
Crédito, Reuters
Enquanto ainda não se sabe a exata extensão dos danos provocados pelos bombardeios, autoridades internacionais pregam precaução e analistas especulam quais podem ser os próximos passos desse conflito.
A seguir, você confere as respostas para quatro perguntas-chave sobre o episódio, respondidas por correspondentes e editores da BBC.
1. Por que os EUA bombardearam o Irã?
O presidente Donald Trump fez uma escolha após mais de uma semana de ataques de Israel ao Irã, afirma Gary O’Donoghue, correspondente-chefe da BBC na América do Norte.
“Ao que parece, ele acreditava que os iranianos estavam obstruindo as negociações [diplomáticas]”, afirma O’Donoghue.
Trump e o conselho de segurança nacional dos EUA “viram uma oportunidade quando o Irã está em seu momento mais fraco”, avalia ele.
As milícias iranianas na região foram “absolutamente dizimadas” e “degradadas”, e os estoques de mísseis do país “também foram esgotados”.
“Portanto, duas das grandes alavancas que o Irã pode acionar são muito menos eficazes no momento.”

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2. Quais são as possíveis consequências do bombardeio?
A correspondente-chefe internacional da BBC, Lyse Doucet, explica que este é um “grande ponto de virada no impasse de 45 anos” entre os Estados Unidos e o Irã.
O ministro das Relações Exteriores do Irã afirmou que os EUA “cruzaram uma linha vermelha”, lembra Doucet, ao explicar que os ataques recentes “certamente colocaram essa tensão em um novo patamar muito imprevisível e perigoso”.
O que determinará o que vai acontecer a seguir é como o Irã decidir responder, afirma Doucet.
Ela acrescenta que o momento envolve uma “guerra de palavras”, bem como uma possível “guerra em escalada” no terreno.
Doucet entende que o Irã tem “pouquíssimas opções”.
A correspondente lembra que o líder supremo do Irã agiu com “grande cautela” desde que assumiu o poder e que usou o que os iranianos chamam de “paciência estratégica”, ao apostar no longo prazo.
“Mas esse jogo acabou”, considera Doucet.
“Se ele fizer pouco, perderá prestígio. Se fizer demais, perderá tudo.”

3. Quão significativo é esse episódio?
“É um momento muito importante”, avalia John Simpson, editor de Assuntos Internacionais da BBC.
“Para os EUA, ‘sujar as mãos’ e começar a lançar bombas sobre um país como o Irã é algo muito relevante”, acrescenta ela.
O editor acrescenta que os americanos acreditam que o Irã não tem o tipo de força e capacidade que as pessoas frequentemente presumem.
Para ele, é “significativo” que os bombardeiros americanos tenham conseguido cumprir a missão “sem qualquer tipo de resistência” e que os aviões israelenses estejam “voando à vontade” sobre o Irã.
“O Irã não é o tipo de potência capaz de fazer o mesmo”, compara ele.

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4. A situação atual se assemelha ao que os EUA fizeram no Iraque no início dos anos 2000?
“Acho que trata-se de um caso diferente”, responde Simpson.
Para ele, a situação atual “parece ter acontecido muito rápido”.
O editor de Assuntos Internacionais da BBC lembra que se passaram cerca de dez dias desde que o Departamento de Estado dos EUA afirmou que Israel estava fazendo o que queria no Irã — e que isso não tinha nada a ver com os Estados Unidos.
“Isso, é claro, mudou completamente”, diz ele.
“Essa política foi completamente invertida.”
Simpson pontua que “a velocidade” com que os eventos se desenrolaram causará “bastante nervosismo” entre os aliados e amigos de Trump, incluindo Reino Unido, França e Alemanha.
“Eles ficarão nervosos com a possibilidade de uma mudança tão grande acontecer tão rápido”, projeta Simpson.
Em 2003, os EUA lideraram uma campanha militar altamente controversa contra o Iraque, justificada em parte pelo suposto arsenal iraquiano de “armas de destruição em massa”.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL