A psicóloga Sirlene de Souza, 53 anos, presa no dia 8 de janeiro de 2023, concedeu entrevista ao programa Café com a Gazeta do Povo, nesta quarta-feira (21) e relatou as humilhações que passou durante e após os atos. Ela conta que esteve nas imediações do Congresso Nacional no dia 8 e acabou entrando em um dos prédios durante a confusão, tentando fugir da repressão policial.
Após ser detida, a psicóloga permaneceu mais de 20 horas na garagem do Palácio do Planalto e foi transferida para a penitenciária feminina do Distrito Federal, a Colmeia, onde encontrou colchões e cobertores novos, ainda embalados. Nas palavras de uma funcionária do presídio para Sirlene, os objetos estavam “esperando pelas presas do 8/1”.
“Encontramos celas superlotadas, falta de atendimento médico, casos de convulsões não atendidas, mas estranhamente, tinha colchões e cobertores novos, ainda nas embalagens. Perguntei para uma funcionária e ela afirmou que já estavam aguardando pelas presas do dia 8”, afirmou.
Sirlene explica que foi até Brasília por conta própria e com intenções de se manifestar pacificamente. “As pessoas que cometeram esses atos violentos não estavam nem perto dos que estavam de verde e amarelo. Fomos surpreendidos com a correria e muitos entraram nos prédios com medo de apanhar da polícia. Agora, somos condenados por coisas que não fizemos”.
Hugo Motta não quer embate da Câmara com o STF
Mesmo pressionado por parte dos parlamentares, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem sinalizado aos seus pares que não pretende adotar uma postura de embate contra o Supremo Tribunal Federal (STF). A Casa retoma as atividades nesta semana em meio à expectativa do julgamento no plenário da Corte sobre o recurso do caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Motta impetrou na semana passada um recurso sobre a questão, depois que a Primeira Turma do STF restringiu a decisão da Câmara que trancava a ação penal contra Ramagem no caso da suposta tentativa de golpe de Estado. A medida beneficiaria ainda os outros réus denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PRG), incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apesar disso, a advocacia da Câmara recuou em relação aos demais réus e o pedido de recurso deixa explícito que a suspensão é “exclusivamente” para o processo a que Ramagem responde. Nos bastidores, aliados de Motta admitem que o recuo em relação aos demais réus foi uma forma de o presidente da Câmara evitar novos embates com o STF.
Antes de o pedido de suspensão ser analisado pelos deputados, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, e o presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, já haviam se manifestado no sentido limitar apenas o processo de Ramagem nos crimes suspostamente cometidos antes da diplomação. A restrição da suspensão somente ao deputado se baseia numa súmula do STF (decisão que consolida uma jurisprudência) segundo a qual “a imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa” (súmula 245).
Acompanhe o Café com a Gazeta desta quarta-feira (21) na íntegra.
Fonte. Gazeta do Povo