O presidente Lula (PT), em viagem a Jacarta, na Indonésia, afirmou que pregar o fim dos combustíveis fósseis é algo fácil se comparado à tarefa de dizer quem tem condições de “se libertar” destas fontes de energia.
A fala ocorre quatro dias após a Petrobras receber a licença de perfuração na bacia Foz do Amazonas e às vésperas da COP30, conferência do clima da ONU em Belém.
“Ora, se nós estamos reivindicando que protegemos as florestas e que queremos trabalhar para que a gente possa reduzir o uso de combustível fóssil, uma das formas que eu tenho dito é que a gente tem que utilizar o dinheiro do petróleo para consolidar a chamada transição energética”, disse Lula.
A estatal brasileira recebeu do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a autorização de perfuração do primeiro poço em águas profundas na bacia Foz do Amazonas, a 175 km da costa do Amapá.
O presidente está na capital indonésia para uma visita de Estado em retribuição à viagem do líder do país, Prabowo Subianto, em julho deste ano ao Brasil. O presidente faz um giro pela Ásia, com a segunda e última parada em Kuala Lumpur, na Malásia, onde se encontra com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir tarifas.
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O presidente também participa da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, em português), que ocorre entre 26 e 28 de outubro na capital malaia.
A Petrobras e o governo federal veem a bacia Foz do Amazonas como a principal promessa para o futuro do petróleo do Brasil. A região integra a chamada margem equatorial, que se estende do Amapá até o Rio Grande do Norte.
O pedido chegou a ser negado mais de uma vez por técnicos.
A Petrobras afirma que começará a perfuração imediatamente, o que significa que o processo estará em curso quando o Brasil sediar a COP30, quando o mundo estará debatendo como combater as mudanças climáticas. A conferência do clima da ONU na capital do Pará será realizada de 10 a 21 de novembro.
O Ibama, em nota à reportagem da Folha, afirmou que a licença foi emitida “após rigoroso processo de licenciamento ambiental”.
Críticos e ambientalistas reagiram negativamente à decisão do órgão, afirmando que a autorização pode manchar a reputação ambiental do Brasil.
Fonte.:Folha de S.Paulo


