9:48 AM
6 de julho de 2025

Monitores de glicose para não diabéticos: prevenção inteligente ou modismo perigoso?

Monitores de glicose para não diabéticos: prevenção inteligente ou modismo perigoso?

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Os sensores de glicose contínua, marcador importante no controle de diabetes, têm ganhado espaço entre pessoas que não convivem com a doença. A lista inclui atletas, biohackers, influenciadores e indivíduos que buscam entender melhor como o corpo reage aos alimentos.

Discretos e conectados ao celular, esses dispositivos registram a variação da glicose 24 horas por dia, com promessas de melhorar hábitos alimentares, desempenho físico e prevenir doenças metabólicas.

Os sensores de glicose contínua (CGMs, da sigla em inglês) foram criados para ajudar no controle do diabetes tipo 1 e tipo 2, permitindo ajustes alimentares e de medicação com base em dados em tempo real.

Mas, fora do contexto clínico, será que essa ferramenta é realmente útil?

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Alertas

A lógica parece razoável: controlar picos glicêmicos, mesmo sem diabetes, poderia evitar inflamações, ganho de peso e resistência à insulina.

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Há evidências de que a resposta glicêmica a um mesmo alimento pode variar muito entre indivíduos, influenciada por fatores como microbiota, composição corporal, estresse, sono e horário da refeição.

Por outro lado, médicos e nutricionistas alertam para o risco de interpretações equivocadas.

Oscilações moderadas de glicose após refeições são normais e fisiológicas. Encará-las como algo perigoso pode levar a uma vigilância excessiva, ansiedade alimentar, dietas desnecessariamente restritivas e até distúrbios alimentares em pessoas vulneráveis.

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Além disso, a leitura dos dados exige conhecimento técnico. Os sensores apresentam pequenas variações e atrasos em relação à glicemia sanguínea e podem gerar interpretações erradas se usados sem orientação.

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Utilidade do recurso

Desconsiderando o diabetes, o uso de CGMs pode ser indicado em contextos específicos e sempre com acompanhamento profissional:

  • pré-diabetes e resistência à insulina, para mapear padrões glicêmicos;
  • obesidade e síndrome metabólica, para monitorar riscos e personalizar o cuidado;
  • programas de emagrecimento supervisionados, com foco em resposta alimentar;
  • atletas de alta performance, que ajustam a ingestão de carboidratos em tempo real.
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Nesses casos, o CGM pode ser uma ferramenta educativa e estratégica, desde que usado com equilíbrio e sem obsessão.

*Filippo Pedrinola é médico endocrinologista e head nacional de endocrinologia e metabologia da Brazil Health.

*Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health

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Fonte.:Saúde Abril

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