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5 de novembro de 2025

Polícia interdita 49 postos de combustíveis ligados ao PCC em três estados

Polícia interdita 49 postos de combustíveis ligados ao PCC em três estados

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A polícia interditou, nesta quarta-feira (5), 49 postos de combustíveis nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. A ação faz parte da Operação Carbono Oculto 86, que investiga a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) no mercado de combustíveis do Piauí.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), o grupo utilizava uma complexa estrutura de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar dinheiro e fraudar o setor.

A operação teria movimentado cerca de R$ 5 bilhões. Só no Piauí, as movimentações a crédito de empresas somam R$ 300 milhões.

A investigação, afirma a secretaria em nota, revelou interconexão direta entre empresários locais e os mesmos fundos e operadores financeiros investigados pela Operação Carbono Oculto, que integrou Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público de São Paulo e PM paulista para desarticular um esquema nacional de lavagem de dinheiro de organizações criminosas avaliado em R$ 52 bilhões.

Entre os investigados estão antigos proprietários de redes de postos de combustíveis e intermediários utilizados como “laranjas” em holdings. São mais de 70 CNPJs relacionados direta ou indiretamente ao esquema.

No Piauí, foram alvos postos e empresas em Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira. No Maranhão, as ações se concentraram em Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras. Já no Tocantins, houve interdição de posto de combustível em São Miguel do Tocantins.

A investigação começou após a venda da Rede de Postos HD, com dezenas de unidades nos três estados, em dezembro de 2023. A Polícia Civil do Piauí identificou que a rede foi vendida à Pima Energia e Participações, que havia sido criada seis dias antes da compra dos postos.

Segundo a secretaria de segurança do Piauí, foram detectadas inconsistências patrimoniais e alterações societárias simultâneas e suspeitas, incluindo a criação de empresas com endereço na avenida Paulista (região central de São Paulo), mas sem lastro econômico compatível.

A investigação encontrou ainda um depósito de mais de R$ 700mil feito por um dos suspeitos para uma empresa controlada por um “laranja” já identificado na Operação Carbono Oculto, confirmando a ligação direta com o esquema do PCC, afirma a secretaria.

Segundo a polícia, o PCC consolidou no Piauí uma célula financeira autônoma, replicando o modelo nacional de infiltração em setores formais da economia sob o disfarce de atividades empresariais legítimas.

A ação dessa quarta aprofunda o rastreamento de fluxos financeiros para desarticular núcleos regionais de apoio às atividades ilícitas do PCC.

Em agosto, uma força-tarefa com 1.400 agentes cumpriu mandados de busca, apreensão e prisão em empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro na Faria Lima, em São Paulo.

O objetivo da Carbono Oculto é desarticular a infiltração do crime organizado em negócios regulares da economia formal.

Em outro desdobramento da Carbono Oculto, a Operação Spare identificou ao menos 267 postos ainda ativos, que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais -o equivalente a 0,1% do total movimentado. Empreendimentos imobiliários, motéis e lojas de franquia também estão sob investigação por suspeita de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que será criada uma delegacia no âmbito da Receita Federal para combate ao crime organizado.

Além da delegacia, a Receita também publicou uma portaria com medidas para o combate a crimes em importações, com regras mais restritivas para a compra de combustíveis.

Entre as novas regras estão o tratamento prioritário para crimes tributários e de aduana, com maior articulação entre a Receita e os órgãos de segurança pública.



Fonte. .Noticias ao Minuto

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