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30 de dezembro de 2025

MPF investiga prefeitura do Rio por show gospel no réveillon 2026

MPF investiga prefeitura do Rio por show gospel no réveillon 2026

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O Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro informou ter instaurado um inquérito civil para investigar a prefeitura da capital fluminense por suspeita de “discriminação cultural e religiosa”. A investigação ocorre à luz da montagem de um show de música gospel no réveillon de Copacabana, na zona sul da cidade.

Para o MPF, a decisão do executivo municipal pode ter deixado de cumprir compromissos assumidos pelo estado brasileiro na Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, bem como da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, da UNESCO.

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“O MPF requisitou à Prefeitura do Rio de Janeiro mais informações sobre os critérios adotados para a definição e a destinação de recursos públicos para eventos culturais realizados nas praias durante o Réveillon de 2026”, diz o comunicado do MPF, obtido pela Gazeta do Povo.

O prazo colocado pelo MPF é o dia 21 de janeiro de 2026. A data coincide com o Dia Mundial da Religião, que no Brasil é a data dedicada ao combate à intolerância religiosa. Procurada, a prefeitura do Rio ainda não respondeu. O espaço segue aberto a manifestações.

Em seu X, o prefeito divulgou o vídeo de uma coletiva de imprensa em que comenta o tema. Paes se define como “o prefeito que mais promove a liberdade religiosa” e que, “apesar de católico”, “ama o samba” e comparece a eventos como a lavagem da Sapucaí, onde incorporaria “energias que não sabe de onde vêm”.

“Tem uma parte muito importante, significativa da população, que curte música gospel, que pode ter seu espaço e que não vinha a Copacabana, e vai vir a Copacabana e ver o sujeito fazer uma oferenda a Iemanjá, que maravilha!”, disse Paes.

AME1021. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 29/12/2025.- Devotos entregam oferendas a Iemanjá em Copacabana. EFE/André Coelho (Foto: EFE)

Discussão no X

No fim de semana, o prefeito Eduardo Paes (PSD) respondeu de maneira pública a uma cobrança dirigida pelo babalaô (sacerdote) de uma religião de matriz africana. O religioso questionou o incentivo público ao evento de música evangélica na praia do Leme.

“É impressionante o nível de preconceito dessa gente. O réveillon da praia de Copacabana é de todos! A música gospel também pode ter seu lugar. Assim como o samba, o rock, o piseiro, o frevo, a música baiana, a mpb, a bossa nova…. Cada um que fique no ritmo que mais curte! O povo Cristão também tem direito a celebrar! Amém! Axé! Shalom! Namaste!”, escreveu Paes em sua conta no X, respondendo a uma postagem que reproduzia a coluna de Ancelmo Gois com a crítica ao evento gospel.

Em suas redes sociais, sacerdote Ivanir dos Santos disse que a celebração, de Copacabana, considerada a maior do mundo pelo Guinness “só se tornou uma das maiores festas de passagem de ano do mundo” por causa da cultura negra.  

“É muito chato nós sabermos que fomos mais uma vez excluídos, as tradições religiosas e culturais que construíram esta festa não têm recebido a mesma atenção (…). Faço uma pergunta ao prefeito Eduardo Paes: qual foi a política pública feita para as culturas afro-brasileiras?”, provocou Ivanir em seu perfil no Instagram.



Fonte. Gazeta do Povo

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