3:02 AM
24 de setembro de 2025

Menu afro-brasileiro do Yayá Comidaria é irregular – 23/09/2025 – Restaurantes

Menu afro-brasileiro do Yayá Comidaria é irregular – 23/09/2025 – Restaurantes

PUBLICIDADE


Bairro que vem ganhando cada vez mais opções de bares e restaurantes no Rio, o Leme passou a oferecer uma interessante proposta em 2021. Em plena pandemia, quando muitos estabelecimentos fecharam as portas, a chef Andressa Cabral fez o caminho inverso e inaugurou o Yayá Comidaria, casa dedicada à cultura gastronômica preta brasileira, com quitutes e ingredientes associados aos orixás e à ancestralidade.

Não por acaso, o prato de resistência do Yayá é o acarajé (R$ 59), parte do rito do candomblé e uma reverência às mulheres escravizadas que iam às ruas vendê-lo para comprar sua alforria. Os bolinhos de feijão-fradinho do acarajé servidos no restaurante chegam à mesa numa porção com seis unidades, fritos na hora no óleo de dendê.

Vatapá, caruru, salada e camarão seco vêm numa cuia de madeira, tudo em boas quantidades, lado a lado -o que é pouco prático, já que eles se misturam, e torna-se um desafio, por exemplo, pegar somente o vatapá ou qualquer outro ingrediente por si só. Vira uma mistureba confusa, mas inegavelmente saborosa.

Bolinhos de banana com carne seca (R$ 15), de jiló com linguiça (R$ 15), croqueta de moqueca (R$ 14) e pastel de carne com pequi (R$ 13) são outras opções de entradas e podem vir em um combo de três (R$ 38). Por serem apresentados no diminutivo, levavam a crer que seriam menores. Os bolinhos são parrudos, mas a eles faltou um mínimo de crocância.

Animada para provar o pastel de carne com pequi —como é difícil achar o fruto do cerrado em qualquer prato no Rio!—, tive de me contentar com apenas um leve cheirinho dele no salgado. O garçom, gentil nas duas visitas, disse que vinha bem picadinho para “não roubar o gosto”. Pena. Quem gosta de pequi sabe de sua potência e quer mais é que ele roube todos os gostos, ou pelo menos não desapareça por completo.

Frituras à parte, é muito bom o polvo com axé (R$ 47), molusco em conserva com cebola roxa e pimenta de cheiro. De consistência firme sem ser borrachudo, bem temperado e na temperatura ideal (frio, sem ser gelado), ficaria perfeito se as torradas que o acompanhavam fossem menos semelhantes às que são vendidas no supermercado ali pertinho.

O Yayá se sobressai nos principais. No cardápio há opções individuais, como o peixe à Inajá (R$ 68), pescado (dourado, no dia de uma das visitas) com molho de moqueca, camarões, arroz com coco, banana e queijo coalho e bolinho de feijão; carne assada com salada de maionese (R$ 59), moqueca de caju e castanha com arroz e farofa (R$ 60), e sobrecoxa de frango com quiabo (R$ 56).

Para dois (ou três, ou quatro), o destaque é a moqueca de frutos do mar (R$ 196). Peixe (dourado), lula, polvo e camarão são servidos numa panela de barro, com arroz e farofa à escolha. A moqueca em si é deliciosa, com os frutos do mar aparecendo sem timidez e o peixe, firme e pedaçudo.

Ao escolher os acompanhamentos, opte pelo arroz de coco queimado (meloso, gostoso), em vez do corriqueiro arroz branco. Há cinco possibilidades de farofa, mas a melhor delas, disparada, é a da Andressa, com gengibre e limão.

De sobremesa, a cocada mole (R$ 27), com algumas lascas de coco mais graúdas, cai bem antes do cafezinho, que infelizmente não tinha a opção de ser coado.



Fonte.:Folha de São Paulo

Leia mais

Rolar para cima