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4 de setembro de 2025

IA e redes sociais geram acidentes em turismo de aventura – 03/09/2025 – É Logo Ali

IA e redes sociais geram acidentes em turismo de aventura – 03/09/2025 – É Logo Ali

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Tem sido assustadoramente frequente a notícia de acidentes graves e mortes em esportes de aventura. Nesta temporada de montanha no Brasil, que começou em abril e, teoricamente, se encerra no final deste mês com o provável início dos meses de chuva, dezenas de resgates em trilhas e pirambeiras chegaram à mídia —e isso para falar só dos que resultaram em mortes, ferimentos graves e ações dos bombeiros. As estatísticas não revelam a real quantidade de ocorrências, até porque muitas fraturas e extravios são omitidas dos registros, que no Brasil não têm centralização. Mas o que chega ao conhecimento do público revela um cenário que mistura desinformação, imprudência e obsessão pela imagem instagramável a qualquer custo.

E isso não ocorre só no Brasil. Segundo divulgou neste mês ao jornal italiano Corriere della Sera o Corpo Nacional de Socorro Alpino e Espeleológico da Itália, mais de 100 pessoas perderam a vida nos Alpes desde 1° de junho passado —o verão europeu, cada ano mais quente, tem tornado mais atraentes as altitudes de montanha. No ano passado inteiro, foram 466. O problema é que, com o aquecimento global, o fresquinho das alturas nem anda tão fresquinho assim e tem forçado derretimento em áreas que há pouco tinham neves eternas. A falta dessa cobertura leva a uma predominância de pedras soltas e escorregadias, combinação fatal para desavisados.

Segundo o órgão italiano, muitos desses acidentes ocorreram não só pelos fatores descritos acima, como por um novo componente de insanidade total: o uso de informações fornecidas por inteligência artificial que, infelizmente, nem sempre são precisos sobre os caprichos da natureza. Como é que o Chat GPT vai saber que naquela trilha brotou uma grande colmeia de abelhas ou que uma pedra enorme interrompeu o traçado previsto sem avisar o data center?

Somado a isso, os vídeos e relatos que invadiram as redes sociais e que convencem o cidadão mais afeito ao sofá do que ao saco de dormir de que basta um celular e boa intenção para sair por aí sem preparo físico e mental nem equipamentos adequados, resultam na receita perfeita para o desastre anunciado.

No Brasil, grupos especializados discutem interminavelmente como minimizar esses riscos que os incautos assumem sem imaginar. E a própria Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura), que nesta quarta (3) abriu seu encontro anual com ênfase na disseminação de normas de segurança para a atividade, tem sido insistente na tecla de levar aos principais polos de atração desse tipo de turismo o máximo de informação e capacitação de guias e minimização de riscos.

“A segurança das operações no turismo de aventura está no DNA da Abeta e é preocupação perene da associação, que sempre insiste na importância da qualificação técnica e na formalização das empresas que promovem essas atividades”, ressalta Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Abeta.

Ele destaca os esforços do programa Aventura Segura, que já levou capacitação em segurança a 13 estados em todas as regiões brasileiras. E iniciativas como o programa SP Ecoaventura, do Sebrae em parceria com o estado de São Paulo, que visa levar a norma técnica ISO 21101 e o Sistema de Gestão de Segurança a mais de 200 municípios paulistas.

Mas, se não faltam iniciativas em prol da segurança do turismo de aventura, não há norma que evite a irresponsabilidade de quem se mete a fazer o que não sabe. E aí, como costumam citar os mais cínicos, entra a teoria da evolução do infalível Charles Darwin: só sobrevivem os mais capazes. Ou, quiçá, os mais sensatos.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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