Foi o fim do mundo tal qual o conhecíamos. Há cinco anos, com a pandemia declarada, a humanidade, tão soberana de si, se viu acuada e dobrada por um vírus. E aí foi a guerra pela vida que todos nós presenciamos e testemunhamos — muitos inclusive no papel de pacientes ou parentes e amigos das vítimas da covid-19.
A avalanche de mudanças no modo de se relacionar, trabalhar, estudar e resguardar a si e aos outros fez irromper o tal do “novo normal”, um termo que se desidratou de tão usado e falado.
Mais de 1 800 dias depois de a OMS instaurar o estado de emergência sanitária — felizmente revogado com a contenção dos danos em maio de 2023 —, vivemos com aquela sensação de que a crise ocorreu há séculos… Ou ontem mesmo.
Só que a Terra gira, e, na esteira de tantas rotações, a impressão é que algumas lições e legados da era do coronavírus acabaram esquecidos ou ignorados. O fato é que vivemos, sim, um novo normal. Mas não (apenas) aquele instaurado por tempos de peste. O novo normal é o mundo sob o jugo do aquecimento global.
Com as mudanças climáticas, começamos a vislumbrar e a sentir na própria pele as reações do meio ambiente a décadas (ou séculos) de exploração humana desenfreada. E não se trata de colher apenas o que plantamos.
O drama continua, inclusive com nações poderosas se negando a rever prerrogativas e compromissos em prol de um planeta sustentável. Nesse novo normal, que pode pavimentar um caminho sem volta, tudo leva a crer que estaremos fritos.
Que brasileiro não reclamou das ondas de calor dos últimos meses? Pois, mesmo se o termômetro arrefecer, é bom ter em mente que a chapa voltará a esquentar com maior frequência.
Lidar com esse inferno térmico é um dos desafios que teremos de encarar daqui em diante. Um desafio que maltrata o corpo e requer cuidados para não incinerar a saúde, como alerta a reportagem de capa desta edição — um manual de sobrevivência para o tal do novo normal.
O duro é que, se as coisas continuarem como estão — com a temperatura média global subindo —, não ficaremos apenas cozinhando, ávidos por um ventilador ou um ar-condicionado na sala. Estaremos expostos a outros eventos extremos, como chuvas torrenciais, e aos terríveis reflexos das alterações climáticas na agricultura, na economia e na alimentação.
Sob o risco de ainda vermos despertar outra pandemia — afinal, a degradação ambiental conspira a favor de micróbios emergentes. Esse não é um filme de terror. É a realidade nua, quente e crua. Ou nos mobilizamos e fazemos nossa parte ou nossa saúde também vai derreter.
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Fonte.:Saúde Abril