Foi após um curso de Diego Lozano que Léo Salles começou a trabalhar como confeiteiro, em 2016. Quase dez anos depois, os dois se reencontraram no MasterChef Confeitaria —o primeiro como jurado, o segundo como participante.

Salles venceu a segunda temporada do reality show da Band no episódio que foi ao ar na última terça (11). Durante o programa, o chef confeiteiro acumulou cinco pins, prêmio dado ao destaque de uma prova.

Na final, os participantes apresentaram três sobremesas. O vencedor surpreendeu os jurados ao usar um fruto do mar em uma de suas criações, o tartar de vieiras com sorbet de pêra, crocante de gengibre e bolo de gergelim.

“Não é uma coisa que eu faço no meu dia a dia. Foi justamente na intenção de causar esse espanto e essa surpresa com o sabor”, diz Salles, que acredita ter se destacado por sua inventividade na cozinha.

A possibilidade de criação foi o que atraiu o chef para a confeitaria em primeiro lugar. Formado cozinheiro pelo Senac de Petrópolis, ele trabalhava em um restaurante no Rio de Janeiro quando decidiu fazer o curso de Diego Lozano. Depois do intensivão de duas semanas, pediu demissão e se mudou para São Paulo a fim de seguir carreira com doces.

“Eu consegui unir essas minhas paixões, a gastronomia e a arte. A confeitaria, eu acho, é a síntese dessas duas coisas”, afirmou à Folha.

As mulheres de sua família, suas primeiras referências de cozinha, também tiveram papel importante nesse caminho —os bolos e docinhos feitos por elas eram destaque nas festas caseiras de sua infância e adolescência.

Nascido em São Paulo e criado em Petrópolis, o chef de apenas 30 anos passou por lugares conhecidos na confeitaria. Trabalhou na Casa do Sabor Amma, loja conceito da chocolateria baiana, e na Enoteca Saint VinSaint, extinto restaurante da sommelière Lis Cereja.

O confeiteiro ainda passou uma temporada no Lasai, único restaurante brasileiro na lista entre os 50 melhores do mundo. O convite do chef Rafa Costa e Silva era para que Salles trabalhasse no café Lasai, um projeto na época, mas se estendeu para que o confeiteiro integrasse a equipe do restaurante.

Para Salles, trabalhar com fine dining trouxe amadurecimento dentro da cozinha. “Foi uma das experiências mais transformadoras”, diz.

Mas sua vontade era trabalhar com confeitaria de vitrine. Saiu do Lasai e foi para a Absurda, casa do confeiteiro Henrique Rossanelli Horto.

Antes de entrar no reality, Salles trabalhava por conta, prestando consultoria na área. “Pensei: estou tentando trabalhar o meu nome, a minha confeitaria e a minha identidade, por que não?”. Fez a inscrição na expectativa de ganhar visibilidade, mas sem confiança na vitória.

Encontrar seus concorrentes no início do programa reforçou a insegurança. Com o tempo e os pins vencidos, ganhou também segurança em seu trabalho. Para ele, seu trunfo foi sabor, técnica e criatividade no visual dos doces —além de conseguir lidar com o desgaste psicológico das provas.

Agora, com a fama e o prêmio de R$ 150 mil, pretende abrir uma confeitaria própria, de vitrine, como chamam as casas com bolos e doces de decoração atraente. Mas fará isso sem pressa. “Não vai ser uma coisa no impulso. Eu gosto de ser assertivo”.