
Crédito, Reuters
Um juiz do Estado de Nova York rejeitou duas acusações de terrorismo contra Luigi Mangione, o suspeito de assassinar o diretor da empresa americana UnitedHealthcare, Brian Thompson.
O juiz Gregory Carro também decidiu que as acusações de homicídio de segundo grau contra Mangione podem ser mantidas durante uma audiência nesta terça-feira (16/9).
Ele disse que os promotores não conseguiram estabelecer que há evidências suficientes para justificar as acusações de assassinato relacionadas ao terrorismo contra Mangione.
Mangione é acusado de atirar em Thompson em uma movimentada rua de Manhattan em dezembro do ano passado.
Além dos processos criminais do Estado de Nova York, Mangione também enfrenta acusações federais de homicídio, que podem levar à pena de morte.
Mangione se declara inocente das acusações contra ele.
O caso que despertou uma onda de apoio e também de radicalismo aconteceu no dia 4 de dezembro de 2024. Brian Thompson, executivo-chefe da maior seguradora de saúde americana, foi morto a tiros, no centro de Nova York.
Depois de dias divulgando a imagem do suspeito, a polícia prendeu Mangione, de 26 anos. Ele foi identificado por um funcionário de uma lanchonete McDonalds no Estado vizinho da Pensilvânia.
Mangione foi indiciado em Nova York por homicídio como ato de terrorismo. Além disso, ele é acusado pela Justiça da Pensilvânia, por identidade falsa e porte de armas sem licença, e pela Justiça Federal, por perseguição e homicídio com arma de fogo.
Isso significa que ele pode ser julgado em três instâncias diferentes, com pena máxima de prisão perpétua ou até mesmo pena de morte.
Onda de ‘apoio’
Um fato que chama atenção é a quantidade de pessoas comuns que têm comparecido à entrada do tribunal para demonstrar apoio a Mangione.
Presencialmente e na internet, centenas de milhares de pessoas passaram a justificar ou mesmo celebrar o assassinato de Brian Thompson.
“Em plataformas como TikTok ou Instagram, vimos aumento de 400% em hashtags como ‘destrua os ricos’ em reação a esse homicídio”, diz Joel Finkelstein, pesquisador e fundador da Network Contagion Research Institute.
A sua entidade trabalha monitorando a propagação de conteúdo de ódio, desinformação e fake news em plataformas de redes sociais e também em espaços físicos. Finkelstein conversou com o podcast The Mangione Trial, da BBC, sobre o julgamento.
“Havia grupos massificando o conteúdo dele, criando memes, mercadorias, vídeos gerados por inteligência artificial, objetificando-o sexualmente. A atividade e o apoio ao homicídio parecem ser incrivelmente altos.”
E o que explicaria essa mobilização toda? Os especialistas citam várias razões. Primeiro, uma grande frustração da população com a indústria de seguros-saúde.
Muitos usuários de planos de saúde se queixam da burocracia e da dificuldade para conseguir a cobertura de tratamentos médicos.
“Estamos nos levantando, e a maior parte do mundo também. Estamos cansados de seguradoras sendo corruptas e negando centenas de coberturas às pessoas”, disse Gladys Sharpp, moradora de Long Island, no Estado de Nova York.
A mercantilização da saúde e a desigualdade de acesso a cuidados médicos são insatisfações que ecoam no mundo inteiro.
Um segundo ponto que explicaria o interesse em torno do caso é o crescente descontentamento com o poder econômico e político de grupos.
“Existe essa sensação de que, como millennial ou jovem, ‘eu não tenho futuro’, ‘não vamos conseguir consertar as coisas’. Essa sensação de que não há nada que eu possa fazer realmente parece ser não apenas parte da motivação de Luigi, mas parte da fascinação dele para seus apoiadores”, diz Finkelstein.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL