7:17 PM
4 de julho de 2025

Os três fatores que impactam intensamente a saúde mental de adolescentes

Os três fatores que impactam intensamente a saúde mental de adolescentes

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Assunto em alta, a saúde mental dos adolescentes tem sido alvo de diversos estudos mundo afora. Compreender os mecanismos que interferem no emocional dos jovens é crucial para desenvolver medidas para mitigar o problema, como políticas públicas.

Nesse contexto, o impacto de fatores de conexão social na saúde mental de adolescentes no Brasil e no Reino Unido foi investigado em um estudo internacional.

Os achados, publicados no Journal of Child Psychology and Psychiatry, revelam ao menos três pontos de atenção. Estão consistentemente associados a problemas de saúde mental em ambos os países:

  • Viver em um arranjo familiar “não convencional” (“non-intact family structures”) – convivência com meios-irmãos ou pais separados;
  • mudar de endereço, ter dificuldades para fazer amigos;
  • ser vítima de (ou praticar) bullying

Bullying é o termo em inglês que se popularizou para indicar intimidação sistemática, com violência física ou psicológica, envolvendo atos de humilhação ou discriminação por meio de insultos, ameaças ou comentários e apelidos pejorativos.

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Acompanhados por três anos, 11 756 jovens foram avaliados (2 010 do Brasil e 9 746 do Reino Unido) para verificar associações entre potenciais fatores geradores e sintomas internalizantes (emocionais) e externalizantes (comportamentais) de adoecimento mental.

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Os internalizantes são reações que se expressam em relação ao próprio indivíduo, como ansiedade e depressão. Os externalizantes manifestam-se em direção a outras pessoas, como agredir, mentir ou roubar.

Foram feitas reuniões com jovens para examinar quais fatores sociais eles acreditavam ser importantes e que poderiam impactar na sua saúde mental. Em seguida, os pesquisadores identificaram variáveis semelhantes entre os dois grupos de adolescentes do Brasil e do Reino Unido.

“Após essa harmonização de dados, foram utilizadas técnicas para garantir que eram comparáveis e a partir daí foram feitas as análises”, explica o médico Maurício Scopel Hoffmann, pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), um dos autores da pesquisa.

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Ao longo da investigação, foram observadas algumas diferenças entre os grupos de adolescentes estudados nos dois países.

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Enquanto os jovens do Reino Unido apresentaram maiores impactos na saúde mental associados ao bullying, no Brasil o tamanho da família pareceu ser um fator de risco para problemas internalizantes.

Os fatores analisados foram:

Conexão social estrutural

• Tamanho da família / domicílio;
• Número de irmãos ou meios-irmãos no domicílio;
• Estado civil da mãe: casada ou vivendo com o pai biológico; separada vivendo com outra pessoa; separada; mãe solteira; viúva e outros;
• Autorrelato de “ter um bom amigo” (sim / não);
• Morte de pai / mãe ou cuidador (não / sim);
• Mudança de endereço desde a última entrevista (não / sim);

Conexão social funcional

• Bullying sofrido relatado pelo próprio (nunca / alguma vez);
• Bullying praticado relatado pelo próprio (nunca / alguma vez);

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Conexão social de qualidade

• Relatado pelos pais que “se dá bem com os amigos” (sem dificuldades / com dificuldades);
• Relacionamento cuidador principal-criança (próximo / não próximo);

“Os resultados indicam que existem fatores sociais gerais e específicos que impactam a saúde mental de jovens de diferentes países”, diz Hoffmann, integrante do Centro Nacional de Ciência e Inovação em Saúde Mental (CISM), que é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“E também reforçam a importância de se levar em consideração esses fatores para o desenho de políticas públicas que promovam ambientes sociais saudáveis para os jovens, adaptadas às necessidades de diferentes populações.”

Entre os autores do artigo estão outros membros do CISM: Eurípedes Constantino Miguel, chefe do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador-geral do centro, Luis Augusto Rohde, vice-coordenador, e Giovanni Abrahão Salum, pesquisador.

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*Texto adaptado da Agência Fapesp com informações do CISM.

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Fonte.:Saúde Abril

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