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27 de agosto de 2025

Maya Massafera: uma mulher trans pode engravidar após um transplante de útero?

Maya Massafera: uma mulher trans pode engravidar após um transplante de útero?

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A influenciadora Maya Massafera revelou, em uma entrevista recente, que sonha em virar mãe. E planeja fazer isso de forma ambiciosa: ela deseja implantar um útero e engravidar.

Parte de uma longa conversa sobre o seu processo de transição de gênero, no qual Massafera diz já ter investido R$ 3 milhões, o desejo também trouxe à luz um desafio da medicina atual. Afinal, é possível realizar um transplante de útero e engravidar? E o que se sabe sobre esse procedimento em mulheres trans?

Confira a seguir mais detalhes sobre a técnica inovadora, e quais os seus limites atuais.

O que é o implante de útero

Aqui, não há muito mistério. O implante de útero, na verdade, é um procedimento de transplante que segue uma lógica parecida ao de outros órgãos: uma pessoa que não tenha útero (ou cujo útero tenha alguma disfunção que leva à infertilidade) pode recebê-lo de uma doadora que tenha essa estrutura saudável.

O útero pode ser doado por uma pessoa já falecida ou ainda viva, que não tenha mais planos de engravidar. Neste caso, há preferência por doadoras de uma mesma família, o que aumenta as chances de sucesso da técnica.

É possível engravidar com transplante de útero?

Sim, mulheres que já receberam transplante de útero podem engravidar e dar à luz bebês saudáveis. O primeiro caso registrado no mundo ocorreu na Suécia, em 2014. O procedimento é complexo e ainda raro, mas já foi realizado em diversos países, inclusive no Brasil.

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Estima-se que, em pouco mais de uma década desde o primeiro bebê nascido em um útero implantado, cerca de 135 transplantes já tenham sido realizados ao redor do planeta. Desses casos, sabe-se de ao menos 65 bebês nascidos com saúde.

No Brasil, o transplante de útero realizado em 2016 foi o primeiro registrado na América Latina. No final do ano seguinte, a paciente, que havia nascido sem o órgão, deu à luz um bebê saudável. Na época, o caso foi considerado pioneiro no mundo: não havia notícia de uma gestação bem-sucedida a partir de um útero vindo de uma doadora já falecida, apenas de outras pessoas ainda vivas.

+Leia também: Transplantes de útero serão feitos no Brasil. Quando a técnica é usada?

Qual a situação envolvendo mulheres transgênero?

Até aqui, todos os casos documentados de transplantes uterinos que renderam uma gravidez ocorreram em mulheres cisgênero, ou seja, que já haviam sido designadas como sendo do sexo biológico feminino ao nascerem.

A evolução da técnica vem criando esperanças em mulheres trans para que a situação mude no futuro, mas ainda há etapas a vencer até que o procedimento seja considerado seguro e viável nessa população.

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Segundo os pesquisadores, é necessário considerar distinções anatômicas e hormonais em relação às mulheres cis. Na prática, não dá para simplesmente aplicar a mesma técnica que é feita atualmente sem avaliar como essas diferenças atuam frente ao útero implantado.

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Retratada no filme ‘A Garota Dinamarquesa’, redesignação de gênero de Lili Elbe é a única tentativa documentada de um transplante de útero em mulher trans. Ela aparece retratada em 1930, um ano antes do procedimento que acabou não tendo sucesso (Welcome Collection/Wikimedia Commons)

Ainda hoje, o único caso documentado de um transplante uterino em uma mulher trans continua sendo o caso pioneiro de Lili Elbe, em 1931. Na época, essa operação revolucionária não havia sido realizada sequer em mulheres cis.

Deparando-se com as limitações da medicina do período, ela não resistiu à rejeição do órgão e faleceu de complicações associadas ao procedimento, três meses mais tarde. Sua história virou notória e foi retratada no filme A Garota Dinamarquesa (2015), em que Lili foi interpretada por Eddie Redmayne.

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Pesquisas para tentar viabilizar a técnica, porém, seguem sendo realizadas nos dias de hoje e são consideradas um avanço fundamental em prol da igualdade e inclusão.

Em 2021, um estudo sobre percepções de mulheres trans interessadas no transplante de útero ouviu 182 participantes. Mais de 90% afirmaram que o procedimento melhoraria a qualidade de vida de mulheres trans, reduziria sintomas de disforia, e favoreceria os sentimentos sobre a própria feminilidade.

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Fonte.:Saúde Abril

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