Ao pensar em Ozzy Osbourne, provavelmente já vem à sua cabeça uma imagem do cantor usando óculos escuros Ray-Ban com lentes arredondadas, acessório que se tornou uma de suas marcas registradas.
Desde os anos 1970, Ozzy adotou os acessórios para a vida, e nunca explicou bem os motivos para isso. As especulações sempre giraram em torno do estilo — assim como John Lennon e outras estrelas do rock que viviam de óculos — e de tentativas de esconder os efeitos do uso de drogas visíveis nos olhos.
Mas o artista, que faleceu no último dia 22, pode ter tido um motivo extra para apostar nas lentes escuras nos últimos anos. A doença de Parkinson, com a qual convivia desde 2020 (quando revelou ao mundo o diagnóstico) pode causar alterações visuais, entre elas a fotofobia, sensibilidade extrema à luz.
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Ozzy tinha um tipo específico de Parkinson, normalmente diagnosticado em indivíduos mais jovens, conhecido como Parkin, ligado a uma mutação genética, no gene PRKN. No caso dele, a progressão foi mais rápida do que o esperado, em parte por suas outras comorbidades, como o histórico com o abuso de substâncias e as múltiplas lesões na coluna cervical.
Nos últimos anos, o artista apresentava dificuldades de locomoção, uma das complicações conhecidas da doença neurodegenerativa. E, embora não hajam registros oficiais de doenças nos olhos, é provável que ele tenha sofrido com elas.
“É grande a chance de ele ter tido olho seco, ceratite, uveíte e outras inflamações oculares que causam dor e fotofobia intensas em pessoas com Parkinson”, comenta o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier.
Além disso, alguns dos medicamentos utilizados no tratamento da doença (além de outros fármacos, como antidepressivos e anti-hipertensivos) podem aumentar o ressecamento local, piorando o quadro de sensibilidade à luz.
O médico aproveita a oportunidade para explicar que a fotofobia é um sinal de alerta de que os olhos podem estar enfrentando algum problema. “Pode se tratar de uma inflamação importante, por isso ela nunca deve ser ignorada”, completa o médico.
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Fonte.:Saúde Abril