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16 de dezembro de 2025

MP apura interrupção de exames em hospitais e UBSs de SP – 16/12/2025 – Equilíbrio e Saúde

MP apura interrupção de exames em hospitais e UBSs de SP – 16/12/2025 – Equilíbrio e Saúde

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Moradores da cidade de São Paulo começaram a enfrentar nesta terça-feira (16) a suspensão de exames laboratoriais em hospitais e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade. A paralisação ocorre após a Afip (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa) interromper os serviços por causa de uma dívida de R$ 120 milhões da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O Ministério Público abriu investigação para apurar as causas do problema e as medidas adotadas pelo município.

A Afip suspendeu exames como análises de sangue, fezes e urina em cinco hospitais municipais e 111 UBSs das zonas leste e oeste da cidade. A Folha esteve nesta terça-feira em duas unidades básicas no centro da capital paulista, onde funcionários disseram que os exames estavam sendo realizados normalmente, com exceção do papanicolau. Segundo a Afip, esse exame pode ser feito por outro fornecedor, já que o contrato suspenso com a entidade abrange apenas exames laboratoriais.

No Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, na Bela Vista, a informação repassada foi de que os exames laboratoriais estão suspensos por tempo indeterminado. Segundo a unidade, apenas a demanda interna está sendo atendida, o que impede o acolhimento de pacientes encaminhados por UBSs, por exemplo.

A Afip afirma atender cerca de 200 mil pacientes e realizar aproximadamente 2 milhões de exames por mês em unidades de saúde da Prefeitura de São Paulo.

Na sexta-feira (12), os promotores Dora Martin Strilicherk e Arthur Pinto Filho, do Ministério Público de São Paulo, instauraram procedimento para apurar a suspensão dos exames laboratoriais em unidades de saúde da capital paulista. A iniciativa ocorreu após reportagem da Folha apontar o risco de milhares de pacientes ficarem sem exames essenciais.

Segundo o Ministério Público, foram solicitados esclarecimentos ao Poder Executivo municipal sobre a estratégia da Secretaria Municipal da Saúde para garantir a continuidade do atendimento no SUS e o acesso a diagnóstico adequado.

A Secretaria Municipal da Saúde afirmou que um plano de contingência foi elaborado previamente e implementado nesta terça-feira para absorver a demanda de exames nas unidades atendidas pela Afip. A pasta disse entender que a decisão da entidade de descontinuar unilateralmente um serviço essencial é inadequada.

Sobre os valores, a administração municipal afirmou ter repassado à associação R$ 212 milhões em 2025, “mantendo todos os repasses indenizatórios e contratuais para a continuidade dos serviços prestados”.

Segundo a secretaria, há valores adicionais estimados em R$ 102 milhões em fase final de conferência e liquidação, “seguindo integralmente os ritos previstos na legislação vigente e previamente comunicados à associação”. A pasta afirmou ainda que a recomposição operacional está sendo feita por meio dos contratos de gestão com organizações sociais já vigentes na rede.

Questionada, a prefeitura não disse o que os pacientes devem fazer caso não encontrem os serviços nas unidades atendidas pela Afip nem comentou a suspensão do exame papanicolau nas duas unidades visitadas pela Folha.

A Afip afirma que a suspensão ocorreu após meses de tentativas de diálogo sem resposta efetiva da Secretaria Municipal da Saúde. Segundo a entidade, a continuidade das operações tornou-se inviável diante do volume e da duração dos atrasos, que incluem débitos antigos e um atraso de oito meses apenas entre 2024 e 2025.

A associação diz ainda que, nos últimos 12 meses, deixou de receber valores referentes a oito deles e que os R$ 212 milhões citados pela prefeitura se referem a outros contratos mantidos com a gestão municipal.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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