O deputado federal Helio Lopes (PL-RJ) registrou nessa quinta-feira (18) boletim de ocorrência no Departamento de Polícia Legislativa da Câmara após ser chamado de “Capitão do Mato” durante reunião da Comissão Especial que analisa a PEC 27/2024, proposta que institui o Fundo Nacional de Igualdade Racial. A expressão, usada no período da escravidão para designar negros que perseguiam escravizados fugitivos, é considerada racista e foi utilizada como forma de ataque ao parlamentar.
Segundo Lopes, o episódio não se trata apenas de uma ofensa pessoal, mas de mais um exemplo de perseguição política. Ele afirmou que os ataques que recebe estão ligados a seu posicionamento de direita, conservador e alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Sempre que isso acontecer, vou acionar a Justiça. Vamos ver se, desta vez, ela vai agir corretamente ou se, como em outras ocasiões, vai considerar improcedente”, declarou.
O deputado também acusou o Judiciário de adotar dois pesos e duas medidas em casos semelhantes. “Recebo ataques desse tipo quase todos os dias, mas, por ser um negro de direita, a Justiça não reconhece o insulto. Enquanto isso, Bolsonaro foi condenado a pagar multa milionária por uma brincadeira com um amigo. Isso mostra que a luta não é contra o racismo, mas contra quem pensa diferente”, disse.
O insulto ocorreu no mesmo dia da eleição para a presidência da comissão, cargo ao qual Helio Lopes era candidato. Ele justificou sua candidatura como uma forma de barrar a PEC 27/2024, que, segundo ele, pode levar ao “apagamento estatístico, cultural e político da identidade parda, a maior categoria demográfica do Brasil”.
Para o deputado, a proposta beneficiaria apenas grupos ligados a movimentos negros, ao criar um fundo bilionário de financiamento. Lopes encerrou a declaração reforçando que vê o ataque como parte de uma estratégia para deslegitimar sua atuação parlamentar. “O que está em jogo é mais do que uma ofensa: é a tentativa de silenciar e desqualificar quem tem posição política diferente da esquerda”, afirmou.
Fonte. Gazeta do Povo