Muito se fala de semaglutida e tirzepatida, princípios ativos de Ozempic e Mounjaro, mas, antes deles, uma outra molécula já havia feito história, a liraglutida.
Apesar de uma eficácia inferior a de seus irmãos mais novos, ela ainda é um medicamente aprovado, seguro, muito usado e de menor custo. A primeira caneta brasileira contra a obesidade, a caneta Olire, da farmacêutica EMS, tem a liraglutida como princípio ativo.
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O que é a liraglutida?
A grande inovação, que mudou o mercado farmacêutico global, foi a criação de uma classe de medicamentos que imita um hormônio intestinal, os agonistas de GLP-1. E a liraglutida faz parte desse grupo.
Na verdade, nosso corpo fabrica naturalmente esse hormônio pelo intestino, em resposta à ingestão de comida. Ele estimula o pâncreas a secretar insulina para que a glicose seja captada do sangue e vire energia nas células.
A sacada da indústria farmacêutica foi criar uma molécula que imita esse hormônio. E, assim, ele se tornou um dos medicamentos mais eficazes para controlar o diabetes tipo 2.
A perda de peso existe porque o GLP-1 (e, por extensão, o remédio) retarda o esvaziamento do estômago e atua no sistema nervoso controlando a sensação de saciedade.
A liraglutida é da primeira geração dessas moléculas, criada pela Novo Nordisk em 2010, e indicada inicialmente apenas para tratar diabetes tipo 2. Sua aprovação contra a obesidade veio em 2014.
Os medicamentos originais que contém a molécula são o Victoza (para diabetes) e o Saxenda (para obesidade). Mas, em 2025, houve a expiração da patente dessa substância no Brasil, daí o surgimento de novas medicações como o Olire.
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Como se usa a liraglutida?
Ao contrário do Ozempic, que pede aplicações semanais, o Saxenda ou Olire é aplicado com caneta subcutânea diariamente.
“A liraglutida, que foi uma das primeiras drogas inventadas dessa classe, dura 24 horas no organismo. Por isso a aplicação diária”, explica o médico Renato de Araújo Pereira, cirurgião do aparelho digestivo e membro da Socidade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
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Qual a potência da liraglutida?
Em média, num tratamento conjunto a mudanças de estilo de vida (alimentação equilibrada e atividade física), há uma redução de 8% do peso.
Os estudos mais modernos apontam que 63% dos pacientes perdem 5% do peso com o uso de lira, mas apenas 33% chega a perder 10% do peso.
A título de comparação, a média de perda de peso com o uso do WeGovy (semaglutida 2,4g) é 15%, e, com o Mounjaro, 20%.
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Efeitos colaterais e contraindicação liraglutida
No geral, todas as drogas da classe tem os mesmos efeitos: problemas gastrointestinais.
“É comum observar um pouco mais de efeitos nas drogas mais antigas. Gastrite, refluxo, constipação, náuseas e até vômito podem ocorrer, mas a tendência é de melhora conforme o organismo se acostuma com a medicação”, pontua o médico.
A pessoa também pode sentir fraqueza e indisposição. Com acompanhamento médico, é possível manejar adequadamente esses males.
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Preço de medicações com liraglutida
Entre R$700 e R$1.000 reais é o preço do Saxenda (um mês de tratamento).
Já o valor de entrada do Olire parte de R$ 307,26 na embalagem com uma canetaCom três canetas, R$ 760,61.
“Esse valor menor faz com que seja possível atingir uma maior parcela da população”, afirma Pereira. “E adicionar um componente metabólico é essencial para o tratamento efetivo da obesidade. Vejo essa chegada da liraglutida mais barata como um grande avanço até para a entrada da medicação no SUS”, comenta o médico.
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Fonte.:Saúde Abril