Em uma premiação sem surpresas, a Academia Brasileira de Cinema fez de “Ainda Estou Aqui” o maior vencedor do prêmio Grande Otelo, antigo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, uma das principais premiações do cinema nacional. O filme ganhou os prêmios de melhor longa de ficção, direção, roteiro adaptado, atriz, ator, fotografia e todos os prêmios técnicos.
A cerimônia aconteceu na noite desta quarta-feira (30) na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, e distribuiu 30 estatuetas. “Ainda Estou Aqui” levou 13 dos 16 prêmios a que concorria.
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” acompanha a história de Eunice Paiva, papel de Fernanda Torres mulher que lutou pelo reconhecimento da morte de seu marido, Rubens Paiva, durante o período da ditadura militar.
No começo deste ano, o longa ganhou o Oscar de melhor filme internacional. Também foi indicado às estatuetas de melhor filme e melhor atriz, com Torres.
Outro destaque da premiação foi “Malu”, de Pedro Freire, com premiações de melhor roteiro original, melhor primeira direção e melhor atriz coadjuvante.
O prêmio, apresentado por Isabel Fillardis e Bárbara Paz, também fez um passeio pela trajetória do cinema brasileiro ao redor do mundo. No começo da premiação, as apresentadoras citaram nomes importantes para o cinema nacional, como Raul Roulien, um dos primeiros brasileiros a atuar em Hollywood.
Além dele, Carmen Miranda foi homenageada em uma apresentação, que trouxe uma releitura de “O Que é que a Baiana Tem” na voz da cantora Duda Brack.
Além disso, filmes brasileiros que concorreram ao Oscar foram celebrados, com a exibição de algumas cenas.
A noite teve ainda uma homenagem à produtora LC Barreto, de Luiz Carlos e Luci Barreto, responsável por 150 títulos do cinema brasileiro. Aos 92 anos, Luci recebeu o troféu, citou os 60 anos da produtora e falou da luta do marido para se recuperar de uma queda. Ela mencionou também as participações em festivais internacionais
O primeiro prêmio da noite foi o de melhor trilha sonora para Warren Ellis, de “Ainda Estou Aqui”.
Walter Salles subiu ao palco para representar o britânico, que não pôde comparecer à cerimônia. “Warren achou a indicação incrível. Ele considera o Brasil a meca da música. Ser indicado para ele entre tantas pessoas talentosas foi um presente.”
Fernanda Torres e Selton Mello, intérpretes de Eunice e Rubens Paiva, venceram como melhor atriz e ator pelo filme e exaltaram a figura do ex-deputado, morto pela ditadura militar brasileira, e da viúva dele, a advogada que lutou pelo reconhecimento do assassinato político.
Torres, a vencedora do Globo de Ouro, lembrou que o filme começou no Rio de Janeiro e rodou o mundo. “Já estou há dois anos com a Eunice Paiva. Ela virou uma segunda natureza minha”, disse.
A atriz citou Selton Mello e lembrou que ele deu pele a Rubens Paiva, que estava virando uma “fotografia apagada”.
Ao vencer o prêmio de melhor direção, Salles disse que “AInda Estou Aqui” é um filme sobre um pais que foi roubado do futuro e isso precisa ser sempre lembrado. “Que mais filmes sobre esse período venham”.
No momento de premiação de séries, Gabriel Leone, emocionado, dedicou o prêmio de melhor ator de série de ficção em “Senna” a Breno Silveira, diretor morto aos 58 anos, em 2022, enquanto dirigia “Vitória”, com Fernanda Montenegro.
“O Breno foi um fotógrafo e diretor de cinema genial. Era uma pessoa apaixonada, um grande parceiro artístico e amigo”, disse.
Isaac Amendoim, 12, intérprete de “Chico Bento”, chorou ao agradecer o prêmio dado ao filme como melhor longa infantil. “Eu tô muito feliz, gente. E um beijo, mãe”.
Juliana Carneiro da Cunha, 76, vencedora do prêmio de melhor atriz coadjuvante por “Malu”, foi aplaudida pelo público todo em pé e, no discurso, fez uma homenagem à esposa, Ariane Mnouchkine, 86, diretora de teatro e cinema francesa. A fundadora do Théâtre du Soleil estava na plateia da premiação.
Veja abaixo a lista de indicados e vencedores do prêmio Grande Otelo deste ano.
Melhor longa de ficção
“Ainda Estou Aqui”
“Baby”
“Kasa Branca”
“Malu”
“Motel Destino”
Melhor longa de documentário
“3 Obás de Xangô”
“Assexybilidade”
“Fernanda Young – Foge-me ao Controle”
“Luiz Melodia – No Coração do Brasil”
“Milton Bituca Nascimento”
“Othelo, O Grande”
Melhor longa de Animação
“Abá e Sua Banda”
“Arca de Noé”
“O Sonho de Clarice”
“Placa Mãe”
“Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca”
Melhor longa Infantil
“Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”
“Princesa Adormecida”
“Tudo por Um Pop Star 2”
Melhor longa ibero-americano
“El Jockey”
“Estimados Señores”
“Grand Tour”
“La Infiltrada”
“Sujo”
Melhor direção
Andrucha Waddington , “Vitória”
Erico Rassi, “Oeste Outra Vez”
Karim Aïnouz , “Motel Destino”
Marcelo Caetano, “Baby”
Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”
Melhor primeira direção de longa
Alessandra Dorgan, “Luiz Melodia – No Coração do Brasil”
Dira Paes , “Pasárgada”
João Cândido Zacharias, “A Herança”
Lucas H. Rossi dos Santos, “Othelo, O Grande”
Pedro Freire, “Malu”
Melhor atriz de longa
Andrea Beltrão, “Avenida Beira-Mar”
Dira Paes, “Pasárgada”
Fernanda Torres , “Ainda Estou Aqui”
Grace Passô, “O Dia Que Te Conheci”
Yara De Novaes, “Malu”
Melhor Ator de Longa-Metragem
Ângelo Antônio, “Oeste Outra Vez”
Caio Blat, “Grande Sertão”
Fabio Assunção, “Motel Destino”
João Pedro Mariano, “Baby”
Matheus Nachtergaele , “O Auto da Compadecida 2”
Selton Mello, “Ainda Estou Aqui”
Melhor atriz coadjuvante de longa
Bárbara Luz , “Ainda Estou Aqui”
Carol Duarte, “Malu”
Juliana Carneiro da Cunha, “Malu”
Linn da Quebrada , “Vitória”
Valentina Herszage, “Ainda Estou Aqui”
Melhor ator coadjuvante de longa
Antonio Pitanga, “Oeste Outra Vez”
Átila Bee , “Malu”
Babu Santana, ” Oeste Outra Vez”
Humberto Carrão, “Ainda Estou Aqui”
Ricardo Teodoro, “Baby”
Melhor direção de fotografia
“Ainda Estou Aqui”
“Oeste Outra Vez”
“Grande Sertão”
“O Auto da Compadecida 2”
“Motel Destino”
“Baby”
“Malu”
Melhor roteiro original
André Novais Oliveira, “O Dia Que Te Conheci”
Erico Rassi, “Oeste Outra Vez”
Luciano Vidigal, “Kasa Branca”
Marcelo Caetano e Gabriel Domingues, “Baby”
Pedro Freire, “Malu”
Melhor roteiro adaptado
Bia Lessa, “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”
Guel Arraes e Jorge Furtado, “Grande Sertão”
Marcelo Gomes, Maria Camargo e Gustavo Campos, “Retrato de Um Certo Oriente”
Murilo Hauser e Heitor Lorega, “Ainda Estou Aqui”
Sérgio Machado, “Arca de Noé”
Melhor direção de arte
“As Polacas”, Camila Moussallem
“Ainda Estou Aqui”, Carlos Conti
“Oeste Outra Vez”, Carol Tanajura
“Malu”, Elsa Romero
“Motel Destino”, Marcos Pedroso
Melhor figurino
“A Batalha da Rua Maria Antônia”, Aline Canella
“Grande Sertão”, Cao Albuquerque e Diana Leste
“Ainda Estou Aqui”, Claudia Kopke
“O Auto da Compadecida 2”, Emilia Duncan
“Baby”, Gabriela Campos
“Motel Destino”, Kika Lopes e Ananda Frazão
Melhor maquiagem
“Oeste Outra Vez”, Ana Pieroni
“Malu”, Marcos Freire
“Ainda Estou Aqui”, Marisa Amenta e Luigi Rochetti
“Grande Sertão”, Rosemary Paiva
“O Auto da Compadecida 2”, Rosemary Paiva
Melhor montagem
“Ainda Estou Aqui”, Affonso Gonçalves
“3 Obás de Xangô”, André Finotti
“Cidade; Campo”, Cristina Amaral
“Baby”, Fabian Remy
“O Auto da Compadecida 2”, Fabio Jordão
“Malu”, Marilia Moraes
Melhor efeito visual
“Retrato de Um Certo Oriente”, Ailton Piuí e João Paulo Geraldo
“Ainda Estou Aqui”, Claudio Peralta
“O Auto da Compadecida 2”, Claudio Peralta
“Vitória”, Claudio Peralta
“Grande Sertão”, Eduardo Schaal, Guilherme Ramalho e Hugo Gurgel
“Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”, Guilherme Ramalho, Hugo Gurgel e François Puren
Melhor curta de ficção
“E Seu Corpo é Belo”
“Helena de Guaratiba”
“O Lado de Fora Fica Aqui Dentro”
“Quando Aqui”
“Zagêro”
Melhor curta documentário
“A Noite das Garrafadas”
“Eu Fui Assistente do Eduardo Coutinho”
“Mar de Dentro”
“Vento Dourado”
“Você”
“Vollúpya”
Melhor curta de animação
“A Menina e o Pote”
“Eu e o Boi, o Boi e Eu”
“Eu Sou um Pastor Alemão”
“Hoje Eu Só Volto Amanhã”
“Kabuki”
“Menino Monstro”
“Posso Contar nos Dedos”
“Receita de Vó”
Voto popular
“Milton Bituca Nascimento”
“3 Obás de Xangô”
“Ainda Estou Aqui”
“Assexybilidade”
“Baby”
“Câncer com Ascendente em Virgem”
“Estômago 2 – O Poderoso Chef”
Melhor trilha sonora
“Motel Destino”, Amine Bouhafa
“O Clube das Mulheres de Negócios”, André Abujamra e Mateu Alves
“A Batalha da Rua Maria Antônia”, Antonio Pinto,
“Vitória”, Antonio Pinto
“Grande Sertão”, Beto Villares,
“Oeste Outra Vez”, Guilherme Garbato,
“Ainda Estou Aqui”, Warren Ellis,
Melhor som
” Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”, Abrão Antunes, Miriam Biderman, Ricardo Reis e Toco Cerqueira
“Arca de Noé” , Caio Gox, André Tadeu e Carlos Paes
“Meu Sangue Ferve Por Você”, Jorge Rezende, Jorge Vaz, Miriam Biderman, Ricardo Reis e Toco Cerqueira
“‘Vitória”, Jorge Saldanha, Alessandro Laroca e Eduardo Virmond Lima
“Ainda Estou Aqui”, Laura Zimmerman e Stéphane Thiébaut
“Malu” , Marcel Costa e Daniel Turini
“Motel Destino” Moabe Filho, Pedro Moreira, Waldir Xavier e Adrian Baumeister
Melhor série brasileira de ficão de produção independente para TV aberta, TV paga ou streaming
“Cidade de Deus: A Luta Não Para” – 1ª Temporada
“Impuros” – 5ª Temporada
“Os Outros” – 2ª Temporada
“Os Quatro da Candelária” – 1ª Temporada
“Senna”
Melhor série brasileira de documentário de produção independente para TV aberta, TV paga ou streaming “Bateau Mouche – O Naufrágio da Justiça”
“Falas Negras” – 4ª Temporada
“Maníaco do Parque – A história não contada”
“Romário” – O Cara – 1ª Temporada
“Viva o Cinema! Uma História da Mostra de São Paulo”
Melhor longa de documentário
“3 Obás de Xangô”
“Assexybilidade”
“Luiz Melodia – No Coração do Brasil”
“Fernanda Young – Foge-me ao Controle”
“Milton Bituca Nascimento”
“Othelo, o Grande”
Melhor série brasileira de animação de produção independente para TV aberta, TV paga ou streaming
“Astronauta” – 1ª Temporada
“Cosmo, o Cosmonauta” – 1ª Temporada
“Gildo” – 1ª Temporada
“Irmão do Jorel” – 5ª Temporada
“Lino – Meu Pai é Fera” – 1ª Temporada
“O Show da Luna!” – 8ª Temporada
“Vovó Tatá” – 1ª Temporada
Melhor atriz de série de ficção para TV aberta, TV paga ou streaming
Adriana Esteves, “Os Outros”
Alice Wegmann, “Rensga Hits”
Andréia Horta, “Cidade de Deus: A Luta Não Para”
Letícia Colin, “Os Outros”
Roberta Rodrigues, “Cidade de Deus: A Luta Não Para”
Melhor ator de série de ficção para TV aberta, TV paga ou streaming
Andrei Marques, “Os Quatro da Candelária”
Eduardo Sterblitch, “Os Outros”
Gabriel Leone, “Dom”
Gabriel Leone, “Senna”
Matheus Nachtergaele, “Chabadabadá”
Fonte.:Folha de S.Paulo