
Crédito, Ministério das Relações Exteriores de Israel
- Author, Jaroslav Lukiv e David Gritten
- Role, BBC News
Israel anunciou nesta terça-feira (10/6) que começou a deportar 12 ativistas pró-palestinos, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, cujo barco de ajuda para Gaza foi apreendido na véspera pelas forças israelenses no Mar Mediterrâneo.
O ativista brasileiro Thiago Ávila, que também estava a bordo da embarcação e será deportado, já chegou ao aeroporto de Tel Aviv, em Israel, conforme informou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil na noite de segunda-feira. Mas ainda não foi divulgada confirmação sobre seu retorno ao país.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que Thunberg embarcou na manhã desta terça-feira em um voo de Tel Aviv para a França depois de concordar em ser deportada.
Mas a França informou que cinco dos seis ativistas franceses que estavam na embarcação haviam se recusado a assinar suas ordens de deportação, e seriam levados agora perante uma autoridade judicial israelense.
O Madleen, iate em que estavam, foi interceptado quando eles tentavam entregar uma quantidade “simbólica” de ajuda a Gaza, desafiando o bloqueio naval de Israel, no intuito de chamar a atenção para a crise humanitária na região.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel se referiu à iniciativa como um “iate para selfies”, e anunciou na noite de segunda-feira que os ativistas haviam sido transferidos para o aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, após sua chegada ao porto de Ashdod na noite de segunda-feira.
“Aqueles que se recusarem a assinar documentos de deportação e deixar Israel serão levados perante uma autoridade judicial, de acordo com a lei israelense, para autorizar sua deportação”, declarou em uma postagem no X (antigo Twitter).
Na manhã desta terça-feira, o ministério disse que Greta Thunberg havia “acabado de deixar Israel em um voo para a Suécia (via França)”, e publicou uma foto dela sentada dentro de um avião.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, escreveu mais cedo no X: “Nosso cônsul pôde ver os seis cidadãos franceses presos pelas autoridades israelenses na noite passada”.
“Um deles concordou em sair voluntariamente e deve retornar hoje. Os outros cinco estão sujeitos a procedimentos de deportação forçada.”
Barrot não os identificou, mas entre os seis cidadãos franceses estão Rima Hassan, deputada do Parlamento Europeu, e Omar Faiad, jornalista da Al Jazeera.
Além da França, da Suécia e do Brasil, cidadãos da Alemanha, Holanda, Espanha e Turquia estavam a bordo do Madleen.
A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), grupo ativista que opera o iate, disse em comunicado na noite de segunda-feira que esperava que qualquer um dos passageiros que recusasse as ordens de deportação fosse transferido para a prisão de Ramle, perto de Tel Aviv.
“Continuamos a exigir a libertação imediata de todos os voluntários e a devolução da ajuda roubada. Seu sequestro é ilegal e uma violação do direito internacional”, acrescentou.
A FFC disse que o Madleen transportava fórmula para bebês, alimentos e medicamentos.
O barco partiu da Itália em 1º de junho para aumentar a conscientização sobre a fome em Gaza e entregar ajuda humanitária.
Israel afirma que seu bloqueio a Gaza é necessário para impedir que armas cheguem aos combatentes do Hamas no local.

Crédito, Ministério das Relações Exteriores de Israel
No domingo, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, alertou que Israel agiria contra qualquer tentativa de romper o bloqueio.
A FFC argumentou que o bloqueio marítimo é ilegal, classificando a declaração de Katz como um exemplo de Israel ameaçando o uso ilegal da força contra civis e “tentando justificar essa violência com calúnias”.
Em 2010, soldados israelenses mataram 10 ativistas turcos quando abordaram o navio turco Mavi Marmara, que liderava uma flotilha de ajuda humanitária com destino a Gaza.
Recentemente, Israel começou a permitir a entrada de ajuda humanitária limitada em Gaza, após um bloqueio terrestre de três meses, priorizando a distribuição por meio da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), que é apoiada por Israel e pelos EUA, mas amplamente condenada por grupos humanitários.

Em uma postagem no X na madrugada de segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou: “Enquanto Greta e outros tentavam encenar uma provocação midiática com o único propósito de ganhar publicidade — e que incluía menos do que um caminhão de ajuda humanitária —, mais de 1,2 mil caminhões de ajuda entraram em Gaza vindos de Israel nas últimas duas semanas e, além disso, a Fundação Humanitária de Gaza distribuiu cerca de 11 milhões de refeições diretamente aos civis em Gaza.
“Há maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza — elas não envolvem selfies no Instagram.”
Já se passaram 20 meses desde que Israel lançou uma campanha militar em Gaza em resposta ao ataque pela fronteira sem precedentes liderado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 251 foram feitas reféns.
Pelo menos 54.880 pessoas foram mortas em Gaza desde então, de acordo com o Ministério da Saúde do território, administrado pelo Hamas.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL