
CAIO SPECHOTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) terminou seu último dia de compromissos públicos agendados de 2025, às vésperas do Natal, buscando apoio do eleitorado evangélico e do centrão para sua candidatura à reeleição no ano que vem e para os projetos de seu governo.
O petista realizou uma solenidade no Palácio do Planalto nesta terça-feira (23) para assinar o decreto que reconhece a cultura gospel como manifestação nacional. Antes, empossou o novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano, em um movimento para se reaproximar de uma ala do União Brasil.
O eleitorado evangélico não é monolítico, mas as pesquisas mostram se tratar de um estrato social que tem resistência a Lula maior do que a média da população e pode ser decisivo na eleição de 2026.
No caso do centrão, o presidente busca um apoio mais imediato aos projetos de seu interesse no Congresso. Também gostaria que partidos do grupo, que pende mais à direita, ficassem neutros na disputa presidencial caso não se disponham a apoiá-lo.
A assinatura do decreto teve participação de artistas gospel e líderes evangélicos, além de políticos como as ministras Margareth Menezes (Cultura), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Marina Silva (Meio Ambiente) e os ministros Jorge Messias (AGU) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Marina e Messias são evangélicos, assim como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que também participou da solenidade. Ainda estavam presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que já havia participado da posse de Gustavo Feliciano horas antes.
“A cultura gospel tem crescido e conquistado mais e mais corações e mentes”, disse Lula. Ele afirmou que, se existe alguém que precisa agradecer a Deus todos os dias, é ele, por sua história de ascensão social e política.
“A Constituição garante que o Estado é laico. Mas isso não significa o Estado indiferente à fé do seu povo. Significa um Estado que respeita todas as crenças, que não discrimina, que não hierarquiza e que entende a espiritualidade como parte da experiência humana e da formação cultural do nosso Brasil”, declarou.
“A assinatura desse decreto, que reconhece a cultura gospel como manifestação da cultura nacional, representa mais um passo importante de acolhimento e respeito à comunidade e ao povo evangélico do Brasil. É um ato simples, mas com força simbólica muito profunda. Com esse decreto, o Estado brasileiro confirma que a fé também se expressa como cultura”, afirmou o petista.
Lula disse que a assinatura do decreto que reconhece a cultura gospel foi uma ideia de Eliziane Gama.
“Se dependesse de mim, possivelmente não saísse esse decreto, se não tivesse alguém que falasse ‘presidente, se manca aí, vamos fazer’. Já fiz tanto, por que não podia fazer esse?”, disse Lula.
“Faltava alguém, com tantos amigos que eu tenho evangélicos, lembrar. Foi um dia que você [Eliziane Gama] lembrou. Você tinha entrado outras vezes na minha sala e não tinha lembrado. Mas teve um dia que você veio com a missão de lembrar e lembrou”, declarou. Além de discursos, a solenidade teve apresentações de músicas gospel.
Já a posse de Gustavo Feliciano como ministro do Turismo consuma uma mudança no primeiro escalão do governo destinada a atender uma ala do União Brasil que quer apoiar Lula mesmo com o partido afastado do Planalto. A legenda é uma das principais forças do centrão.
Feliciano chegou ao posto depois de Celso Sabino (União Brasil-PA) sair do ministério, em uma tentativa de reorganização da base do governo. Ele é filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB) e foi secretário do Turismo e Desenvolvimento Econômico de seu estado.
O novo ministro é um político da Paraíba, mesmo estado de Hugo Motta. O presidente da Câmara demonstrou apoio à nomeação de Feliciano.
“A decisão do senhor [Lula] de atender à indicação do nome de Gustavo Feliciano antes de tudo demonstra sua capacidade política e sua capacidade de agregar”, declarou Motta na posse de Feliciano.
Os presidentes da Câmara e da República vivem um momento de reaproximação depois de um ano com altos e baixos na relação política.
Fonte. Noticias ao minuto


