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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou neste domingo (14/9) um artigo no jornal americano New York Times (NYT) pedindo diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendendo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Com o título “A democracia e a soberania do Brasil não são negociáveis”, Lula começa o texto direcionado a Trump pedindo para “estabelecer um diálogo aberto e franco” com o presidente americano sobre as tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros.
“A falta de racionalidade econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política”, escreve Lula ao enumerar que os EUA têm um superávit fiscal com o Brasil e que os produtos americanos não são alvo de tarifas altas para entrar no país.
Lula diz ainda a Trump que motivações como “trazer empregos americanos de volta e a reindustrialização” são legítimas.
“Mas recorrer à ação unilateral contra estados individuais é prescrever o remédio errado. O multilateralismo oferece soluções mais justas e equilibradas.”
Ao argumentar que as tarifas não são, portanto, econômicas, o presidente brasileiro revela que empresários brasileiros que estavam tentando abrir um canal de comunicação com os americanos ouviram do vice-secretário de Estado, Christopher Landau, que as taxas eram de fato políticas.
“Não há diferenças ideológicas que deveriam impedir dois governos de trabalharem juntos em áreas onde têm objetivos comuns”, defende o presidente brasileiro no texto.
“Presidente Trump, nós permanecemos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos”, escreveu Lula antes de dizer que Brasil e EUA são “duas grandes nações capazes de se respeitar e cooperar pelo bem de brasileiros e americanos”.
‘Orgulho do STF’

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No artigo, Lula critica ainda o uso da Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes “para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
“Eu tenho orgulho do Supremo Tribunal Federal do Brasil por sua decisão histórica na quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado democrático de direito”, escreveu Lula.
“Isso não foi uma ‘caça às bruxas’“, completou, se referindo a termo utilizado pelo próprio Trump ao criticar o julgamento da trama golpista no STF.
O presidente brasileiro ainda argumenta no texto que outras acusações do governo Trump são infundadas, como censurar empresas de tecnologias americanas ou práticas desleais no comércio digital
“É desonesto chamar a regulação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraude, desinformação e discurso de ódio. A internet não pode ser uma terra sem lei onde pedófilos e abusadores tenham carta branca para caçar nossas crianças e adolescentes”, disse Lula.
Por fim, sobre a crítica dos EUA contra o Pix, Lula rebateu: “Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita transações e estimula a economia”.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL