Durante audiência de custódia realizada nesta segunda-feira (05), um dos presos pelo assalto à agência do Sicredi em Brasnorte (MT), identificado como Fabrício da Silva Lima, denunciou ter sido submetido a maus-tratos após detenção em Vilhena (RO).
Segundo o relato de Fabrício à Justiça, ele teria sido vítima de agressões e abusos físicos durante o cumprimento do mandado de prisão. Alegou ainda que teve seus direitos violados por agentes da unidade especializada, o que, segundo ele, comprometeria a legalidade de sua detenção.
Fabrício afirmou que policiais da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) teriam jogado água no rosto dele por cerca de duas horas, pisado seu estômago (em dois policiais ao mesmo tempo), e o ameaçado de morte caso não revelasse informações sobre o dinheiro roubado. Segundo ele, estavam em quatro policiais. ” Jogaram água na minha cara. Ficaram 2 horas afogando e pisando em cima de mim. Me tirou, levou no banheiro, colocou sacola na cara, pisaram no meu estômago… Aí teve um que perguntou: Você tem filho? Ou você fala onde está o dinheiro ou vamos partir para sua família”.
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Ele afirmou que se rendeu sem resistências, mas mesmo assim foi levado a uma fazenda isolada, onde teria sido torturado enquanto interrogado. Ao relatar o sofrimento, exibiu hematomas e disse estar sem conseguir se alimentar desde o momento do ocorrido.
A Justiça, por sua vez, manteve a prisão de Fabrício da Silva Lima, destacando a periculosidade do réu e o histórico criminal que envolve acusações por tráfico, associação criminosa e outros crimes graves.
Procedimento Administrativo
A Corregedoria da Polícia Militar instaurou procedimento administrativo disciplinar para apurar as acusações feitas durante a audiência do custódia. Houve prisão preventiva dos agentes, que respondem por crimes como corrupção passiva, prevaricação, associação criminosa armada e sequestro.
A Polícia Civil, por meio da GCCO, segue com as investigações para esclarecer responsabilidades e recuperar o dinheiro roubado. Já o Poder Judiciário converteu a prisão temporária dos envolvidos em preventiva, garantindo a continuidade do processo.
Os policiais citados na audiência não se manifestaram oficialmente até o momento, mas fontes da segurança pública afirmam que todas as ações seguiram os protocolos legais e foram devidamente registradas. O GCCO, conhecido por atuar em casos de alta periculosidade, deve emitir uma nota sobre as declarações do detento nas próximas horas.
Novo Cangaço em Brasnorte
O assalto ocorreu em 31 de julho de 2025, quando quatro homens armados invadiram a cooperativa Sicredi em Brasnorte, fizeram reféns — dois funcionários — e fugiram com uma quantia não divulgada, usando uma caminhonete Hilux como veículo de fuga.
A operação foi planejada por cerca de 20 dias e envolvia apoio logístico de empresários e moradores da cidade, além de dois cabos da Polícia Militar acusados de obstruir a resposta policial em troca de pagamento.
No total, ao menos 14 pessoas foram presas até os primeiros dias de agosto, incluindo os criminosos, facilitadores — como empresários — e os PMs suspeitos de retardar a perseguição após o roubo por cerca de cinco minutos O comando da PM-MT confirmou o afastamento imediato dos cabos envolvidos, que aguardam desdobramentos em local seguro determinado pela Corregedoria.
Fonte.: MT MAIS