A Microsoft revelou que demitiu duas funcionárias que realizaram protestos no aniversário de 50 anos da empresa. Ibtihal Aboussad e Vaniya Agrawal interromperam os discursos de alguns executivos da gigante, e até mesmo um painel envolvendo o co-fundador da empresa, Bill Gates.
Em um email enviado ao site The Verge, a Microsoft confirma o desligamento das ex-funcionárias por conta de seus atos. “Hoje mais cedo, você interrompeu um discurso do CEO da Microsoft AI, Mustafa Suleyman, durante o evento do 50º aniversário da empresa em Redmond, Seattle, gritando e apontando o dedo para o CEO diante de uma audiência ao vivo de milhares de participantes, e fazendo acusações hostis, não provocadas e altamente inapropriadas contra o CEO, a empresa e à Microsoft em geral”, diz a nota enviada à Aboussad.
A empresa ainda afirma que o comportamento de Ibtihal foi instável, enquanto o CEO Mustafa permaneceu calmo durante os ataques proferidos. Em uma conclusão da Microsoft, a empresa aponta que a ex-funcionária agiu dessa forma para “ganhar notoriedade e causar o máximo de perturbação a este evento tão aguardado”.
Ibtihal Aboussad foi demitida pelo time da Microsoft Canadá, enquanto outra manifestante, Vaniya Agrawal, realizou seus atos após ter enviado o pedido de demissão com aviso prévio. Na ocasião, Agrawal protestou em um painel com convidados importantes, incluindo o co-fundador da Microsoft, Bill Gates, o ex-CEO Steve Ballmer, e o atual CEO da companhia, Satya Nadella.
As duas ex-funcionárias foram direcionadas para fora da apresentação por seguranças do evento.
“Microsoft tem sangue nas mãos”
Na última sexta-feira (04), Aboussad e Agrawal ganharam notoriedade ao realizar um protesto na comemoração de 50 anos da Microsoft. O discurso de Aboussad foi o mais compartilhado e poderoso, em termos do teor do que foi apresentado.
“Que vergonha! […] Você é um aproveitador de guerra. Pare de usar IA para o genocídio, Mustafa. Pare de usar IA para genocídio em nossa região. Você tem sangue em suas mãos. Toda a Microsoft tem sangue em suas mãos. Como vocês ousam comemorar quando a Microsoft está matando crianças? Que vergonha de todos vocês”, disse Ibtihal ao CEO da Microsoft AI, Mustafa Suleyman.
Após ser retirada do evento, a protestante enviou um email para diversos empregados da Microsoft, explicando o motivo da interrupção à celebração. Engenheira na divisão de inteligência artificial há alguns anos, a ex-funcionária expôs uma cultura de trabalho que silenciava os trabalhadores palestinos da empresa, além de casos de assédio moral e humilhação.
A funcionária indica que toda a infraestrutura da Microsoft, como softwares, serviços de nuvem e consulta, são usados pelas autoridades de Israel para realizar o “genocídio de palestinos”, clamando que a organização lucra com a guerra.
Como aponta o The Verge, tanto Aboussad quanto Agrawal fazem parte do grupo No Azure for Apartheid (Sem Azure para o Apartheid). O grupo critica e tenta parar o possível apoio da Microsoft com o governo de Israel, que utiliza do serviço de nuvem Azure da empresa, para obter dados que favoreçam o país no conflito com a Palestina.

Até o momento, a Microsoft não comentou efetivamente sobre as acusações e a ligação das funcionárias com o grupo.
Para saber mais sobre a Microsoft e o desenrolar dessa história, é bom ficar ligado no site do TecMundo. Inclusive, há quase um ano o Google demitiu mais de 20 funcionários que protestaram contra um acordo da empresa com Israel.
Fonte.: TecMundo