Além de ser um dos principais centros de pesquisa biomédica do Brasil, o Instituto Butantan é também um espaço de lazer na Zona Oeste de São Paulo. Seu amplo parque arborizado fica repleto de crianças brincando nos finais de semana e há uma porção de atrações educativas dentro do complexo. Algumas já são velhas conhecidas dentre os paulistanos, como o Museu Biológico e o icônico Serpentário, mas há um espaço novo que foi inaugurado em fevereiro de 2025: o Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEv).
Estrutura suspensa entre as árvores que permite conhecer espécies raras ameaçadas de extinção, o LEEv pode ser visitado gratuitamente mediante reserva pelo site oficial. Os tours acontecem de quarta-feira a domingo, às 10h, 11h, 14h e 15h. Escolhi um sábado, às 14h, para fazer o passeio.

Depois de passar pela entrada do instituto, que fica no fim da Avenida Vital Brasil, encontrar o laboratório foi uma aventura à parte. É preciso passar pelo Serpentário e pelo imponente Edifício Vital Brasil rumo ao boulevard principal. No fim da praça, há uma discreta curva onde começa a Rua Adolfo Lutz. Quase no portão da Universidade de São Paulo, a via fica meio escondida entre as árvores, mas é por ali que você precisa seguir para chegar ao LEEv.
Conforme adentrava a floresta, surgiu a estrutura com quatro edifícios suspensos sobre o matagal que levou até prêmio: em 2023, o projeto do laboratório ganhou na categoria “Pequeno Porte” do Prêmio Talento Engenharia Estrutural. Ali me juntei aos outros visitantes, um grupo composto principalmente por famílias com crianças acompanhadas dos pais, tios e avós. Éramos em 15 pessoas, sendo que as visitas acontecem com no máximo 20 por sessão.
Uma educadora nos guiou pelas passarelas do conjunto, que abriga mais de 20 espécies em viveiros do tipo “aquário”. Basicamente, cada animal fica em cenários que reproduzem seu habitat natural e podem ser observados por janelas.
No Bloco 1, dez terrários com cobras atraíram a atenção. Neles, descansavam desde a inofensiva cobra-do-milho (Pantherophis guttatus) até a jararaca-de-alcatrazes (Bothrops alcatraz), nativa do Arquipélago de Alcatrazes, próximo de São Sebastião.

Conhecemos também espécies da perigosa Ilha das Cobras, no litoral sul de São Paulo, que é povoada por serpentes com características únicas, como a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), que vive nas árvores e se alimenta de pássaros.
Além de ver, pudemos tocar. A educadora passou aos visitantes um chocalho de cascavel e um pedaço de pele de cobra para tatearmos. Dentre reações de surpresa e espanto, os pequenos adoraram.
A maioria das espécies no laboratório é rara, e o passeio pode ser uma chance única de vê-las. Um dos garotos que participava do grupo definiu o local como um “cofre do fim do mundo”, em que os espécimes ficariam preservados mesmo se sumissem da natureza.
Os Blocos 2 e 3 são reservados à equipe administrativa, além dos pesquisadores e alunos. Durante o fim de semana, esse prédio fica vazio, mas em dias úteis é possível acompanhar os cientistas trabalhando. Das janelas vimos a sala de bem-estar animal, momento em que a guia nos explicou sobre boas práticas de manejo das espécies do laboratório.

Abaixo de nós, estava o reptário, uma gigantesca área dedicada a tartarugas, jabutis e cágados. Sem se importar com nossa presença, esses animais seguiram sua vida nadando, escavando buracos e dormindo pela grama. Nesse momento, pude sanar dúvidas sobre a diferença entre os três espécimes, além de vê-los em ação na água e na terra. Esses seres esverdeados atraíram a atenção da criançada, que ficou observando por um bom tempo a pacata, mas curiosa, rotina das tartaruguinhas.
Ao fim da plataforma principal fica o gran finale da atividade: o viveiro da jararaca-ilhoa. Por enquanto, a estrutura segue sem esses animais, já que os pesquisadores responsáveis aguardam o crescimento das plantas no local para que este se torne próprio para receber as cobras — que são semi-arborícolas e precisam de troncos para viver. Mas, quando estiver pronto, o espaço recriará um trecho da misteriosa Ilha das Cobras. Será uma chance rara de conhecer, com toda segurança, o ambiente isolado e perigoso onde essas serpentes dominam a paisagem.

O passeio entreteve as crianças do começo ao fim. Suspensos dentre as árvores, os pequenos puderam dividir sua atenção entre os curiosos espécimes e as belezas naturais da Mata Atlântica. Os adultos não ficaram de fora, e ver os avós fazendo perguntas à educadora me lembrou que nunca é tarde para aprender conteúdos novos.
Por sorte, conseguimos terminar o passeio antes que começasse a chover. Em casos de temporal, a atividade é cancelada automaticamente e um aviso é enviado ao e-mail cadastrado na inscrição.
Especialmente aos sábados, às 15h, o LEEV realiza também a atividade “Mão na Cobra”, em que os corajosos podem segurar os animais em uma experiência tátil e pedagógica, sempre com supervisão de educadores. Quando fui reservar, a experiência já estava lotada, então fica a lição: é importante garantir seu lugar com antecedência.
Mais do Butantan
Fundado em 1901 como centro de produção de vacinas, o Instituto Butantan abriu suas portas ao público em 1966, com a inauguração do Museu Biológico. Desde então, o complexo só cresceu: ao longo das décadas, novos espaços de visitação, exposições e atividades para toda a família transformaram a instituição em um dos passeios mais fascinantes de São Paulo.
A área de visitação pública é hoje organizada sob o nome de Parque da Ciência. São cerca de 725 mil m², integrado por museus, viveiros de animais, áreas verdes e infraestrutura para lazer, educação e contato com natureza. Por lá, você não encontrará somente os cientistas do presente, mas pequenos curiosos que podem, ao se encantar pelos laboratórios, se tornar os pesquisadores do futuro.

Ali, logo me deparei com o gigante Serpentário, emoldurado pela bela flora local. Uma pena que as serpentes estivessem escondidas: no calor do sol a pino, os animais se escondem. Já os humanos fazem bem em passar protetor solar e repelente.
Do outro lado, acima de uma colina, fica o imponente Edifício Vital Brasil, com traços de art noveau, sinuosos como as curvas da natureza. Hoje, o prédio abriga a Biblioteca Científica, com salas de exposição sobre a história do Instituto, além do Espaço de Leitura Semear Leitores para crianças e jovens.

Seguindo em frente chega-se ao boulevard principal, onde famílias passeavam e os pequenos brincavam alegres. Praça de alimentação com trailers, banheiros, bebedouros e lugares à sombra estão disponíveis no espaço.
A lista de atrações continua com o Museu de Microbiologia, o Museu Histórico do Instituto Butantan, o macacário, o Horto Oswaldo Cruz, além de áreas abertas como jardins e praças.

Serviço
Onde? O Instituto Butantan fica na Avenida Vital Brasil, 1.500 (entrada do Parque da Ciência). O LEEv está localizado na Rua Adolfo Lutz, 1.100, ao final do boulevard.
Quando? O parque abre todos os dias, das 7h às 18h. As visitas ao LEEv acontecem de quarta-feira a domingo, exceto feriados, com sessões disponíveis às 10h, 11h, 14h e 15h. Somente aos sábados, às 15h, há a atividade “Mão na Cobra”.
Quanto? O acesso ao Parque da Ciência é gratuito. A visita ao LEEv também é gratuita, mas é preciso resgatar o ingresso pelo site oficial. Os demais museus são pagos: é necessário comprar o ingresso na bilheteria física, de forma presencial.
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Fonte.:Viagen


