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22 de outubro de 2025

Luz sobre as trevas na índia – 22/10/2025 – Zeca Camargo

Luz sobre as trevas na índia – 22/10/2025 – Zeca Camargo

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Estamos em pleno Diwali. E isso é mais do que um bom motivo para a gente celebrar a Índia. Com a memória fresca da minha recente passagem por lá, a festa fica ainda melhor.

A lembrança mais forte dessa viagem é a de um grupo de amigos que eu tinha acabado de fazer, tomando cerveja cercados por vitrines com joias de prata no centro de Udaipur. Rohan, dona da loja de souvenir do outro lado da rua, sugeriu que fôssemos lá celebrar o dia.

A joalheira era do seu pai, que nos recebeu como a própria família, lembrando que na Índia não é costume beber nas ruas. O calor naquele final de tarde beirava os 40ºC e nós estávamos celebrando o que mesmo?

Rohan comemorava as vendas, engordadas com meus companheiros que fiz questão de levar lá. Esses novos amigos celebravam mais um dia de lugares incríveis: o forte de Kumbhalgarh, um passeio de barco até Jagmandir, a extraordinária vista do lago Pichola…

E eu estava feliz apenas por estar de volta à Índia. Ainda mais numa visita como essa. Éramos um grupo de latino-americanos e caribenhos bem eclético, a convite do Turismo do país: jornalistas, apresentadores, professores de ioga, socialites, amantes de Bollywood e até mesmo duas misses —mesmo, do Chile e da Colômbia.

O roteiro, com foco no Rajastão, era espetacular. E não só pelos cartões postais indianos: a experiência era de interagir com tudo aqui como se fôssemos chefes de Estado.

Assim, fomos recebidos pela mãe do marajá de Jaipur, Dyia Kumari, para um chá no palácio real da cidade. Avançamos pelas estradas geralmente caóticas, por exemplo, a caminho do Taj Mahal, com batedores. E ganhamos a privilégio de ter o Palácios dos Ventos, Hawa Mahal, só para nós.

Me senti especial. Todos esses lugares estão abertos à visitação geral. Mas uma coisa é ver o Hawa Mahal com uma pequena multidão se acotovelando por uma selfie em frente a uma de suas 953 janelas. Outra é desfrutar dele com a intimidade das mulheres do marajá que moravam lá.

Ou, ainda, explorar a secreta Sala dos Perfumes, no Forte de Âmbar, em Jaipur, ou ter o famoso restaurante Virasat nos recebendo como membros da família real.

Mas nem só de visitas oficiais se faz uma viagem… Nas horas livres, eu ía para a rua descobrir coisas fora do roteiro. Do mercado de temperos em Udaipur ao chope com manga nas colunas de Connaught Place, em Nova Déli, eu me esforçava para viver um pouco da rotina local.

Foi assim que eu acabei tomando cerveja com a família do Rohan e parte do grupo que viajava comigo. Comecei conversando informalmente com ele. Logo estava levando mais gente para lá. Algumas horas depois, já éramos uma turma.

Tudo graças à maravilhosa música do acaso. Quando a gente viaja com boas intenções, as coisas acontecem naturalmente. Os prazeres superam as dificuldades. O bem supera o mal, a luz ganha das trevas.

Essa é exatamente a mensagem do Diwali. Durante cinco dias, com lamparinas espalhadas pelo país, os indianos celebram o Festival das Luzes, a vitória do conhecimento sobre a ignorância.

E talvez o mundo esteja precisado desse triunfo mais do que nunca. Todos nós precisamos celebrar a experiência de estar neste mundo.

Nem que seja numa abafada loja no mercado de Udaipur com gente incrível que você acabou de conhecer.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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