12:12 AM
29 de abril de 2025

Gomas de melatonina funcionam tão bem quanto…

Gomas de melatonina funcionam tão bem quanto…

PUBLICIDADE



Os medicamentos em formato de gomas ou jujubas são uma elaboração recente do mercado farmacêutico para facilitar a adesão de pacientes a tratamentos com remédios de sabor desagradável ou formatos difíceis de engolir.

Com a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção de suplementos de melatonina em 2021, novos produtos em formato de goma contendo a substância ganharam espaço nas farmácias brasileiras.

O consumo diário máximo indicado pela agência reguladora é de 0,21 mg. Em geral, a dose das “balinhas” de melatonina fica na faixa máxima permitida.

O suplemento na forma de jujuba costuma conter gelatina, colágeno e xilitol, além dos polióis, carboidratos que têm sido utilizados como substitutos da sacarose, tornando-as apropriadas também para pacientes diabéticos. O ideal é sempre consultar o rótulo para averiguar o nível de açúcar e as outras substâncias presentes na goma.

Se usada com indicação médica, a goma deve ser tão segura quando o suplemento em cápsulas ou gotas. O perigo é o apelo dessa formulação às crianças, que podem ter casos de intoxicação ao ingerir melatonina.

Melatonina em gomas requer mais regulação e fiscalização 

Apesar de ser conhecida como um hormônio que provoca sono, na verdade a melatonina está relacionada à indução da sensação de repouso e da regulação da sensibilidade à luz na alternância entre os ambientes claros e escuros. Ou seja, em um ritmo circadiano normal, a melatonina é secretada no final do dia, preparando o corpo para a escuridão e o descanso.

Continua após a publicidade

No organismo, ela é produzida naturalmente, sintetizada na retina, na medula óssea, na bile e no trato gastrointestinal. A glândula pineal e o tato gastrointestinal são os responsáveis por liberar a substância no sangue. 

Apesar de ser vendida livremente, não há estudos comprovando que a melatonina ajude na qualidade do sono de pessoas com problemas como insônia ou crianças que dormem mal.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) indica que o suplemento só deve ser usado com indicação e acompanhamento médico, em dosagens que variam entre 0,1 a 5 mg para o tratamento de distúrbios do ritmo circadiano – também chamado de “relógio biológico”.

A venda sem prescrição foi autorizada pela Anvisa sob o argumento de que a melatonina também pode ser encontrada em alimentos e que, portanto, atende à definição de substância bioativa. A melatonina também está presente em vários alimentos como morangos, banana, mamão papaia, leite, ovos, peixes e carnes, em diferentes concentrações.

Continua após a publicidade

A liberação também aconteceu após estudo conduzido pela agência reguladora avaliando as pesquisas realizadas em outros continentes sobre o uso da melatonina.

O documento que analisou a segurança e eficácia do suplemento afirma que, na época, já havia mais de 170 produtos naturais contendo melatonina disponíveis no mercado brasileiro. No Canadá, por exemplo, mais de 500 já estavam registrados no formato de cápsulas, tablets, líquidos e gomas.

Por outro lado, outras pesquisas conduzidas na Europa e na América do Norte apontam que nem sempre o conteúdo da melatonina comercializada está de acordo com o rótulo. Uma margem de variabilidade de 10% é permitida, mas esse limite é superado em mais de 70% dos suplementos. O teor rotulado variou em até 465% nos produtos avaliados.

A melatonina é um derivado próximo da serotonina e, nos estudos que analisaram a variabilidade dos suplementos também descobriu-se que 26% dos produtos continham serotonina ao invés de apenas melatonina. 

Continua após a publicidade

+Leia também: Entidade americana alerta sobre uso abusivo de melatonina por crianças

Crianças podem sofrer intoxicação de melatonina

Se ingerida em excesso, a melatonina pode alterar a respiração e está associada ao desenvolvimento de efeitos colaterais autoimunes. A formulação em gomas, por exemplo, tem provocado a intoxicação de muitas crianças que consomem o produto acidentalmente acreditando se tratar de um doce comum.

A Associação Americana do Sono (AASM) emitiu um alerta sobre o perigo de dar melatonina para crianças depois do Centro de Controle de Doenças (CDC) registrar casos de atendimento em hospitais de superdosagem ou intoxicação pelo suplemento em crianças nos Estados Unidos.

No Brasil, a Anvisa já proibiu a fabricação e comercialização de uma marca do suplemento, o Soninho Perfeito Melatonina Kids. A melatonina não pode fazer parte da composição de suplementos destinados ao público infantil, já que não existem estudos registrados que comprovem a segurança do uso por crianças e adolescentes.

A melatonina também não pode ser vendida com alegações, ou seja, não pode prometer regular o sono ou aliviar sintomas de problemas como ansiedade, compulsão alimentar ou outras doenças.

Continua após a publicidade

Mais pesquisas ainda são necessárias para averiguar as possíveis relações entre o consumo do suplemento e a desregulação do equilíbrio hormonal.

Atualmente, a melatonina é contraindicada para gestantes e lactantes, pessoas com hipersensibilidade a algum componente do fármaco, pacientes com insuficiência renal ou hepática, crianças e menores de 18 anos, pessoas com doenças autoimunes e trabalhadores de atividades que requerem atenção exclusiva.

Compartilhe essa matéria via:



Fonte.:Saúde Abril

Leia mais

Rolar para cima