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9 de setembro de 2025

Podemos usar inteligência artificial com propósito social – 09/09/2025 – Papo de Responsa

Podemos usar inteligência artificial com propósito social – 09/09/2025 – Papo de Responsa

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Associar inteligência artificial à ambição da transformação social positiva. Esse desafio, que muda a percepção negativa que temos dessa tecnologia, é, no Brasil, a realidade de alguns negócios de impacto social e ambiental.

Estou falando de uma IA que está sendo treinada para escutar territórios, traduzir e combater vulnerabilidades e apoiar organizações que promovem o combate às desigualdades.

Além da Simbi, cito mais dois negócios: Ana Health e H2B. Os três têm demonstrado que, quando ancorada em evidências e responsabilidade ética, a IA pode se tornar aliada potente na resolução de problemas socioambientais persistentes.

Do redirecionamento de recursos para territórios vulneráveis à personalização do cuidado em saúde e à construção de teorias de mudança por organizações de impacto, os exemplos apontam para um uso da tecnologia que não substitui o humano, mas o potencializa.

Na Simbi, usamos a inteligência artificial para otimizar o direcionamento de investimento social privado de grandes empresas. A Ana Health combina modelos de IA com ciência de dados e escuta clínica para oferecer cuidado integral e personalizado a milhares de pessoas em redes públicas e privadas de saúde.

A consultoria H2B atua como inteligência aliada ao terceiro setor, treinando algoritmos para traduzir objetivos sociais em dados e insights estratégicos, construindo teorias de mudança com custos mais acessíveis e em menor tempo para organizações de pequeno e médio portes.

Dados do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, conduzido, em 2023 por Pipe.Social e Quintessa a partir da leitura de 1.011 empresas nacionais e mais de 11 mil empreendedores mostram que, entre as tecnologias emergentes mais utilizadas pelo empreendedorismo de impacto brasileiro, a IA ocupa a segunda posição do ranking com 22%; a primeira posição é big data com 23%.

Na experiência da Simbi, a tecnologia tem desempenhado papel fundamental na otimização de processos de investimento social privado e incentivado, trazendo governança e eficácia de ponta a ponta.

É por meio de IA que a Simbi possibilita aos seus clientes uma visibilidade mais estruturada e analítica sobre a alocação atual de seus recursos, o que permite orientar ações futuras para uma ampliação do impacto positivo desejado.

Por meio dela, também é possível compreender a aderência de projetos de interesse às estratégias de investimento social de forma automatizada. Seu efeito direto é a redução do tempo gasto com processos manuais mais complexos e extensos, abrindo espaço para equipes serem cada vez mais estratégicas quanto às transformações sociais que desejam catalisar nas regiões de atuação.

A Ana Health se uniu a pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais para criar agentes de inteligência artificial que apoiem profissionais de saúde na personalização do cuidado em escala, dentro do contexto da Atenção Primária à Saúde Digital.

Com um sistema de injeção de contexto integrado a LLM, é possível gerar prompts contextualizados, capazes de elaborar recomendações usadas pelos profissionais de saúde. Por exemplo, eles podem identificar pessoas que precisam de acompanhamento mais próximo, sugerir interações por meio de mensagens de texto, alinhadas a diretrizes de cuidados de acordo com as necessidades individuais do paciente, e monitorar o engajamento com os tratamentos propostos.

A H2B usa um conjunto pequeno de inputs para organizar dados, sugerir caminhos e cruzar campos de conhecimento —tem metodologia proprietária, mas não substitui o olhar crítico e o papel facilitador da consultoria na geração de consensos e no empoderamento dos atores envolvidos.

Longe do determinismo algorítmico, as experiências brasileiras com IA voltada ao impacto social revelam a possibilidade de uma tecnologia que não apenas calcula, mas cuida.

Ela incorpora intencionalidade ética e inteligência social aos sistemas, reconhecendo que os algoritmos, sozinhos, não reduzem desigualdades. É possível orientar a inovação para onde ela realmente importa: a serviço de vidas mais dignas, justas e humanas.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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