
Crédito, AFP via Getty Images
- Author, Ian Williams
- Role, BBC Sport Africa
 
Para Rayno Nel, há algo especial em poder se chamar o homem mais forte do mundo.
O sul-africano de 30 anos conquistou o prestigioso título em sua estreia na competição, em maio, algo que surpreendeu muitas pessoas, inclusive ele mesmo.
“Eu não entrei neste ano realmente pensando que esta seria a competição em que eu subiria ao topo do pódio”, disse ele ao programa Not by the Playbook, da BBC World Service.
“Ainda parece tão irreal já ter alcançado isso. Você pode ter um cinturão do UFC, o que significa que você sabe lutar bem, mas o World’s Strongest Man… há algo no título, em ser o mais forte.”
O que torna sua conquista ainda mais notável é que Nel, o primeiro africano a conquistar o título, só começou a competir no esporte de strongman (provas de força, conhecidas internacionalmente como Strongman) em 2023, quatro anos depois de ter desistido do sonho inicial de jogar rugby profissional.
Tendo crescido em Upington, uma cidade na província do Cabo do Norte que Nel descreve como “muito isolada”, ele conhecia o strongman, mas admite que foi “sorte” ter se envolvido no esporte depois de vários anos trabalhando em tempo integral como engenheiro eletricista.
“Eu queria praticar um esporte competitivo”, explicou.
“Adoro a adrenalina de estar em um ambiente competitivo. Sou uma das pessoas que realmente gosta de se colocar em situações difíceis.”
Carne, macarrão e oito horas de treino

Crédito, Speedshots
Difícil certamente é uma forma de descrever o treinamento de strongman – especialmente para alguém com um trabalho das 9 às 17 horas como Nel.
“Todo o meu tempo livre, o tempo livre da minha esposa, vai para o strongman”, revelou ele.
“Treinei três horas em três noites diferentes da semana, e aos sábados tenho uma sessão muito longa, de seis a oito horas.
Eu consumo até 6.000 calorias por dia. Como alimentos saudáveis. Felizmente, na África do Sul, carne vermelha não é tão cara, então comi muito bife, biltong e depois massa.”
Pesando 148 kg e medindo 1,91 m de altura, um recente ajuste de terno fez com que o alfaiate não encontrasse uma camisa grande o suficiente para o pescoço de Nel.
Considerando seu tamanho, e estando em um país cheio de reservas de vida selvagem, não demorou para que um novo apelido pegasse.
“Fui apelidado de Rinoceronte da África do Sul, o que acho bastante adequado”, disse ele. “Gosto disso.”
Uma enxurrada de emoção
O Rinoceronte avançou rumo ao título de World’s Strongest Man 2025 na capital do estado da Califórnia, Sacramento, superando o tricampeão Tom Stoltman, da Grã-Bretanha, por apenas meio ponto.
Depois de passar por dois dias de qualificatórias, Nel terminou entre os três primeiros em quatro das cinco provas que compuseram a final.
Após levantar impressionantes 490 kg no levantamento terra — cerca da metade do peso de um dos rinocerontes-negros criticamente ameaçados da África do Sul — Nel assumiu uma liderança confortável na penúltima prova, o Flintstone Press, um desenvolvimento de ombro por trás do pescoço.
“Olhando para trás, aquele foi o momento menos divertido e o pior da competição”, lembrou Nel, cuja vantagem caiu de sete pontos para apenas dois e meio depois que ele falhou na segunda tentativa.
“Não foi o mais pesado, que exigisse mais do meu corpo, mas mentalmente foi o momento mais difícil da competição.”
Felizmente, ele acredita que a força mental é um de seus pontos fortes.
“Nós, competidores, ficamos na mesma sala por quatro dias, então com certeza há alguns jogos mentais. Eu foco no meu próprio trabalho, então também não entro nesses jogos.”
“Mas, para ser honesto, todos os caras com quem competi são pessoas incríveis, então não tem nada de ruim nisso.”
Na prova final, os famosos Atlas Stones, em que os atletas levantam bolas esféricas pesadas, de peso crescente, e as colocam em plataformas elevadas na altura do peito, Nel podia se dar ao luxo de terminar no máximo duas posições atrás de Stoltman.
Com o campeão de 2024 terminando em primeiro, Nel garantiu o terceiro lugar por menos de um segundo, conquistando a vitória geral pela menor margem possível.
“É uma enxurrada de emoção”, recordou o sul-africano sobre aquele momento de vitória.
“Minha família estava lá, minha esposa, meus sogros. Meu treinador também é um grande amigo meu, então foi apenas um momento em que todos viram que todos os sacrifícios deles, junto com os meus, deram frutos.”
“Não é apenas um hobby que faço e que ocupa o tempo livre de todo mundo, mas realmente é algo que pode fazer bem para nossas vidas.”
Herança do strongman no sul da África

Crédito, Gallo images via Getty Images
Nel diz que a vida certamente mudou desde sua vitória inesperada, descrevendo os dias como “extremamente ocupados”.
“Tem sido mídia e reuniões com patrocinadores em potencial”, explicou ele.
“Eu adoro. É pelo que trabalhei, então abraço isso o máximo que posso. Mas, definitivamente, minha vida não é a mesma.”
Ele também se tornou uma figura muito mais reconhecível em seu país.
“Acho que a África como um todo enfrenta muitas dificuldades em nossos países. Ter algumas notícias positivas… E o apoio que recebi das pessoas em casa é apenas uma prova de como nosso país é maravilhoso. Sinto-me muito honrado e privilegiado por representar meu país.”
Nel agora espera trazer o World’s Strongest Man de volta ao continente, com África do Sul, Botswana, Maurício e Zâmbia já tendo sediado a competição — algo que, segundo ele, prova que existe “uma grande herança do strongman na ponta sul da África”.
E embora esteja mirando outros títulos, ele diz que manter sua coroa atual é a prioridade número um.
“O título mais prestigiado é o World’s Strongest Man. Gostaria de defendê-lo uma ou duas vezes.”
Fonte.:BBC NEWS BRASIL 
 
				

 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								