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3 de setembro de 2025

“Mounjaro do Paraguai”: entenda os riscos de canetas emagrecedoras sem regulamentação

“Mounjaro do Paraguai”: entenda os riscos de canetas emagrecedoras sem regulamentação

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O surgimento no mercado de qualquer produto de sucesso costuma ser acompanhado da criação de réplicas duvidosas tampouco confiáveis. Infelizmente, o mesmo acontece com remédios e os resultados podem ser ainda mais perigosos para a saúde de quem se aventura a comprar.

Medicamentos para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, chamados informalmente de “canetas emagrecedoras”, também têm sido alvo do comércio ilícito no Brasil, que inclui tanto falsificações quanto produtos sem registro sanitário.

Atualmente, estão autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no país as medicações à base de semaglutida (Ozempic e Wegovy), liraglutida (Saxenda, Lirux e Olire), e tirzepatida (Mounjaro e Zepbound).

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Os desafios no combate à comercialização de remédios sem a devida regulamentação perpassam as estradas que interligam países vizinhos.

No Paraguai, por exemplo, circula uma ampla variedade de opções de canetas emagrecedoras que não são aprovadas por aqui, e que podem ser adquiridas sem grandes entraves. Assim, pessoas têm cruzado a fronteira em busca de versões mais baratas das canetas emagrecedoras, que podem custar até dez vezes menos do que as originais.

Em vídeos publicados nas redes sociais, são exibidas longas filas de espera nas farmácias do país vizinho e detalhados os princípios ativos, ou seja, as substâncias que fornecem o efeito aos fármacos, assim como o nome dos remédios.

Entre elas, destaca-se o Lipoless (supostamente à base de tirzepatida), vendido livremente em farmácias paraguaias, sem a necessidade de prescrição médica, ao contrário do que rege a regulamentação brasileira para essa classe de medicação.

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@lucianomelosantana Posso comprar medicamento no Paraguai como por exemplo ozempic ou monjauro utilizados por pessoas por exemplo que tem diabetes e trazer par o Brasil? Sim é possível comprar medicamentos no exterior e trazer no conceito de bagagem acompanhada, porém alguns medicamentos que tenham substancias controladas pelo governo não podem Eu estive na ponte da amizade e conversei com a finalização da anvisa e esses medicamentos podem ser importados no conceito de bagagem acompanhada e está sujeito a fiscalização, tenha atestado médico e quantidade compatível com o receituário médico IMPORTANTE: NÃO USE REMÉDIO SEM RECEITA MÉDICA Este vídeo é direcionado para pessoas que usam esses medicamentos com acompanhamento médico Não se trata de publicidade, e sim ajudar pacientes a economizar em seu tratamento Se conheçe algum amigo que faz uso desses remédios, marca ele aqui No Paraguai, são outro laboratórios que produzem esses remédios E você sabia dessa informação? #comprasparaguai #paraguay #viageminternacional ♬ som original – Math tere

Ainda no contexto da fronteira terrestre, servidores da Receita Federal realizaram a apreensão de quase 130 canetas injetáveis no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, no Paraná, em maio.

O transporte ilegal nas bagagens de um passageiro foi barrado no momento da detecção pelo equipamento de scanner. Questionado, o responsável pelas malas afirmou que a mercadoria tinha origem em Londres, na Inglaterra, cidade de onde partiu para Madri, na Espanha, e embarcou para Assunção, no Paraguai.

Do país vizinho, segundo o relato do passageiro, o trajeto até Foz do Iguaçu teria sido feito de ônibus. Segundo a Receita, o objetivo era embarcar com destino a Natal, no Rio Grande do Norte, onde parte do conteúdo seria comercializado. A outra quantia seria vendida em Belém, no Pará, com valor de R$3 mil. O passageiro foi detido e encaminhado para a Polícia Federal.

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No Brasil, a venda de medicamentos sem registro na Anvisa é proibida, devido à ausência de segurança, eficácia e qualidade dos produtos.

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Operações da PF levam à prisão de suspeitos e a apreensão de material ilícito (Foto: Polícia Federal/Divulgação)

Série de apreensões

Mas essa é apenas parte do problema.

Nos últimos meses, diversas operações resultaram na prisão de suspeitos e na apreensão de versões falsificadas ou sem regulamentação dos novos medicamentos.

No dia 31 de agosto, uma pessoa foi presa em flagrante por suspeita de contrabando na rodovia MT-100, na região de Pontal do Araguaia, no Mato Grosso.

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Para chegar à abordagem, a Polícia Federal (PF) informou, sem mais detalhes, ter realizado diligências que apontaram para uma entrada clandestina de remédios de origem estrangeira no país, sem registro junto à Anvisa.

De acordo com a PF, especula-se que os produtos eram vendidos por meio de redes sociais. Além disso, há indícios de prescrição informal por pessoa não habilitada.

Entre os itens apreendidos estão diversos medicamentos, incluindo substâncias com efeitos de emagrecimento, anabolizante e vasodilatação, além de produtos para revenda.

Em meados de agosto, outra operação da PF, desta vez na capital federal, terminou com a prisão em flagrante de um homem portando quase 200 canetas emagrecedoras, no Aeroporto Internacional de Brasília.

Segundo a PF, o material de origem estrangeira também veio parar no país sem a autorização dos órgãos competentes. Por isso, o preso foi conduzido à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, onde responderá pelo crime de contrabando.

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Uma mulher brasileira, de Taúa, no Ceará, de origem Bruxelas com conexão em Madri, e Fortaleza como destino final tinha os produtos colados ao corpo. Segundo a Receita Federal, a passageira foi identificada por meio de trabalho integrado e informações compartilhadas por suas equipes em todo o país.

Em abril, outra ação impediu a entrada ilegal dos produtos no Brasil. Um casal de brasileiros foi preso em flagrante no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ao tentar entrar no país com quase 50 canetas sem regulamentação.

Segundo a PF, a medicação foi escondida entre bebidas alcoólicas, com o objetivo de burlar a fiscalização.

Riscos do uso de versões irregulares

A médica endocrinologista Claudia Schimidt, do Einstein Hospital Israelita, explica injetar produto ilegais no corpo envolve um conjunto de preocupações. “Os riscos são potencialmente sérios e, até certo ponto, imprevisíveis. É muito difícil saber quem vai ter um problema relacionado a isso ou não. Então, acaba sendo uma prática arriscada”, alerta Schimidt.

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Um dos casos mais surpreendentes registrados foi desmantelado pela Receita Federal, em junho, com a apreensão de 60 unidades de um medicamento ainda em fase de estudos clínicos (relembre todo o caso aqui), a retatrutida (Synedica Retatrutide), além de 30 canetas de Mounjaro.

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“Um dos pontos de preocupação é a composição daquele conteúdo. Pode ser que se prometa ser um certo medicamento, como Ozempic ou Mounjaro, e esteja presente outro composto ali. Além disso, o fato de não ter toda uma fiscalização sanitária traz riscos associados à contaminação, com chance de infecção”, frisa Schimidt.

No caso das versões comercializadas no Paraguai, não é possível confirmar a composição real do remédio, visto que o país não tem uma agência sanitária tão robusta quanto a Anvisa.

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Fonte.:Saúde Abril

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