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25 de dezembro de 2025

Pratos do Brisa do Baru conquistam até não iniciados – 24/12/2025 – Restaurantes

Pratos do Brisa do Baru conquistam até não iniciados – 24/12/2025 – Restaurantes

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Crítica | SP
Brisa do Baru

Quatro estrelas (Muito bom)
Av. Ipiranga, 200, loja 46, região central; @brisadobaru

Pequenino e discreto, o Brisa do Baru é quase um portal. Em um momento você está na agitação das ruas do centro da cidade. No seguinte, na tranquilidade de um ambiente acolhedor, prestes a dar bocadas tão surpreendentes quanto delicadas. Sem contar o charme de estar instalado no edifício Copan.

As criações servidas pela casa, que passam por receitas da América Latina com toques de outras regiões do mundo, sempre trazem alguma surpresa.

Caso do chora patacón (R$ 38), em que o chicharrón (a pele de frango frita) recebe pedacinhos de atum sobre uma camada de creme azedo com raiz-forte. O peixe é marinado em pimenta gochujang, sweet chili, salsa negra e cebolinha. O resultado é um pouco de tudo: crocância, cremosidade, frescor, umami, dulçor, acidez, picância.

Já o lula adorei (R$ 52) é uma opção mais robusta no menu. A lula é empanada e frita, acompanhada de batatonese. Pensar em uma salada de batata e ovo cozido corriqueira seria um engano. Na receita, a maionese leva leite de tigre e pasta de pimenta amarela, ganhando acidez e um ligeiro dulçor.

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Só por estes pratos, fica claro que ir até lá para provar as criações do chef Dagoberto Torres, também à frente do Baru Marisqueria, instalado em uma galeria nos Jardins, é uma experiência ótima para iniciados ou para quem gosta de se aventurar. Mas talvez não fosse uma boa indicação para paladares mais conservadores. Para tirar a dúvida, convidei meu pai em uma segunda visita ao endereço.

Além de ser adepto do bom e velho arroz com feijão, meu pai tem saído cada vez menos. E isso me deixou curiosa para saber também se ele se sentiria à vontade em um lugar que foge do conceito tradicional de restaurante.

Na casa, as únicas mesas são as da espera. Na hora de fazer a refeição, os clientes são acomodados em banquinhos em dois balcões. O maior, com 11 lugares, contorna o pequeno espaço de cozinha. O menor, com três, dá para a janela de onde se pode ver os corredores térreos do Copan. Foi onde nos sentamos. Gentil, o atendimento neutralizou qualquer estranhamento. E logo vi meu pai à vontade. Restava colocar os sabores à prova.

Assim que chegou a tostada de polvo (R$ 49) meu pai perguntou: “Já começou o almoço?”. Ele havia estranhado a chegada de uma unidade para nós dois.

Ao menor toque dos talheres, a guacamole, o polvo braseado e o peixe branco poderiam desmoronar. Então pedi para ele dar a primeira mordida. Ele deu. Levou um pequeno susto ao sentir a base de milho se quebrando. E mastigou devagar, com os olhos arregalados e brilhantes de quem se depara com algo muito gostoso pela primeira vez. Fazia tempo que eu não via meu pai tão encantando com alguma coisa.

O encantamento se repetiu até no prato que considerei o menos surpreendente: mexilhões (R$ 33) recheados com arroz jasmim e guanciale (corte temperado e curado, que reúne a papada suína e a bochecha de porco). Chegam três unidades, o que novamente pode causar incômodo se a intenção for uma refeição para dividir.

O ya que brisa (R$ 59) vem com macarrão tostado, chipotle e camarão. A dica é misturar tudo. Fica cremoso, envolto num molho picante, defumado e terroso. Para mim foi o auge da refeição. Para ele, forte demais.

Para finalizar, a sobremesa chamada de merengon (R$ 32). Como se fosse uma torta de limão, mas desconstruída, sem a massa. Com pêssego flambado na cachaça, curd aveludado, merengue e grandes suspiros por cima.

Apesar das ressalvas quanto à praticidade, ir com meu pai me levou a simpatizar um pouco mais com o modelo de compartilhar pratos durante uma refeição. Só assim conseguimos provar várias receitas. No final, pedi para ele dizer o que tinha achado. “Alegre. Pode dizer que comer aqui é alegre.”





Fonte.:Folha de São Paulo

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