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O governo da Alemanha alertou seus cidadãos, em um manual produzido pelas autoridades de proteção civil, que um cenário de guerra “não parece mais tão impossível quanto há alguns anos” — o primeiro aviso do tipo em 35 anos que o guia é feito.
“A Alemanha é um dos países mais seguros do mundo. No entanto, também estamos vivenciando crises que estão interrompendo nossas rotinas diárias na Alemanha”, afirma o guia Preparando-se para Crises e Desastres.
O documento é produzido pelo Escritório Federal de Proteção Civil e Assistência em Desastres (BBK, na sigla em alemão), um órgão do Ministério do Interior da Alemanha.
O guia traz recomendações práticas — até mesmo com ilustrações — para cidadãos sobre como agir em cenários diversos de crise, como desastres naturais e acidentes nucleares e químicos.
A versão do guia publicada este mês fala também “na pior das hipóteses, [em] um ataque militar”.
“Eventos climáticos extremos estão aumentando. Ataques cibernéticos, desinformação e sabotagem estão levando a ataques à infraestrutura, à opinião pública e à solidariedade”, diz o guia.
“Até mesmo a guerra não parece mais tão impossível quanto há alguns anos.”
O guia do governo alemão afirma que “se algo acontecer, é melhor estar preparado”.
Entre os tópicos abordados pelo guia, estão:
- Estocagem de alimentos e bebidas;
- Manter-se informado durante crises;
- Reconhecer informações confiáveis;
- Lidar com medos e ansiedades;
- Conversando com crianças sobre crises;
- Tratar de emergências médicas;
- Cozinhar sem energia;
- Lidar com falta de aquecimento;
- Responder a incêndios;
- Armazenar documentos com segurança;
- Procurar abrigo;
- Encontrar proteção contra explosões.
O guia é publicado desde 1990, mas suas versões anteriores não faziam menções explícitas a guerras. Ele inclui também telefones de emergência e uma lista de produtos essenciais que se deve manter em casa.

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“Vivemos uma situação global que preocupa a muitos. Com o nosso novo guia, queremos oferecer apoio e orientação a pessoas preocupadas ou que necessitem de informação”, disse o presidente do BBK, Ralph Tiesler, ao lançar o guia na semana passada.
“Defendo que todas as famílias na Alemanha tenham este guia à mão, seja em formato analógico ou digital, e que estejam familiarizadas com o seu conteúdo.”
Desde o século 20, muitos países na Europa publicam diretrizes aos seus cidadãos sobre como lidar com situações extremas. Alguns investem até mesmo em infraestrutura especial, como bunkers.
A Suíça, por exemplo, é o país do mundo com o maior número de abrigos nucleares per capita: são mais de 370 mil. Os números mais recentes indicam que há mais vagas nos bunkers do que habitantes — a população do país é de 8,8 milhões de pessoas.
Uma lei suíça de 1963 garante que todos os cidadãos, incluindo estrangeiros e refugiados, tenham a garantia de uma cama de beliche em um bunker em caso de conflito armado ou desastre nuclear em seu próprio país ou em um país vizinho.
O espaço para cada pessoa deve ser de pelo menos um metro quadrado. Além disso, os bunkers precisam estar localizados a uma distância máxima de 30 minutos a pé de casa, e 60 minutos em áreas montanhosas.
Governos de diferentes países têm feito alertas, assim como a Alemanha, sobre riscos maiores de conflitos militares.
Uma revisão estratégica do ministério da Defesa do Reino Unido, publicada em julho deste ano, afirma que o país “está entrando em uma nova era de ameaças e desafios”.
“O mundo está mais volátil e incerto do que em qualquer outro momento dos últimos 30 anos e está mudando em um ritmo notável”, diz o documento do governo.
“O Reino Unido e seus aliados estão mais uma vez ameaçados diretamente por outros Estados com forças militares avançadas. O Reino Unido já está sob ataque diário, com atos agressivos — de espionagem a ataques cibernéticos e manipulação de informações — causando danos à sociedade e à economia.”
“O conflito entre Estados retornou à Europa, com a Rússia demonstrando sua disposição de usar força militar, infligir danos a civis e ameaçar usar armas nucleares para atingir seus objetivos.”
Fonte.:BBC NEWS BRASIL