A masturbação é um dos primeiros atos de despertar da sexualidade. Na puberdade, quando os hormônios afloram, os desejos surgem e o corpo começa a mudar, a descoberta do prazer sexual costuma vir acompanhada da vontade de buscá-lo.
Tão antigas quanto a própria masturbação, porém, são as histórias dos supostos malefícios que ela pode trazer à saúde para ambos os sexos.
Um dos mitos mais persistentes ao longo dos séculos é a de que o excesso de “autoprazer” poderia levar à cegueira ou a mãos peludas. Hoje, é claro, sabemos que não há qualquer evidência factual nesses temores. Pelo contrário: cada vez mais, a ciência encontra uma série de benefícios fisiológicos e psíquicos relacionados à masturbação.
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Só que, neste caso, é bom cuidar para não levar o pêndulo demais para o outro lado: o excesso não vai fazer sua visão desaparecer, mas também pode ser danoso de outras formas.
Entenda melhor o que a ciência diz atualmente sobre a masturbação, seus benefícios e os perigos para quem exagera na dose.
Afinal, a masturbação pode fazer mal à saúde?
Por si mesma, a masturbação não é associada diretamente a problemas de saúde. Ela obviamente não causa cegueira nem mãos peludas, mas também não tem uma relação causal comprovada com questões mais sérias e modernas como redução da libido, disfunção erétil ou infertilidade.
Efeitos negativos associados à masturbação, porém, podem ocorrer quando ela se torna compulsiva. Neste caso, não é o ato em si que leva aos problemas, mas a dependência psicológica em torno dele, que pode vir associada, por exemplo, a questões como um vício em pornografia.
Pessoas com essa relação pouco saudável com o autoprazer podem vir a desenvolver problemas de intimidade com parceiros reais, com uma dificuldade de se excitar em situações que não correspondam às expectativas criadas diante da pornografia.
Isso, por sua vez, pode levar a consequências como disfunção erétil em homens ou falta de lubrificação adequada em mulheres, por exemplo, bem como uma dificuldade de chegar ao orgasmo – ou, ao contrário, conviver com a ejaculação precoce.
A compulsão pela masturbação também pode levar a decisões pouco sábias que podem provocar lesões físicas, como a inserção de objetos inadequados no corpo ou do próprio pênis em orifícios pouco recomendados para o ato.
Além disso, se você foi criado em um ambiente muito restritivo em torno da masturbação, por questões religiosas, culturais ou simplesmente pela falta de privacidade suficiente para executá-la, também é possível desenvolver uma relação psicológica negativa com o ato, com momentos de ansiedade ou sentimento de culpa diante dos desejos ou após se masturbar.
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Como identificar se a masturbação se tornou perigosa?
Não existe uma frequência considerada normal para a masturbação que seja indicada para todas as pessoas. O nível “saudável” pode variar de acordo com fatores individuais, culturais e até de saúde física e mental.
Ou seja, mais do que focar no número de vezes que você se masturba na semana, por exemplo, o mais importante é entender se o autoprazer está gerando consequências no seu dia a dia. Fique atento a sinais como:
- A vontade de se masturbar está afetando suas atividades cotidianas;
- Você sente que não está conseguindo se excitar em momentos íntimos com pessoas reais;
- Seu desejo sexual só aflora diante de vídeos e imagens pornográficos;
- Você até consegue manter relações sexuais, mas passou a enfrentar dificuldades relacionadas ao clímax, seja por atingi-lo rápido demais ou por desenvolver anorgasmia.
Diante dessas situações, é fundamental buscar orientação psicológica, preferencialmente com um profissional especializado em sexo e sexualidade. Sintomas físicos que surjam como consequência da compulsão na masturbação podem exigir aconselhamento com médico urologista ou ginecologista, conforme o caso.
A masturbação também traz benefícios
Quando sua relação com a masturbação ocorre de forma saudável, sem afetar sua vida sexual ou o dia a dia, ela pode trazer uma série de benefícios para o corpo e a mente. O orgasmo libera hormônios associados ao bem-estar e à redução do estresse e de dores, como a dopamina, a ocitocina e endorfinas.
O ato em si também pode levar a um melhor autoconhecimento do próprio corpo e das suas preferências sexuais, o que pode ter um efeito positivo diante de relações reais, ao entender o que funciona (e não funciona) para ter momentos melhores com seus parceiros.
No caso da masturbação masculina, ela também poderia estar associada a uma redução no risco de desenvolver câncer de próstata. Nesse caso, o segredo não seria apenas a masturbação, mas a ejaculação propriamente dita, que pode vir do autoprazer ou do sexo mesmo.
Um famoso estudo que vem acompanhando quase 32 mil homens desde 1992 tem demonstrado uma correlação entre uma maior frequência ejaculatória ao longo da vida e uma menor chance de receber diagnóstico de câncer na glândula.
Fonte.:Saúde Abril