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28 de agosto de 2025

Lençóis Maranhenses: entenda como ir e o que fazer – 27/08/2025 – Turismo

Lençóis Maranhenses: entenda como ir e o que fazer – 27/08/2025 – Turismo

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Basta a chuva ir embora dos Lençóis Maranhenses, em geral a partir de julho, que surgem vídeos de hordas de turistas visitando um dos mais novos patrimônios brasileiros da lista da Unesco. Os registros resumem como é visitar o lugar, que é único, mas que exige paciência e uma boa dose de desprendimento para ser desfrutado.

As três principais bases para visitar os Lençóis são as cidades de Santo Amaro do Maranhão e Barreirinhas, além de Atins, distrito de Barreirinhas que fica mais próximo do mar. A partir de São Luís, a viagem até essas bases pode demandar de três a cinco horas.

Mais perto da capital e também do parque, Santo Amaro viu crescer o turismo desde que a estrada que leva até ela foi asfaltada, em 2022. Abriga bem menos opções de hospedagem e de restaurantes. Em compensação, quem se hospeda por ali tem uma experiência mais raiz, além de estar mais perto das lagoas, a poucos quilômetros do centrinho.

Do outro lado do parque, na foz do rio Preguiças, fica Atins, a única base que também dá acesso ao litoral. O clima é quase rural, com touros, jegues e vira-latas caramelos vagando pelas ruas de areia, que tornam a mobilidade um desafio. Mas não se engane: é o camarote da região, com dezenas de beach clubs, restaurantes finos e hospedagens de alto padrão, com diárias que começam na casa dos R$ 2.000 e passam de R$ 5.000 com facilidade.

Uma vez em Atins, a principal dica é não se render às mordomias o tempo todo e reservar um tempo para curtir a porção mais a oeste da praia, onde ficam duas barracas mais tradicionais: o restaurante Estresse Zero e a Cabana do Pescador, que oferecem redários sobre a água e cervejas que não passam dos R$ 20. Nas noites de sábado, toda a vila se reúne no Sabadão, com nativos e turistas se jogando no forró e no piseiro sem hora para acabar.

Já quem fica em Barreirinhas tem muito mais opções de pouso, alimentação e atrativos —graças, principalmente, ao rio Preguiças, que corta o município e margeia o parque até a sua foz, em Atins. Por outro lado, especialmente na alta temporada, a cidade enfrenta trânsito e excesso de filas.

O caminho de Barreirinhas até as lagoas do parque leva pelo menos uma hora sacolejando na caçamba de 4×4 sobre estradas de areia. Aos poucos, as construções ficam para trás e vão surgindo areais ora inundados, ora cobertos por restinga, que então dão lugar ao campo de dunas —a cena comove até os mais cínicos. Fazem falta, no entanto, orientações culturais e históricas sobre a região.

Em geral, os passeios podem durar meio dia ou o dia todo. Os banhos nas lagoas, tão esperados, podem ser curtos demais em relação ao tempo gasto para se chegar a elas —o que dá para ser resolvido com um passeio privativo, mais caro, na casa dos R$ 1.000.

A escolha entre os diferentes circuitos de lagoas pode ser difícil. Qual é a melhor para banho? Qual é a mais bonita? Bem, elas são todas parecidas: lindas e com águas cristalinas. Mas ao contratar os passeios, é válido informar à agência quais você já visitou, para garantir que não gaste dinheiro voltando às mesmas.

Outro passeio quase inevitável em Barreirinhas é o que desce o rio Preguiças rumo a Atins (R$ 150 por pessoa). O roteiro inclui três paradas. A primeira, no povoado de Vassouras, onde macaquinhos interagem com os visitantes, que podem ainda tomar banho em uma lagoa dos pequenos lençóis, uma formação semelhante à do parque nacional, mas fora dele. A segunda é no Farol do Mandacaru, que oferece uma vista panorâmica da região a 35 metros (ou 160 degraus) de altura.

A última parada é na praia de Caburé, faixa de areia de 250 metros entre o rio Preguiças e o mar. Para explorar a área com conforto, dá para alugar um quadriciclo (R$ 180 por meia hora). Na praia estão barracas que servem bebidas, peixes e frutos do mar a preços salgados. Mas atenção: um peixe frito para dois sai por R$ 180.

O passeio rio abaixo funciona como um citytour e oferece momentos de contemplação do rio Preguiças,com quase um quilômetro de largura. Mas não é nada imperdível e pode parecer uma arapuca por causa desses preços salgados e da qualidade do serviço.

O fato é que Lençóis vive em função da sazonalidade. Os turistas costumam se concentrar de julho a setembro e somem no período em que as lagoas do parque não estão tão cheias e, depois, quando começam a estação de chuvas.

Para Marianne Costa, especialista em turismo sustentável, o problema também é um reflexo da maneira predatória como o turismo se estabeleceu na região.

“Tem muito a ver com a maneira como o destino foi promovido, com um discurso de que só vale a pena ir quando as lagoas estão cheias, o que não é verdade”, diz. “A fiscalização e a organização do fluxo é deficiente, o que prejudica a experiência de todo mundo.”

Para a secretária municipal de Turismo de Barreirinhas, Karla Gomes, superar a sazonalidade está entre os maiores desafios. Ela espera atrair eventos culturais e encontros corporativos nas outras épocas. A estratégia inclui ainda a divulgação de passeios que acontecem o ano todo, como os de flutuação no rio Preguiças (R$ 110 por pessoa) e a visita a comunidades tradicionais.

A reportagem esteve no quilombo de Marcelino, a 40 minutos de lancha do centro de Barreirinhas. Lá, além de tomar um banho de rio em um afluente do Preguiças, o turista vê de perto como as artesãs transformam a fibra do buriti em bolsas, roupas, calçados e objetos de decoração.

Tudo é bonito e colorido. O tingimento da fibra com ingredientes naturais como salsa, urucum, açafrão, pariri e anil da terra, assim como o trançado, é a parte mais interessantes do processo. E a lojinha é uma boa parada.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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