11:24 AM
9 de setembro de 2025

Ministros do STF esperam retratação de Tarcísio após escalada de discurso no 7/9

Ministros do STF esperam retratação de Tarcísio após escalada de discurso no 7/9

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) avaliam que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deveria procurar integrantes do tribunal nos próximos dias para dar explicações sobre seu discurso na manifestação na avenida Paulista no domingo (7).

Não foram feitos contatos após 24 horas da fala. Dois ministros do Supremo afirmaram, sob reserva, que somente interlocutores de Tarcísio procuraram o tribunal para expor a situação do governador.

O governador paulista fez neste domingo seu mais duro ataque contra o Supremo e o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que pode levar Jair Bolsonaro (PL) à prisão.

Tarcísio chamou o magistrado de tirano e pediu uma anistia “ampla e irrestrita” que beneficie os condenados pelos ataques do 8 de Janeiro, o ex-presidente e os demais réus da trama golpista.

“Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega”, declarou de cima de caminhão de som. “Não vamos aceitar que nenhum ditador diga o que temos que fazer”, declarou.

Ao ouvir que a multidão gritava “fora, Moraes”, Tarcísio chamou o magistrado de ditador. “Por que é que vocês estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguente mais. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo neste país”, afirmou.

Ainda no domingo, o decano da corte, Gilmar Mendes, afirmou nas redes sociais neste domingo que crimes contra o Estado democrático de Direito não são passíveis de anistia e defendeu a punição dos responsáveis.

Ele não citou nominalmente Tarcísio, mas indicou que a resposta direta era ao governador ao dizer que no Brasil “não há ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos”.

Barroso, por sua vez, disse à coluna Mônica Bergamo, que o julgamento é um reflexo da realidade. “Por ora, o que posso dizer é que, tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia”, declarou.

A avaliação de três ministros ouvidos pela Folha é que o discurso de Tarcísio foi calculado e propositalmente radicalizado. Esse grupo entende que o governador decidiu escalar a crise com o Supremo por causa do retorno político que pode ter com a nova postura -ele é cotado para ser o candidato bolsonarista à Presidência em 2026, mas espera o aval do padrinho político para concorrer.

A leitura feita por eles é que Tarcísio deixou de lado o perfil moderado que cultivava com o Supremo e promoveu verdadeiros ataques ao tribunal, com investida direta contra Moraes.

Um deles disse que a decisão de Tarcísio de se radicalizar, assumindo o mesmo tom do pastor Silas Malafaia, é lamentável.

O resultado, dizem esses ministros, é o estremecimento na relação do governador com a corte. Tarcísio era um dos aliados de Bolsonaro com mais trânsito no Supremo -posição que o fez sofrer críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de outros expoentes do bolsonarismo.

Dois outros ministros afirmaram que o discurso de Tarcísio é, além de um movimento político, um desabafo diante da proximidade com o julgamento de Bolsonaro. Para eles, o governador não irá implodir suas relações com o Supremo, apesar de um estremecimento pontual.

MOVIMENTO POLÍTICO

Um aliado de Tarcísio disse, sob reserva, que o político ficou desconfortável com a repercussão negativa de sua fala no Judiciário e que não seria do feitio dele fazer críticas de forma tão incisiva.

Outro afirma que o governador deveria mesmo ter subido um pouco o tom, em meio ao julgamento do seu padrinho político, mas não precisava ser tanto.

Apesar disso, eles negam que Tarcísio tenha cometido erros e dizem que era preciso se posicionar politicamente, sobretudo diante de uma plateia de apoiadores.

A expectativa desses aliados é que ele não escale mais o tom contra o Supremo, para não implodir pontes. Eles dizem ainda não haver qualquer rompimento do governador com o tribunal.

O entorno do afilhado político de Bolsonaro, no geral, concorda com a avaliação de que o STF tem exagerado em suas decisões, nas palavras de aliados.

A expectativa deles é de que o governador busque os ministros do Supremo em outro momento. Se ele o fizesse agora, poderia parecer um recuo ou que ele tem medo da corte.

O discurso de Tarcísio também reavivou no Supremo o debate sobre as propostas de anistia que rondam o Congresso às vésperas do julgamento da trama golpista.

Uma ala do Supremo tem defendido que o tribunal precisa ser mais aberto ao clamor popular em torno do perdão aos bolsonaristas envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro, sem interditar o debate ou antecipar eventual declaração de inconstitucionalidade de uma lei sobre o tema.

Os defensores dessa avaliação representam um grupo ainda minoritário no Supremo, mas avaliam ter espaço para a adesão de novos integrantes do tribunal nesta tese.



Fonte. Noticias ao minuto

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