Caribe é, para muitos, sinônimo de sombra e água fresca diante de um mar num tom de azul difícil de achar mesmo em países como o Brasil, conhecido por belas praias. Mas em Porto Rico, berço do reggaeton e terra de Bad Bunny e seu incensado álbum “Debí Tirar Más Fotos“, é preciso ir além.
A capital, San Juan, oferece um amplo panorama da ilha, com muito para ver, comer, beber e experimentar. Veja um roteiro para conhecê-la em três dias.
Dia 1
Não há lugar melhor para começar do que Viejo San Juan, o centro histórico. Ele é formado por ruas estreitas de paralelepípedos e cheias de casinhas coloridas, construídas coladas umas às outras. A arquitetura lembra a de cidades espanholas como Sevilha, na Andaluzia, região de onde Cristóvão Colombo partiu em direção a Porto Rico, um ano após ter conhecido a América.
Ali são oferecidos diversos passeios, mas um bom ponto de partida é o tour gastronômico da Flavors San Juan (US$ 135). Ele percorre cinco endereços e, a cada prato, conhecemos mais a história da ilha, uma colônia da Espanha que, desde o século 19, é território dos Estados Unidos.
A culinária não nega suas raízes ibéricas, com uso constante de bacalhau, mas o que predomina é a influência africana, com os pratos fritos trazidos por escravizados pela Espanha. É o caso do mofongo, que lembra um cuscuz paulista, mas é feito com bananas-da-terra, que são fritas e depois amassadas num pilão com alho e carne de porco ou frango. Arroz e feijão, assim como no Brasil, também é comum no dia a dia.
De barriga cheia, é hora de conhecer as fortificações militares construídas pelos espanhóis à beira mar, o Castillo de San Felipe del Morro e o Castillo de San Cristóbal (US$ 15). Eles se misturam à favela La Perla, que tem de ser cruzada por quem deseja conhecer as grandes portas da cidade, hoje figurativas —não é perigoso andar por lá, mas evite fotografar e filmar a região, pois isso pode irritar os moradores.
Entre um forte e outro, há um amplo gramado onde é possível sentar para descansar, fazer um piquenique ou, como os locais, empinar pipas. A poucos passos dali há o Museo de las Americas (US$ 6), construído num antigo alojamento de soldados. Sua coleção reúne obras que traduzem a pluralidade do continente, de brancos, indígenas e africanos.
Para um jantar informal, é também na região central que estão os bares e restaurantes mais celebrados. Uma ruína chique numa casa secular, o La Factoría, um dos mais concorridos do momento, oferece uma coquetelaria refrescante, que tem como carro-chefe o Lavender Mule (US$ 12,80), feito de vodca, lavanda, chá de gengibre e frutas cítricas. Seus oito ambientes, conectados por corredores e escadas estreitas e escuras, são um convite para uma noite toda, mas permita-se ir de um bar para o outro, sem nenhum rumo.
Dia 2
“Por la mañana, café; por la tarde, ron.” Este é o conselho de Bad Bunny em um de seus principais hits, “Café con Ron”. Mas você está de folga. Por que não começar o dia numa fábrica de rum?
Numa visita à Casa Bacardí é possível não só conhecer como é feita a bebida mais popular do Caribe, por US$ 40, mas degustar seus rótulos e aprender a fazer drinques sem errar a mão, experiência oferecida por US$ 80 extras.
Em seguida, vá a Santurce, o bairro mais descolado da cidade. A primeira parada é o Museo de Arte de Puerto Rico (US$ 12), casa de artistas que investigam as raízes da ilha e temas contemporâneos —os favoritos de Pepon Osorio, conhecido pela instalação “En la Barbería No se Llora”, que esmiúça o ambiente da barbearia para escancarar o machismo em comunidades latinas.
À noite, não há lugar melhor do que a Placita de Santurce, um mercadão a céu aberto que se transforma num inferninho a altas horas. É o lugar ideal para conhecer os boricuas —como são chamados os porto-riquenhos— e treinar a língua com seu espanhol diferente, além de conhecer novos artistas e gêneros musicais —como a bomba e a plena— e se arriscar no perreo, dança que não economiza na sensualidade.
Dia 3
Após dois dias intensos para os olhos e o paladar, relaxe. A praia ainda é uma parada obrigatória. As mais populares ficam em Ocean Park, bairro onde estão os hotéis mais luxuosos. A proximidade com o centro histórico cria uma paisagem curiosa —da areia, é possível avistar as fortificações militares—, com um pôr do sol convidativo tanto à contemplação quanto a uma corrida.
O principal hotel da região é o Caribe Hilton, um resort com atividades o dia todo, para todas as idades. Seu principal restaurante, o Caribar, não deixa a desejar aos de chefs da cidade. Berço da piña colada, ele é aberto para não hóspedes e parada frequente entre quem deseja conhecer a coquetelaria porto-riquenha —vale experimentar a carta inspirada nas músicas do novo álbum de Bad Bunny, “Debí Tirar Más Fotos”. As diárias saem a partir de US$ 285, equivalentes a R$ 1.556,70.
Mas se a ideia é fugir do agito vale conhecer Isla Verde, praia na qual é possível alugar cadeira e guarda-sol por US$ 15. Ali também é servida a piña colada, mais leve e menos açucarada do que aquela feita no Brasil, que vai muito bem no calor à beira mar.
Uma opção de hospedagem na região, mais simples, mas que mantém o conforto, é o Tryp by Wyndham de Isla Verde, em Carolina, cidade vizinha a San Juan e ainda próxima dos pontos turísticos. A praia bem em frente ao hotel, menos cheia, abriga uma faixa de areia mais ampla. As diárias saem a partir de US$ 160 (R$ 873).
Como chegar
Não há rotas diretas do Brasil. A principal via passa por Miami, conectada a San Juan por um voo de duas horas e meia, com saídas o dia todo. Há voos de Bogotá e Medelín, da Cidade do Panamá e da Cidade do México, com menor frequência. É preciso de visto americano para viajar
Fonte.:Folha de S.Paulo