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15 de dezembro de 2025

Mototáxis têm elevada taxa de acidentes – 15/12/2025 – Cotidiano

Mototáxis têm elevada taxa de acidentes – 15/12/2025 – Cotidiano

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Mais de 50 estudos em 12 países envolvendo a atividade de mototaxistas revelam prevalência de acidentes de trânsito bem acima da média de motociclistas particulares e de entregadores.

Os trabalhos fornecem recomendações severas para a regulamentação e fiscalização do trânsito como formas de diminuir as ocorrências. Eles abrangem principalmente países de renda média (como o Brasil) e baixa na África, no Sudeste Asiático e na América Latina, incluindo algumas cidades brasileiras onde a atividade ocorre.

As principais causas de acidentes estão relacionadas a longas jornadas de trabalho, descumprimento das regras de trânsito (como excesso de velocidade), condução noturna e uso de substâncias psicoativas para aumento da capacidade de trabalho dos mototaxistas.

Entre as medidas recomendadas para diminuir os acidentes constam:

  1. limitação da jornada de trabalho
  2. regulamentação de tarifas mínimas para diminuir pressões para que os condutores trabalhem demais
  3. constituição de cooperativas de mototaxistas para que se autofiscalizem
  4. aplicação abrangente e rígida das leis de trânsito, com cursos para os profissionais
  5. melhora na estrutura viária onde o serviço é realizado.

Na terça (9), após imposição da Justiça, o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) sancionou projeto de lei que regulamenta o serviço em São Paulo. A prefeitura estipulou prazo de 60 dias para averiguar o cumprimento de regras estabelecidas.

Entre elas, constam a restrição da operação em vias expressas e no centro expandido; curso especializado de 30 horas; placas diferenciadas e equipamentos extras de segurança; e seguro funerário obrigatório. Há previsão de multas de R$ 4.000 a R$ 1,5 milhão às empresas que descumprirem as normas.

Um dos trabalhos (“Transportation Research Part F: Psychology and Behaviour“, consolidado pela Elsevier, empresa de informações analíticas e publicações científicas) faz um compêndio de 56 artigos acadêmicos de África, Ásia e América Latina envolvendo uma amostra de 26.134 mototaxistas, distinguindo-os de motociclistas particulares e entregadores.

Os profissionais eram predominantemente do sexo masculino (mais de 97% dos participantes em 83% dos estudos) e as taxas de acidentes de trânsito relatadas variaram entre 25,8% e 78,6% entre os estudos.

Outro trabalho (“Acidentes de trabalho com mototaxistas“, da Universidade Estadual de Feira de Santana), chegou a uma taxa de acidentes bem menor no município baiano, de 10,5%. O estudo de caráter descritivo e censitário envolveu 267 mototaxistas cadastrados e entrevistados na Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Feira de Santana (BA).

Embora o levantamento não compare mototaxistas com motociclistas não-profissionais, ele coteja a incidência de 10,5% em Feira de Santana (660,8 mil habitantes) com outros estudos semelhantes focados na mesma categoria profissional em outras cidades, como Fortaleza, no Ceará (20,4% acidentes), e Castanhal, no Pará (63%), entre outras.

Os autores sugerem que a incidência mais baixa na cidade baiana pode ser explicada pelo fato de o serviço ser bastante regulamentado em nível municipal e o profissional autônomo depender do seu trabalho para sobreviver, o que pode incentivá-los a ser “mais cuidadosos”.

Outro estudo transversal sobre o tema, publicado na Revista Brasileira de Enfermagem (“Prevalência e fatores associados a acidentes de trânsito com mototaxistas“, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) analisou a ocorrência de acidentes e os fatores associados em Caicó (67,5 mil habitantes). Foram ouvidos 420 profissionais.

Dos entrevistados, 63,6% já tinham sofrido pelo menos um acidente, sendo que 26,6% tiveram lesões na face ou na região maxilomandibular. Os mais jovens, entre 20 e 30 anos, eram a maioria entre os acidentados.

Os mototaxistas relataram trabalhar, em média, 12 horas por dia e 89% jamais tinham participado de ações educativas nem recebido informações sobre prevenção e conduta –mesmo após os acidentes de trânsito.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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