2:59 AM
5 de outubro de 2025

O que você precisa saber sobre a relação entre autismo e Tylenol

O que você precisa saber sobre a relação entre autismo e Tylenol

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Uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou alvoroço em comunidades médicas do mundo inteiro e abalou famílias, principalmente as mães, das pessoas que têm algum grau do transtorno do espectro autista (TEA).

Segundo Trump, a FDA (Food and Drug Administration) notificaria médicos de que o uso de Tylenol durante a gravidez “pode estar associado a um risco muito maior de autismo”, relacionando o analgésico (utilizado para febre e dores de cabeça, principalmente por gestantes) com o crescimento do número de diagnósticos de TEA entre as crianças.

No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e agências internacionais de saúde como o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido e a Comissão Europeia afirmaram que não há evidências científicas conclusivas que liguem o uso de paracetamol durante a gravidez ao autismo.

As diretrizes médicas indicam que o medicamento é a “primeira escolha” de analgésico para tratar gestantes, podendo ser utilizado durante toda a gestação sem causar danos ao bebê.

Números do autismo no mundo e no Brasil

De acordo com relatório da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiências dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), uma em cada 31 crianças nos EUA é identificada como autista aos 8 anos de idade. O levantamento foi feito em 16 locais dos Estados Unidos em 2022.

No Brasil, segundo dados do Censo de 2022, cerca de 2,4 milhões de pessoas foram diagnosticadas com autismo. Entre as crianças de 5 a 9 anos, os números chegam a 2,6% da população.

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A organização Autistas Brasil critica declarações como a de Trump e alerta para o risco de políticas que desumanizam pessoas autistas.

+Leia também: “Infelizmente, o tratamento do autismo virou um grande negócio”

Fatores que explicam o aumento nos diagnósticos

O coordenador de neurologia do Sabará Hospital Infantil, Dr. Carlos Takeuchi, explica que “o TEA é resultado de alterações no desenvolvimento cerebral e tem origem multifatorial, podendo estar relacionado a fatores genéticos e ambientais, isoladamente ou em conjunto”.

Segundo ele, desde 2013, com a atualização do DSM-5 (manual de referência para diagnóstico de transtornos psiquiátricos), os critérios de identificação do TEA foram ampliados. Além disso, o maior conhecimento das famílias, a melhor capacitação dos profissionais de saúde e a crescente busca por atendimento contribuem diretamente para o aumento no número de diagnósticos.

Do ponto de vista pediátrico, o crescimento nos diagnósticos coincide com essa maior sensibilização. Já o paracetamol é usado por gestantes muito antes desse período, sem mudanças significativas de frequência no consumo.

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O que os estudos científicos mais recentes mostram

Especialistas que atendem crianças e adolescentes com TEA reforçam que, de acordo com as informações disponíveis, o uso do paracetamol é seguro para gestantes.

Um estudo publicado pela revista científica JAMA, em 2024, analisou dados de quase 2,5 milhões de crianças na Suécia para investigar se o uso do medicamento na gravidez estaria associado a maior risco de autismo, TDAH ou deficiência intelectual.

O resultado não encontrou evidências científicas claras que comprovem relação direta entre o uso prudente do medicamento e problemas de desenvolvimento neurológico durante a gestação.

Mães não devem carregar culpa

Portanto, mães que tenham utilizado o remédio devem ficar tranquilas.

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“É fundamental termos cautela ao abordar possíveis associações entre o uso de medicamentos, como o paracetamol, e o desenvolvimento do autismo. A mãe que utilizou o medicamento durante a gestação e tem um filho com TEA não deve carregar o peso dessa responsabilidade. Esse tipo de pensamento pode gerar sofrimento psicológico profundo, desestruturar emocionalmente a mulher e impactar toda a dinâmica familiar. Como médicos, nosso papel é evitar que se crie um problema adicional desnecessário; não se deve terceirizar a culpa por uma condição multifatorial como o autismo”, afirma Dr. Takeuchi.

A importância do acompanhamento médico

Mulheres que planejam engravidar devem procurar orientação médica para saber quais medicamentos podem ou não utilizar, considerando seu estado de saúde.

Já as gestantes devem realizar o pré-natal, que é a melhor forma de garantir uma infância saudável para o bebê.

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Fonte.:Saúde Abril

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