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15 de setembro de 2025

Kureiji | VEJA SÃO PAULO

Kureiji | VEJA SÃO PAULO

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Resenha por Arnaldo Lorençato

Um dos chefs de origem asiática mais talentosos da cidade está de volta. Depois de uma temporada de oito anos em Gana, na África Ocidental, o paranaense Adriano Kanashiro retorna à capital, onde brilhou em casas como o By Aoyama (sim, o rodízio de sushi teve um restaurante gastronômico entre 2000 e 2005) posteriormente transformado em By Kanashiro, no Itaim Bibi, o Kinu, no hotel Grand Hyatt, e o extinto Momotaro, na Vila Nova Conceição. A inquietação move Kanashiro, que embora domine a culinária clássica do Japão, sempre procurou mesclá-la a diferentes ingredientes, num resultado autoral. No Kureiji, maneira como os japoneses dizem a palavra inglesa crazy (maluco) e projeto em parceria com Reinaldo Queija (ex-Cia Tradicional de Comércio e Hyatt), ele foca em matérias-primas nacionais. De saída, o cozinheiro põe o Nordeste brasileiro no Japão no mix de cogumelos eryngui, portobello, nametake e juba de leão refogados com alho nirá, óleo de alga kombu e uma bem-vinda manteiga de garrafa (R$ 53,00). É um crossover admirável de sabores que se complementam sem se sobrepor. Livre daquele efeito mais notável de dormência, o jambu da Amazônia traz mais bossa ao molho agridoce teriyaki que banha a barriga de porco duroc crocante (R$ 58,00). Com o também amazônico pirarucu, o chef faz uma versão yaki ou grelhada até o peixe em posta alta ficar dourado por fora e úmido por dentro com o missô japonês clássico e a mesma pasta de soja negra coreana sobre purê de mandioca e tofu na manteiga de garrafa mais gohan, o arroz branco (R$ 125,00). Os sushis são servidos com colher de bambu para aproveitar melhor os temperos do chef. Tive a sorte de um dos peixes do dia ser um carapau gordinho (R$ 24,00). Também provei um par de enguia (R$ 35,00) sobre alga nori tostada. Embora seja uma interessante proposta vegana, o sashimi de coco verde (R$ 26,00) esbarra por falta de intensidade. Ilumina o fim da refeição o mochi brownie de banana com chocolate rubi para ser regado por calda de gergelim preto mais sorvete de pistache e matchá (R$ 44,00), tentador doce de chocolate de textura elástica feito com a farinha de arroz glutinoso usada no bolinho. Antes, o bar torna-se parada obrigatória para um dos drinques criados por Ricardo Barrero (Parador 52, em Pinheiros) e executado por Rogério Oliveira. Exemplo? Tucupi manhattan (R$ 46,00), de uísque japonês The Chita, bourbon Jim Beam, vermute seco, bitter e tucupi preto. A mistura equilibrada e potente vem com crocante de arroz para mordiscar e dar textura ao coquetel.

Informações checadas em abril de 2025.



Fonte.: Veja SP Abril

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