
Crédito, Reuters
- Author, Parizad Nobakht
- Role, BBC Persian
Nos últimos dias, muitos iranianos manifestaram frustração com o forte contraste na cobertura da imprensa global de duas tragédias semelhantes que aconteceram durante o conflito em andamento entre Israel e Irã.
O bombardeio em um hospital na cidade de Bersheba, em Israel, na quinta-feira (19/6) recebeu rapidamente ampla atenção internacional; enquanto o ataque a um hospital em Kermanshah, no Irã, atingido três dias antes, passou praticamente despercebido.
Entre as razões para isso, está o fato de Israel conceder acesso à imprensa: os jornalistas estrangeiros são rapidamente levados aos locais, informados pelas autoridades, e permitidos a noticiar livremente. Em contrapartida, o Irã bloqueia os jornalistas, censura a imprensa local e restringe o acesso à internet — restando apenas vídeos desfocados e não oficiais de civis.
Em Israel, as autoridades divulgaram rapidamente os números de vítimas e atualizações regulares. No Irã, dois dias após os primeiros ataques israelenses, as autoridades divulgaram um número de 224 mortos em todo o país, sem discriminação por local. O hospital de Kermanshah foi atingido no dia seguinte, mas não houve nenhuma atualização detalhada.

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Sem acesso à imprensa ou transparência, a narrativa do Irã foi perdida. As famílias em luto tentaram preencher o vazio online, mas as postagens pessoais não podem substituir uma cobertura coordenada.
Em uma guerra em que a percepção molda a resposta, o silêncio em torno de Kermanshah mostra como a censura e o isolamento podem apagar até mesmo as tragédias mais devastadoras da visão global.
Israel diz que líder supremo do Irã ‘não pode seguir existindo’
Na manhã de quinta-feira (19/6), o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, “não pode mais existir” após o ataque ao hospital israelense, em Bersheba, com mísseis iranianos.
Em declarações a jornalistas em Holon, perto de Tel Aviv, Katz disse, segundo a imprensa local e a agência de notícias AFP: “Khamenei declara abertamente que quer a destruição de Israel, e que ele pessoalmente dá a ordem de atirar nos hospitais.”
“Ele considera a destruição do Estado de Israel um objetivo… Esse homem não pode mais existir.”
Já Ali Khamenei disse ao povo iraniano que “se o inimigo perceber que você tem medo dele, ele não vai te deixar em paz.”
Em uma publicação na rede social X, ele afirmou: “Continuem firmes com o mesmo comportamento que vocês têm demonstrado até hoje.”

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O Hospital Soroka, em Bersheba, no sul de Israel, foi atingido após o Irã lançar uma onda de mísseis na noite de quarta-feira (18/6) e manhã de quinta-feira.
O Ministério da Saúde de Israel informou que 71 pessoas ficaram feridas durante o ataque ao hospital, que foi bastante danificado.
O principal alvo do ataque com mísseis foi uma instalação militar próxima ao hospital, e não o próprio hospital, segundo a imprensa estatal do Irã.
De acordo com a agência de notícias IRNA, o ataque teve como alvo um “quartel-general de comando e inteligência” das Forças de Defesa de Israel (FDI) e um ponto de inteligência do Exército no Centro Tecnológico Gav-Yam Negev.
“O hospital foi exposto apenas à onda de choque e não sofreu danos graves, mas a infraestrutura militar foi um alvo preciso e direto”, diz a reportagem da rede estatal iraniana.
Em uma publicação na rede social X (ex-Twitter), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou: “Esta manhã, os tiranos terroristas do Irã lançaram mísseis contra o Hospital Soroka, em Bersheba, e contra uma população civil no centro do país. Vamos cobrar o preço integral dos tiranos em Teerã.”

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O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse sobre o ataque iraniano: “Um bebê na UTI. Uma mãe ao lado da cama. Um médico correndo entre os leitos. Um idoso residente em uma casa de repouso. Esses foram alguns dos alvos dos ataques com mísseis do Irã contra civis israelenses esta manhã.”
Segundo ele, “em momentos como este, somos lembrados do que realmente está em jogo e dos valores que defendemos.”
Fonte.:BBC NEWS BRASIL