O líder da oposição belarussa, Serguei Tikhanovski, e outros 13 prisioneiros foram libertados na Belarus neste sábado (21), e agora estão na Lituânia, de acordo com o governo lituano. A libertação do grupo foi mediada pelo enviado especial dos Estados Unidos, Keith Kellogg, segundo um porta-voz do primeiro-ministro da Lituânia.
Kellogg havia se reunido previamente com o ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko, segundo a agência de notícias estatal Belta. O Departamento de Estado dos EUA não respondeu questões da reportagem sobre a viagem e reunião com Lukachenko.
A mulher de Tikhanovski, Svetlana Tikhanovskaia, agradeceu ao presidente dos EUA, Donald Trump, a Kellogg e a outros pelos esforços para garantir a liberação de seu marido, um dos principais adversários de Lukachenko, em postagem na rede social X. “Não terminamos”, escreveu ela, pedindo ainda a libertação de mais 1.150 prisioneiros.
Cinco belarussos foram libertados, juntamente com três poloneses, dois letões, dois cidadãos japoneses e um sueco, informou a Lituânia.
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Youtuber popular na Belarus, Tikhanovski, 43, foi preso em 6 de maio de 2020, dias depois de anunciar a intenção de concorrer contra Lukachenko na eleição presidencial. Ele chegou a ser liberado duas semanas depois, mas foi novamente detido no final daquele mês e estava preso desde então.
Em 2021, Tikhanovski foi condenado a 18 anos de prisão por um tribunal belarusso, acusado de organizar desordem em massa e incitar ódio social, em uma das penas mais longas na história moderna da Belarus.
Svetlana descreveu todo o processo como ilegal e intolerável —o julgamento ocorreu a portas fechadas e os advogados foram proibidos de revelar detalhes do caso. Seus apoiadores disseram que as acusações foram fabricadas e politicamente motivadas.
Impedido de concorrer no pleito, o blogueiro foi substituído pela esposa, que assumiu o protagonismo da campanha contra a ditadura de Lukachenko, dentro e fora da Belarus. Ela foi recebida por líderes como o presidente dos EUA, Joe Biden, e por chefes de Estado de países europeus.
Svetlana se candidatou no lugar dele, e protestos em massa eclodiram depois que Lukachenko afirmou ter vencido as eleições. Ela então deixou o país e se exilou na Lituânia.
Em entrevista à Folha em agosto de 2021, Svetlana lertou para os perigos do autoritarismo crescente. “Não descuidem. Porque os autoritários vão comendo tudo pelas bordas até que o colapso seja incontrolável”, disse ela na ocasião.
Ela destacou que, ao contrário de golpes militares evidentes, esses regimes avançam gradualmente, minando instituições democráticas e enfraquecendo a sociedade civil. Enfatizou ainda a importância de uma vigilância constante e de uma ação democrática robusta para conter essa erosão silenciosa. A oposição belarussa, segundo Svetlana, não busca confrontos violentos, mas sim uma transição pacífica e democrática.
Fonte.:Folha de S.Paulo