O Brasil está envelhecendo. E rápido. Segundo o Censo 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em apenas 12 anos. Em 2030, seremos a quinta população mais idosa do mundo. E em 2046, os idosos serão o maior grupo etário do país.
Esses números não são apenas estatísticas, são alertas. Eles nos dizem que o futuro será vivido por quem já viveu muito. E que precisamos, urgentemente, repensar como cuidamos, incluímos e respeitamos quem envelhece.
O envelhecimento populacional é uma conquista. Mas também é um desafio coletivo. E ele não se resolve apenas com políticas públicas ou infraestrutura. Ele exige uma mudança de mentalidade.
O peso invisível do etarismo
O preconceito contra pessoas idosas o etarismo é silencioso, mas constante. Ele aparece nas piadas, nas exclusões sutis, nas interfaces digitais que não consideram diferentes ritmos de interação. Ele aparece quando tratamos a idade como sinônimo de incapacidade.
Esse tipo de exclusão não é apenas social. É emocional. E no mês em que também celebramos o Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro), é essencial reconhecer que o bem-estar psicológico dos idosos precisa ser prioridade.
Solidão, ansiedade, depressão e perda de autonomia são riscos reais e muitas vezes agravados por ambientes que não acolhem, não escutam, não adaptam.
Tecnologia que respeita o tempo
A tecnologia pode ser uma aliada poderosa do envelhecimento saudável. Mas só quando é pensada para incluir. Interfaces simplificadas, comandos por voz, assistentes digitais, aplicativos de saúde e plataformas de telemedicina são ferramentas que podem transformar a vida de quem envelhece desde que respeitem seus ritmos, suas histórias e suas necessidades.
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Não se trata de, simploriamente, “ensinar a pessoa idosa a usar tecnologia”. Trata-se de criar tecnologia que não exclua quem envelhece.
O futuro não se constrói sozinho
Se o Brasil está se tornando um país majoritariamente idoso, então o futuro precisa ser desenhado com essa realidade no centro não à margem. Isso exige mais do que boas intenções. Exige ação coordenada entre quem projeta produtos, desenvolve políticas, lidera equipes, comunica ideias e cuida de pessoas.
Não é apenas o setor de tecnologia que precisa se adaptar. É toda a cadeia de inovação, serviço e cuidado. Desde quem define a arquitetura de um aplicativo até quem decide o tom de uma campanha publicitária. Desde quem escreve leis até quem implementa treinamentos em empresas.
Envelhecer com dignidade depende de escolhas que são feitas hoje por todos nós. E essas escolhas precisam reconhecer que a longevidade é uma conquista coletiva, que só se sustenta com respeito, escuta e adaptação.
Fonte.: TecMundo