9:39 AM
5 de outubro de 2025

Hemorroidas: por que aparecem e como resolver?

Hemorroidas: por que aparecem e como resolver?

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Hemorroidas não são veias doentes que surgem do nada. Todos nós temos pequenas “almofadas” de tecido e vasos no canal anal que ajudam a vedar melhor a saída das fezes e dos gases.

Elas se tornam um problema quando inflamam, sangram, coçam, doem ou saem para fora (prolapso). As internas ficam numa parte menos sensível do canal anal e tendem a sangrar; as externas estão numa área muito sensível da pele e, por isso, doem mais quando formam um coágulo.

Para organizar o raciocínio, usamos uma classificação que vai do grau I ao IV, conforme a intensidade do prolapso — o que ajuda a escolher o melhor tratamento.

+Leia também: Hemorroida: conheça 5 causas para o problema

Quem pode ter hemorroidas e quais são os principais fatores de risco

É difícil definir números exatos, mas estudos sugerem que grande parte dos adultos terá algum grau de hemorroida, especialmente entre 40 e 60 anos de idade. O que mais contribui para o risco?

  • Forçar para evacuar;
  • Fezes ressecadas;
  • Ficar muito tempo sentado no vaso;
  • Constipação;
  • Diarreias frequentes;
  • Gravidez e pós-parto.

Pouca fibra na alimentação piora o quadro. Já o sedentarismo e o número de gestações têm relação menos clara. Resumindo: o hábito intestinal e a consistência das fezes fazem toda a diferença.

Sintomas mais comuns das hemorroidas

O sintoma mais comum é o sangramento vermelho vivo ao evacuar, aparecendo no papel higiênico ou pingando no vaso. Também pode haver coceira, sensação de nódulo que sai e volta, secreção e desconforto.

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Dor intensa costuma indicar trombose hemorroidária externa (um coágulo na hemorroida) ou outra complicação. Vale lembrar: outras doenças do intestino também podem causar sangramento. Portanto, o exame médico é fundamental para o diagnóstico correto.

Como o médico confirma o diagnóstico

O diagnóstico é feito na consulta, por meio de conversa sobre os sintomas e exame da região, incluindo o toque retal. A colonoscopia é indicada apenas em casos de sinais de alerta — como anemia, perda de peso ou alteração recente do hábito intestinal —, na investigação para câncer, ou quando o sangramento persiste sem causa clara no ânus.

Tratamentos iniciais sem cirurgia

Na maioria dos casos, o tratamento começa sem cirurgia. O básico funciona para muitos:

  • Consumir de 25 a 35 gramas de fibras por dia (alimentos e suplementos);
  • Beber bastante água;
  • Atender ao desejo de evacuar sem adiar;
  • Não fazer força;
  • Permanecer pouco tempo no vaso sanitário

Se necessário, usam-se laxativos ou amaciantes de fezes. Essa combinação reduz sangramento, coceira e prolapso leve, sendo a base para qualquer outra etapa.

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Quando a cirurgia é necessária

Em casos de doença volumosa com prolapso (graus III volumosos e IV), excesso de pele externa ou falhas repetidas com tratamentos no consultório, a hemorroidectomia, que retira o tecido doente e corrige o prolapso, oferece maior durabilidade no controle dos sintomas.

A ferida pode ser deixada aberta (técnica de Milligan–Morgan) ou fechada com pontos (Ferguson). A principal diferença está na dor dos primeiros dias, não no resultado final.

Em relação à cirurgia com grampeador (que reposiciona a mucosa), a técnica tradicional leva a menos recidiva em longo prazo, mas costuma causar mais dor inicialmente.

Novas tecnologias na cirurgia das hemorroidas

A escolha do instrumento de corte — seja lâmina, bisturi elétrico, dispositivos de energia, ultrassônico ou laser — depende da experiência do cirurgião. Todas são eficazes, mas podem influenciar o conforto no início da recuperação e o tempo de cirurgia. O resultado duradouro depende mais da correta indicação e execução da técnica.

  • Lâmina fria (bisturi tradicional): corta com precisão e baixo custo. O controle do sangramento é feito com pontos ou cauterizações. Normalmente, pode haver um pouco mais de sangramento durante a cirurgia e duração ligeiramente maior do procedimento, sem diferença em relação ao resultado final;
  • Bisturi elétrico e seladores vasculares: cortam e coagulan com calor ao mesmo tempo. Podem encurtar o tempo operatório, reduzir o sangramento e, em alguns estudos, diminuir a dor inicial, mas sem impacto consistente em complicações tardias ou recidiva;
  • Ultrassônico: corta e coagula por vibração, gerando menos calor nos tecidos ao redor. Apresenta menos dor no início da recuperação e retorno um pouco mais rápido às atividades, com eficácia final semelhante ao bisturi elétrico;
  • Laser: pode ser usado como “faca” na cirurgia clássica, com desempenho similar ao de outros aparelhos. Na hemorroidoplastia a laser, não se retira a hemorroida, mas sim encolhe-se o tecido por dentro, promovendo recuperação mais rápida e menos dor, embora a chance de retorno varie conforme o tipo e a técnica utilizada.
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Trombose hemorroidária externa: o que fazer?

Quando surge um coágulo numa hemorroida externa, a dor costuma ser intensa e de início súbito.

Se o problema tiver menos de 48 a 72 horas, retirar o coágulo com anestesia local proporciona alívio rápido e prolonga o tempo até uma nova crise em relação ao uso apenas de remédios e banhos de assento.

Após esse período, muitos casos melhoram espontaneamente em poucos dias, e o tratamento clínico é suficiente.

+Leia também: De hemorroida a fissura: quando o problema é mais embaixo

Cuidados no pós-operatório

Com rotinas modernas de recuperação, a experiência após a cirurgia tende a ser mais confortável: uso programado de analgésicos comuns (dipirona, paracetamol, anti-inflamatórios, deixando opioide só em casos especiais), laxantes desde o primeiro dia, muita fibra e hidratação, banhos de assento e deambulação precoce.

Essas medidas reduzem dor, náusea e tempo de internação. Em alguns protocolos, o uso de antibióticos tópicos ou orais pode ajudar, a critério do médico. Procure atendimento se houver febre, aumento inesperado de dor, sangramento intenso, retenção urinária importante ou saída de pus.

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Por que as hemorroidas podem voltar?

Os procedimentos feitos em consultório apresentam maior chance de retorno dos sintomas e podem exigir novas sessões. A cirurgia excisional, quando bem indicada, tende a proporcionar um controle mais duradouro nas hemorroidas que saem para fora.

Resumo: o que realmente faz diferença

Não existe segredo: fezes macias e bem formadas, não fazer força e não permanecer muito tempo no vaso são essenciais.

Para muitos, só isso basta para controlar o problema. Para os demais, há opções seguras — do consultório ao centro cirúrgico —, capazes de devolver conforto e qualidade de vida, sempre com expectativas realistas.

Antonio Couceiro Lopes é cirurgião do aparelho digestivo e membro da Brazil Health

Conteúdo educativo; não substitui consulta. Sangramento persistente, anemia, dor intensa, febre, emagrecimento ou alteração recente do hábito intestinal exigem avaliação médica.

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(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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Fonte.:Saúde Abril

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