Lideranças do PL (Partido Liberal) e de outros partidos que se alinham ao ex-presidente Jair Bolsonaro acusam Michelle Bolsonaro de trabalhar exclusivamente para um projeto de poder pessoal em detrimento do conjunto do bolsonarismo.
Eles afirmam que a ex-primeira-dama está criando, ou ajudando a criar, confusão por causa de alianças eleitorais justamente em estados em que gostaria de emplacar o que um deputado chama de “feministas de direita” como candidatas ao Senado.
Elas teriam como característica, além de serem mulheres, uma extrema lealdade à ex-primeira-dama, que hoje preside o PL Mulher. Caso eleitas, deveriam a ela a vitória, e ajudariam a formar um núcleo de poder “michelista” dentro do PL.
O pano de fundo seria uma disputa dela com os filhos de Bolsonaro —especialmente Flávio pela liderança do espólio do ex-presidente, hoje preso e com atuação política limitada.
No Ceará, motivo da mais recente rusga entre Michelle e os enteados Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, ela faz lobby pela vereadora de Fortaleza Priscila Costa (PL) por uma das vagas do partido para a disputa. Evangélica, tem como bandeira a defesa de temas ligados à família e à vida.
O presidente do PL, André Fernandes, no entanto, quer emplacar o pai, Alcides, na disputa pelo Senado, numa chapa com Ciro Gomes ao governo do Estado e Eduardo Girão (Novo-CE) na segunda vaga ao Senado.
Michelle criticou duramente a aproximação com Ciro. “Isso não dá”, disse ela, gerando reação dos enteados, que a chamaram de autoritária.
Em Santa Catarina, a ex-primeira-dama apoia a candidatura ao Senado da deputada federal Caroline de Toni (PL-SC). O problema é que a vaga do partido no Estado já está reservada a Carlos Bolsonaro (PL-RJ). E a segunda vaga da coligação iria para o senador Esperidião Amin (PP-SC).
Michelle já deu declarações em favor de Carol, bem como a deputada Ana Campagnolo (PL-SC), ligada a ela e presidente do PL Mulher regional, que se rebelou e disse que Carol estava sendo preterida porque a vaga estava sendo “dada” a Carlos.
A parlamentar foi chamada de mentirosa por Carlos Bolsonaro, e Eduardo afirmou que ela estava se insurgindo contra o líder maior, Jair Bolsonaro, que determinou que o filho se lançasse candidato por SC.
Um terceiro ponto de divergência é o Distrito Federal. Michelle apoia as pretensões de Bia Kicis (PL-DF), que quer disputar o Senado, em detrimento de outros aliados da família Bolsonaro, como o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF).
com DIEGO ALEJANDRO, KARINA MATIAS e VICTÓRIA CÓCOLO
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Fonte.:Folha de S.Paulo


