
Influenciadora com mais de 880 mil seguidores só no Instagram, a militante de esquerda Aline Bardy Dutra, 45 anos, que chama a si mesma de “Esquerdogata”, foi presa neste fim de semana em Ribeirão Preto (SP). O boletim de ocorrência afirma que ela teria cometido crime de racismo contra os policiais, além de desacatar as autoridades e resistir à prisão.
“Onde você nasceu, foi no Quintino (bairro popular de Ribeirão), né? Síndrome de pequenos poderes… Você já foi pra Europa?”, diz a mulher enquanto era acomodada com imobilização por algemas dentro da viatura policial, conforme se vê em vídeo da EPTV (sucursal da Globo no interior de São Paulo).
Ao mesmo tempo em que a mulher era presa, é possível escutar o agente policial tentando confirmar as frases racistas que ela teria acabado de dizer. “Você falou que um preto não deveria f*** outro preto, não é isso?”. Ela se nega a confirmar, mas segue com outras provocações.
As informações sobre o fato policial foram publicadas em diversos sites e TVs e confirmadas pela reportagem da Gazeta do Povo por meio de nota da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP):
Uma mulher de 45 anos foi presa após desacatar policiais militares, na madrugada do sábado (25), na Rua Florêncio de Abreu, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Os PMs realizavam uma fiscalização de trânsito, quando abordaram a mulher, que passou a resistir e ofender os agentes, inclusive com ofensas raciais. A mulher foi detida e levada à delegacia, onde permaneceu à disposição da Justiça. O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária da cidade como desacato, resistência e preconceito de raça e cor.
A SSP elabora suas informações com base no BO elaborado pela Polícia Civil.
Filmou abordagem da PM
A abordagem teria ocorrido depois que ela presenciou a PM abordar uma outra pessoa, que seria negra. Ela teria começado a filmar os agentes policiais dizendo que eles só abordaram o homem por ser negro. Nos vídeos, Aline aparenta estar sob efeito de substâncias psicoativas com uma fala amolecida.
Ela foi levada a uma delegacia de polícia e, depois das formalidades, liberada, com a condição de realizar um tratamento psiquiátrico e cumprir medidas cautelares, como não sair de casa à noite. A reportagem tentou contato com a influenciadora e aguarda sua resposta.
Seus advogados de defesa, a dupla Douglas Marques e Roberto Bertholdo, divulgaram um comunicado à imprensa em que dizem que ela está arrependida e constrangida. A nota, no entanto, tenta justificar o incidente dizendo que a PM paulista muitas vezes comete excessos.
Confira a íntegra:
“A defesa técnica da influenciadora Aline ainda não teve acesso ao vídeo completo, bem como de todo o contexto da lamentável ocorrência envolvendo sua cliente e policiais em Ribeirão Preto, na última sexta-feira.
Aline se encontra em casa se recuperando do incidente, sentindo-se muito constrangida com todo o ocorrido.
Segundo ela os excessos foram cometidos em decorrência do uso social de álcool logo após ter se utilizado de medicamentos de uso controlado, somados ao pânico que lhe é provocado pela conduta, muitas vezes excessiva da polícia militar do estado de São Paulo.
Contudo, ela não se exime da necessidade de pedir desculpas ao policial e a quem mais ela se dirigiu de forma hostil.
Aline, sinceramente, deseja busca-lo para pessoalmente se desculpar. Ela acredita ser esta sua obrigação humana, no mínimo.
A Aline, em virtude da medicação usada naquele dia, não se recorda de nada do acontecido, mas se encontra emocionalmente devastada pelo que viu no vídeo divulgado.
Assim, Aline reconhece que deve desculpas pelos excessos, pelos erros e pelo modo que agiu, pois eles não representam nem o seu pensamento e muito menos a sua história de luta por igualdade, respeito humano e social.
Ela, sinceramente, pede desculpas para aqueles que ela ofendeu e também para todos os seus seguidores.”
Fonte. Gazeta do Povo


