”.
Ó hAnnaidh se encontra em liberdade sob fiança, após uma audiência judicial realizada em Londres duas semanas atrás.
“Com quase 4 mil apresentações em Glastonbury 2025, inevitavelmente haverá artistas e oradores nos nossos palcos, com opiniões das quais discordamos”, defendeu a organização do festival, na sua conta no Instagram.
“A presença de um artista aqui nunca deve ser interpretada como aprovação tácita das suas crenças e opiniões.”
“Seus cânticos ultrapassaram em muito esta linha e recordamos urgentemente a todos os envolvidos na produção do festival que, em Glastonbury, não há lugar para o antissemitismo, a incitação ao ódio, nem à incitação à violência”, destacaram os organizadores.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL