1:31 PM
23 de dezembro de 2025

Nail design: técnicas com unhas artificiais trazem riscos à saúde

Nail design: técnicas com unhas artificiais trazem riscos à saúde

PUBLICIDADE



Ler Resumo

Qual pessoa vaidosa não gostaria de ter unhas bonitas e impecáveis por semanas? Imagine ter tudo isso sem medo de lavar louça, digitar freneticamente no celular ou sobreviver à maratona de festas de fim de ano. Essa é a promessa da esmaltação em gel, do alongamento de unhas e outros métodos de nail art que dominam os salões quando dezembro chega.

De um lado, nessa época do ano, ninguém quer sair mal nas fotos. Do outro, as técnicas podem causar riscos à saúde das unhas naturais, da pele e todo o organismo. Os problemas estão associados a procedimentos agressivos, combinação de substâncias químicas pouco amigáveis e exposição repetida à luz ultravioleta. Entenda melhor a seguir:

O alerta que veio das agências regulatórias

Em 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso de duas substâncias presentes em produtos para unhas em gel e outros tipos de alongamento: o TPO (óxido de difenil) e o DMPT (dimetiltolilamina).

Esses compostos são responsáveis por reagir à luz UV ou LED e promover o endurecimento do gel no processo conhecido como “cura” das unhas. Os alertas surgiram a partir de estudos experimentais, principalmente em animais, que indicaram que o TPO pode ter efeitos tóxicos sobre a fertilidade, enquanto o DMPT/DMPA levantou suspeitas de potencial carcinogênico.

A decisão da Anvisa seguiu a mesma linha adotada pela União Europeia, que havia banido essas substâncias semanas antes.

Esses achados não significam que os esmaltes em gel causem, por si só, câncer ou infertilidade, mas foram suficientes para acionar o princípio da precaução.

Impacto nas unhas naturais

Marcos regulatórios à parte, fato é que, mesmo quando não há substâncias proibidas envolvidas, o próprio processo de aplicação das unhas artificiais já é considerado agressivo para a natural.

Continua após a publicidade

Os principais pontos de atenção são, em geral, três: o uso de químicos com potencial irritante ou alergênico; o desgaste intenso da unha e, em alguns casos, a exposição frequente à luz ultravioleta. Esses elementos estão presentes, em maior ou menor grau, nas técnicas mais populares de alongamento e esmaltação durável.

“É um procedimento agressivo, que exige que a unha seja muito lixada e desbastada, seguida da aplicação de uma série de produtos químicos”, explica a dermatologista Rosana Lazzarini, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

“Todo o processo é crítico”, ressalta. Isso porque exige uma série de etapas nas quais “a unha natural praticamente é destruída”, reitera. Inclusive, com essas técnicas, pode ser causado um dano à matriz da unha, que é a região responsável pela sua formação.

Em alguns casos, esse dano é temporário. Em outros, dependendo da intensidade, ele pode ser definitivo. Pode haver, assim, prejuízo ao desenvolvimento da lâmina ungueal (parte visível, dura e transparente da unha). Composta por camadas de queratina compactada, essa área é a grande responsável por proteger as pontas dos dedos e ajudar na preensão.

Além disso, as extensões podem representar risco à saúde da pele e do organismo como um todo.

Continua após a publicidade

Alergias e inflamações

Um risco importante é a dermatite alérgica causada pelo contato com os acrilatos utilizados nesses procedimentos. Nesse caso, o dano nem sempre se restringe à unha, mas pode atingir o dedo, a pele ao redor da unha ou comprometer a estrutura ungueal como um todo.

Em um relato de caso publicado na revista Skin Appendage Disord, por exemplo, médicos descreveram dois quadros de dermatite alérgica de contato que, segundo sugeriram os autores, foram associados ao uso de unhas de acrílico e esmaltes em gel com cura ultravioleta.

Como consequência, as pacientes teriam apresentado onicodistrofia grave, que são alterações na estrutura, forma, espessura e crescimento das unhas.

Além disso, pessoas com a pele sensível, com psoríase da unha ou alguma infecção, por exemplo, devem evitar esse tipo de procedimento. “O trauma é capaz de piorar uma doença da pele ou unhas”, explicou a dermatologista Valéria Marcondes, de São Paulo, para reportagem anterior de VEJA SAÚDE.

Outros problemas associados, segundo a SBD, incluem: fragilidade, deformidades e manchas nas unhas; e infecções bacterianas ou fúngicas, resultantes de aplicação ou remoção agressiva.

Continua após a publicidade

+Leia também: Dermatofitose: infecção causa coceira e vermelhidão na pele

Quem está mais exposto aos riscos

Os clientes estão sujeitos, mas a principal preocupação recai sobre as profissionais de nail design. Isso porque elas manipulam esses produtos diversas vezes ao dia, ao longo de meses ou anos, o que resulta em uma exposição muito mais intensa.

Nem mesmo o uso de luvas elimina totalmente o problema. “As resinas acrílicas e os acrilatos utilizados nesses procedimentos conseguem atravessar o material das luvas, mantendo o risco de absorção pela pele e pelas vias respiratórias”, diz Rosana.

Existe, portanto, o tal risco sistêmico, que está sendo cogitado pela Anvisa. Como já mencionado, as duas substâncias proibidas, por exemplo, tinham potencial para causar prejuízo à fertilidade e possível efeito cancerígeno.

“Existem também alguns trabalhos na literatura — poucos, um ou dois relatos de caso, ainda sem grande robustez científica — que descrevem mulheres que desenvolveram câncer de pele no dorso dos dedos, justamente pela exposição repetida à luz ultravioleta utilizada na confecção dessas unhas de acrilato“, menciona a dermatologista.

O que a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda

A SBD reforça que a prevenção é o melhor caminho quando o assunto é alongamento e esmaltação em gel. Segundo a sociedade, o ideal é evitar o uso desses procedimentos. Mas, em caso de uso, é importante evitar que seja contínuo e reservá-lo para datas especiais.

Continua após a publicidade

Além disso, a entidade médica elenca algumas recomendações:

  • Verifique se os produtos usados no salão são regularizados pela Anvisa e constam na lista de itens liberados pela agência;
  • Faça pausas entre uma esmaltação e outra, permitindo que a unha natural se recupere;
  • Profissionais devem usar equipamentos de proteção individual (EPIs) e reduzir ao máximo a exposição direta às substâncias químicas;
  • Respeite o intervalo de manutenção, que deve ocorrer, a cada 15 dias — ou, no máximo, 21 dias — para avaliar possíveis infiltrações ou deslocamentos;
  • Não lixe unhas de gel ou acrigel em casa, pois isso aumenta o risco de danos e infecções;
  • Na remoção do esmalte, evite acetona e prefira removedores específicos;
  • A retirada das unhas artificiais deve ser feita apenas por um profissional capacitado;
  • Após a remoção, não aplique esmalte imediatamente; prefira hidratantes próprios para unhas e cutículas, várias vezes ao dia;
  • Tenha atenção a sinais de alerta, como dor, coceira, vermelhidão, descamação, alteração de cor ou descolamento da unha;

Quem deve evitar o procedimento

A SBD também informa que os seguintes grupos não devem usar esse unhas de gel, acrílico e afins:

  • Pessoas alérgicas aos componentes utilizados;
  • Quem tem pele sensível, psoríase ungueal, infecções ou micoses;
  • Gestantes;
  • Pessoas com diabetes;
  • Pacientes em tratamento contra o câncer;
  • Menores de 16 anos.

Compartilhe essa matéria via:



Fonte.:Saúde Abril

Leia mais

Rolar para cima