Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a uma transformação silenciosa, mas extremamente significativa: o crescimento da participação de idosos nas universidades e também no mercado de trabalho.
Esses dois movimentos não acontecem por acaso. Eles estão profundamente ligados à busca por qualidade de vida e à preservação da saúde mental em todas as fases da vida.
De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil, da Semesp, as pessoas com mais de 60 anos foram o único grupo etário que registrou aumento de matrículas em cursos presenciais privados entre 2013 e 2023 — um crescimento de 22%. Nos cursos a distância (EAD), o salto foi ainda maior: 672% no mesmo período, superando todas as outras faixas etárias.
Paralelamente, levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a participação de idosos no mercado de trabalho aumentou 69% em 12 anos. Esses números revelam uma realidade poderosa: envelhecer não significa se afastar do mundo produtivo ou do conhecimento.
Pelo contrário, é possível e necessário manter-se ativo, engajado e conectado com o mundo ao redor. E essa presença, aliás, beneficia não apenas os idosos, mas sim toda a sociedade.
Aprendizado faz bem ao cérebro
E esse movimento vai muito além da produtividade. Ele é também um fator de saúde. Pesquisas recentes da Universidade Federal de Minas Gerais indicam que o aprendizado contínuo contribui para preservar funções cognitivas e reduzir o risco de depressão. O cérebro, afinal, é como um músculo: precisa ser estimulado constantemente.
Quando um idoso decide voltar a estudar, aprender um novo idioma, iniciar uma pós-graduação ou simplesmente se dedicar a um novo curso, amplia seus horizontes profissionais e, ao mesmo tempo, protege a memória, a atenção e o raciocínio.
Trata-se de um verdadeiro exercício de plasticidade cerebral, capaz de reforçar conexões neurais e retardar o declínio cognitivo natural da idade.
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Além disso, estar em sala de aula (seja presencial ou virtual) promove a convivência entre gerações, amplia a rede de contatos e fortalece o sentimento de pertencimento.
No mercado de trabalho, a permanência ativa contribui para a autoestima, preserva a independência financeira e dá sentido ao dia a dia.
Mudança cultural
O desafio que temos pela frente é cultural: precisamos quebrar a ideia de que envelhecer significa parar. O que as evidências mostram é exatamente o contrário.
Quanto mais os idosos são estimulados a aprender continuamente, mais se mantêm atualizados, confiantes e com ganhos concretos em saúde mental e qualidade de vida.
Tecnologia e inteligência artificial como aliadas
Hoje, até mesmo a inteligência artificial pode ser usada como ferramenta de aprendizado, ajudando os idosos a explorar novos conhecimentos, praticar idiomas ou acompanhar tendências do mundo moderno. Integrar essas inovações ao cotidiano é também uma forma de manter a mente ativa e conectada ao futuro.
Envelhecer é um convite a continuar
Envelhecer não é sinônimo de interromper. É um convite a continuar. Continuar aprendendo, trabalhando, se conectando. Continuar ativo, aberto às mudanças e consciente de que cada fase da vida pode, e deve, ser plena de significado.
Aprender, afinal, não é privilégio dos jovens. É um direito humano fundamental, capaz de garantir conhecimento, saúde, autonomia e felicidade em todas as idades.
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Fonte.:Saúde Abril