
Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
- Author, Bernd Debusmann Jr
- Role, Repórter da BBC na Casa Branca
Deputados democratas do Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos divulgaram nesta quarta-feira (3/12) fotos e vídeos que mostram como eram uma das ilhas privadas de Jeffrey Epstein, o bilionário condenado por crimes sexuais encontrado morto na prisão em 2019.
As imagens, registradas por autoridades das Ilhas Virgens Americanas – um arquipélago no Caribe pertencente aos EUA – mostram quartos, banheiros, salas de massagem e um telefone fixo com nomes escritos nos botões de discagem rápida.
Há também um quadro negro onde estão escritas palavras como “power” (poder) e “deception” (que pode significar fraude, farsa ou engano)

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
Um dos clipes de vídeo divulgados é uma gravação trêmula feita com uma câmera de mão — filmada na Ilha Epstein — que começa com uma vista para o mar, antes de a pessoa que segura a câmera caminhar por entre arbustos até a área da piscina, que tem elementos como estátuas de bronze.

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
Outro vídeo faz um breve tour por um quarto na ilha de Epstein. Em um clipe de 16 segundos, o vídeo começa em um pequeno banheiro privativo, antes de a câmera se mover pelo quarto.
O cômodo é organizado e lembra um quarto de hotel. Há um tapete colorido no chão e uma cômoda branca, além de uma cama, uma escrivaninha e cadeiras.

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
Outra foto mostra uma placa na propriedade de Epstein alertando que não é permitido entrar na área.

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
Em um comunicado, o democrata líder do comitê, Robert Garcia, disse que, coletivamente, o material forma um “retrato perturbador” do mundo de Epstein e está sendo divulgado para “garantir transparência pública”.
Em 18 de novembro, o Comitê de Supervisão enviou um pedido ao procurador-geral das Ilhas Virgens Americanas solicitando informações sobre investigações envolvendo Jeffrey Epstein e sua companheira, Ghislaine Maxwell, que está presa nos EUA.
O comunicado de Robert Garcia também afirma que o comitê recebeu documentos dos bancos J.P. Morgan e do Deutsche Bank, e que eles “pretendem divulgar os arquivos ao público após análise nos próximos dias”.
“Não vamos parar de lutar até garantir justiça para as sobreviventes”, disse Garcia.
“É hora de o presidente Trump divulgar todos os arquivos, agora.”

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
A divulgação desta quarta, porém, não tem relação com esse projeto de lei.
Trump, por meses, classificou os pedidos para liberar os documentos como uma “farsa” liderada pelos democratas para desviar a atenção de suas conquistas.
Na avaliação de Anthony Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, não parece haver nada politicamente explosivo nas fotos e vídeos recém-divulgados da Ilha Epstein.
“Os poucos detalhes existentes — escrita rabiscada em um quadro-negro e alguns nomes na discagem rápida de um telefone — são enigmáticos ou estão ocultos”, diz Zurcher;
“Os democratas no Congresso, que tornaram os arquivos públicos, podem estar esperando que essa nova divulgação mantenha o caso Epstein nas notícias e pressione o governo Trump a cumprir a lei federal e divulgar o que quer que constitua os ‘arquivos Epstein’ que possui.”
Quem era Epstein

Crédito, Getty Images
Antes de se tornar a figura central de um caso de tráfico sexual de grande repercussão, Jeffrey Epstein foi professor de matemática e um influente financista em Nova York.
Cortejando ricos e famosos com jatos particulares e festas luxuosas nos anos 1980, os negócios de Epstein cresceram até administrar centenas de milhões de dólares em ativos de clientes.
Entre as celebridades com quem ele socializava estavam o então presidente dos EUA Donald Trump, o ex-presidente Bill Clinton e Andrew Mountbatten-Windsor, antes príncipe Andrew.
“Conheço o Jeff há 15 anos. Cara excelente”, disse Trump à revista New York em 2002.
Em 2005, os pais de uma garota de 14 anos disseram à polícia da Flórida que Epstein havia molestado sua filha em sua casa em Palm Beach. Ele evitou acusações federais e, em vez disso, recebeu uma sentença de 18 meses de prisão.
Desde 2008, Epstein estava listado como nível três no registro de criminosos sexuais do estado de Nova York. Era uma designação vitalícia que significava um alto risco de reincidência.
Em julho de 2019, ele foi preso em Nova York por acusações de tráfico sexual, acusado de comandar “uma vasta rede” de meninas menores de idade para exploração sexual.
Após ter fiança negada, ele foi mantido no Metropolitan Correctional Center, em Nova York, onde foi encontrado morto em sua cela meses depois.
A ilha de Epstein

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
Epstein era dono de duas ilhas, a Little St. James (menor) e a Great St. James (maior).
A Little St. James é uma pequena ilha caribenha localizada a sudoeste de St. Thomas, uma das principais das Ilhas Virgens Americanas.
Ela foi propriedade privada do financista por mais de 25 anos, período no qual ele construiu uma vasta propriedade em seus 365 mil metros quadrados.
As fotos divulgadas são dessa propriedade.
A procuradora-geral das Ilhas Virgens Americanas, Denise George, disse à CBS News, parceira da BBC nos EUA, que Epstein usava a ilha para esconder suas atividades criminosas.
George processou o espólio de Epstein após sua morte e, em sua denúncia, alegou que controladores de tráfego aéreo e funcionários do aeroporto viram Epstein na ilha com meninas que pareciam pré-adolescentes.
“Lembre-se, ele é dono de uma ilha inteira”, disse ela. “Então não era uma situação em que uma criança ou jovem pudesse simplesmente escapar e correr até a delegacia de polícia mais próxima.”
Uma suposta vítima que falou anonimamente à CBS afirmou que Epstein a estuprou e a manteve em cativeiro na ilha.
“Ele também me trancou no quarto dele na ilha, onde tinha uma arma presa ao estrado da cama. Eu não podia sair”, disse ela. “A única forma de sair da ilha era de helicóptero ou barco.”
Em 2022, Little St. James foi colocada à venda, e um advogado do espólio de Epstein confirmou à BBC que parte do valor obtido será usada para liquidar processos pendentes.

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos

Crédito, Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


